Que a pandemia impactou diretamente a saúde mental, toda a população sentiu. Mas como ficou a saúde mental dos jovens em meio a um período tão complicado? Uma pesquisa com duas mil pessoas, divulgada nesta quarta-feira (1º de setembro) pelo laboratório Pfizer, mostrou que 39% dos entrevistados na faixa de idade entre 18 e 24 anos disseram que a saúde mental ficou ruim no período e 11% responderam que ficou muito ruim. Na amostra total, 5% disseram que a saúde mental está muito ruim e 25% ruim, totalizando 30%. A pesquisa ouviu moradores da cidade de São Paulo (SP) e de municípios nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Salvador.
O levantamento identificou ainda que muitas pessoas têm sintomas que podem ser indicativo de problemas: 38% das pessoas ouvidas disseram ter irritação e insônia, percentual que sobe para 53% (irritação) e 45% (insônia) entre os jovens de 18 a 24 anos. A tristeza foi relatada por 48% da população geral e por 58% dos jovens.
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Entre os fatores que impactaram a saúde mental dos jovens durante a pandemia, 23% mencionaram as dívidas e a situação financeira, 18% o medo de pegar covid-19 e 12% a morte de alguém próximo. Desde o início da pandemia, foram efetivamente diagnosticados com ansiedade 16% das pessoas entrevistadas, percentual que sobre para 20% entre as mulheres e 19% entre os jovens. Com depressão, 8% receberam esse diagnóstico, sendo que entre as mulheres o número fica em 10%.
As mulheres também relataram mais questões com a saúde mental, com 38% classificando esse aspecto da vida como ruim ou muito ruim. Entre as entrevistadas, 47% disseram ter irritação, 45% insônia e 53% tristeza. As crises de choro afetaram 34% das mulheres e 7% dos homens. Entre os jovens, 38% disseram ter esse tipo de episódio.
Segundo o psiquiatra e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Michel Haddad, a pandemia expôs um aumento dos casos de transtorno mental que já era percebido em anos anteriores. “A pandemia escancarou esse problema, mas isso já vinha acontecendo de longa data, especialmente nas últimas duas décadas”, destacou. O médico explicou que os transtornos mentais, sendo a depressão um dos mais comuns, estão ligados a uma série de fatores, desde a pré-disposição genética até questões do meio onde a pessoa vive.
Por isso, Haddad enfatizou a importância de uma atenção especial a grupos mais vulneráveis. “Os ambientes competitivos, a desigualdade social, as minorias étnicas, as populações que têm estado de vulnerabilidade social ou os grupos mais vulneráveis (idosos e adolescentes). Todos esses são, infelizmente, a população mais afetada”, afirmou. A saúde mental dos jovens também se tornou um desafio.
Para Haddad, mesmo após o fim da pandemia, os efeitos desse momento na saúde mental da população devem permanecer por algum tempo. “Mesmo depois de um controle dessa questão sanitária, dos índices de infecção, nós ainda vamos viver os impactos dessa pandemia nos transtornos mentais”, ressaltou.
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