Setembro Amarelo: as orientações para quem tem depressão

A campanha “Setembro Amarelo” se tornou conhecida no país diante da sua relevância. O objetivo é conscientizar para a prevenção dos casos de suicídio e a promoção da saúde mental. Em um momento como este, de pandemia, nunca este tema se tornou tão importante. A mobilização, que teve início em 2015, ganha ainda mais visibilidade em função do atual momento. O alerta vale para a população em geral, mas deve ser redobrado em algumas situações, enfatizando as orientações para quem tem depressão, por exemplo.

O PhD, neurocientista, psicanalista, membro da Mensa e especialista em estudos da mente humana, Fabiano de Abreu, afirma que o número de casos de depressão se acentuou com esta crise psicológica da pandemia. Em momento de reclusão e isolamento social, por conta do cenário mundial, é necessário observar diferentes questões e focar na prevenção, inclusive quem tem depressão.

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Segundo Fabiano de Abreu, essas são as orientações importantes para quem tem depressão, lembrando o alerta do Setembro Amarelo:

  • Mantenha o seu tratamento psicoterápico via on-line, a grande maioria dos profissionais estão a trabalhar nessa modalidade.

  • Se faz uso de medicação, siga corretamente a prescrição médica. Não aumente a dosagem, nem faça desmame por conta própria.

  • Se a sua medicação está a findar, entre em contato com o seu Psiquiatra, todos estão a trabalhar sob novos protocolos.

  • Mantenha-se informado somente por vias sérias e éticas de notícias. Evite “Fake News”.

  • Trabalhe a sua respiração através da meditação. A respiração consciente e ritmada, mantém a homeostase do corpo.

  • Durma bem, o sono fisiológico possibilita uma “psicoprofilaxia”, filtragem e limpeza de metabólitos cerebrais.

  • Mantenha uma alimentação equilibrada. Alimentos funcionais, menos processados e coloridos. “Descasque mais e desembrulhe menos”.

  • Beba água, mantenha-se hidratado para o melhor funcionamento de todo o sistema de filtragem e eliminação, mantendo o organismo em bom funcionamento.

  • Use a criatividade e o espaço possível para uma atividade física que goste.

  • Evite excesso de álcool, evite drogas. Mantenha-se lúcido.

  • Mantenha a rotina, isso faz com que você continue orientado no tempo.

  • Desenvolva um plano, e faça um planejamento para realizar uma “comemoração” quando tudo isso passar.

  • Traga para sua mente bons pensamentos e boas emoções. O que nós pensamos nós sentimos.

  • Pense coisas boas!

  • Sinta-se pertencendo a um grupo, o sentimento de pertença traz-nos importância.

  • Faça chamadas de vídeo ou mesmo videoconferência para reunir os amigos.

  • Não falta tempo, por isso organize a casa, os armários, leia os livros que guardou na estante, assista aos filmes e as séries que queria e não tinha “tempo”.

  • Descubra um talento oculto, e trabalhe-o como uma TO – Terapia Ocupacional: escrever, desenhar, pintar, esculpir, cozinhar, bordar…

Fabiano de Abreu desta que, para casos mais graves em que tenha ocorrido uma tentativa ou pensamentos de suicídio, é necessário trabalhar na “redução de danos”, seguindo orientações básicas:

  • Seja presente de forma integral na vida do sujeito portador do transtorno – depressão.

  • Aproxime-se de pessoas que estão em sofrimento emocional/psicológico.

  • Ofereça conversa com escuta de qualidade.

  • Conduza a conversa até perceber que a pessoa está segura e confiando em si.

  • Pergunte abertamente se ela já pensou na própria morte.

  • Com o terreno preparado, pergunte se ela já pensou em tirar a própria vida.

  • Pergunte que método ela escolheria e por que seria assim?

  • Deixe-a falar, chorar, contar todo o seu plano.

  • Após tomar conhecimento da idealização e do planeamento, mostra-se solidário.

  • Compreenda “sem julgar”, a partir daí ofereça um “pacto ou um contrato de preservação” à vida.

  • O desafio e a confissão trazem alívio. Deixando a pessoa com o recurso de procurar ajuda naquele confidente ou num grupo de ajuda.

  • Quando nos esvaziamos desse sentimento de angústia e desesperança, começamos a valorizar a vida.

  • Ter alguém que guarda o nosso segredo conecta-nos a um outro ser. Esse sentimento de confiança forma um elo e traz motivação para superar o momento.

  • Ter ciência do plano e do planeamento para a execução, podendo tirar da pessoa a ferramenta que ela utilizaria.

  • Recolha a medicação, retire o que puder ser feito de corda, lâminas cortantes, e não deixe a pessoa sozinha.

  • A presença traz a companhia e inibe a tentativa de atentar contra a própria vida.

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