O ano passado foi marcado pelas restrições impostas pela pandemia da Covid-19 e todas as inseguranças e angústias que elas trouxeram. E, em 2021, mesmo com a chegada da tão esperada vacina, ainda é Tempo de Cuidar e priorizar as questões que envolvem a saúde física, emocional e mental das pessoas. Por isso, a Unimed Curitiba realizou, no dia 19 de fevereiro, uma live dentro da série Diálogo Saudável com o médico cooperado especialista em psiquiatria, Gustavo Sehnem, e com a psicóloga Jenima Prestes Vilches, colaboradora da Unimed Curitiba. Conduzida pela jornalista Mira Graçano, a conversa teve palavras de conforto e orientações que servem para toda a vida e não apenas durante este momento de turbulência que passamos.
Entre questionamentos sobre medo paralisante, atitudes positivas, o que esperar da pandemia para este ano e quando voltaremos à rotina que tínhamos antes, os especialistas são unanimes em dizer que é preciso parar e tentar entender o que se está sentindo, o que está acontecendo dentro de si, para poder perceber se precisa buscar ajuda profissional ou ter hábitos e comportamentos mais saudáveis para ajudar a equilibrar as emoções. E a abertura das pessoas para isso atualmente, destaca a psicóloga, é uma baita vantagem, mas não há uma formula única pra cuidar de si. “As pessoas estão mais à vontade para falar sobre saúde mental, parece que hoje tem uma “autorização” de falar sobre e que, talvez há um ano atrás, ainda não existia. E isso é importante porque é preciso se conhecer e entender o que sente, é o grande passo. Sem entender não conseguimos trilhar caminhos para minimizar sofrimentos”, indica.
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Ajuda é uma clareza que traz alívio
Sabe-se que a vida não é feita só de um lado, alegrias e os infortúnios acontecem ao mesmo tempo. Tendo isso em vista, os especialistas afirmam que o caminho de buscar ajuda é um passo de autocuidado, como se fosse um organizador. Abrir-se para encontrar suas próprias necessidades traz a possibilidade de conseguir encontrar soluções que podem estar ao alcance das mãos até a necessidade de procurar ajuda profissional. Saber o que sente com clareza pode trazer alívio. “A partir desse movimento, a pessoa pode identificar suas necessidades. Na psiquiatria e na psicologia as avaliações são subjetivas, não existe um exame de sangue que determina se a pessoa está bem ou não. É uma avaliação de como a pessoa era antes, do seu humor, de como está agora e como reage às situações, de como olha para trás, para o agora e para frente. Pode ser que haja necessidade de medicação, porque o remédio vem para auxiliar em muitos sintomas físicos que podem desencadear pânico ou ansiedade, por exemplo”, comenta o psiquiatra.
É natural, pela pandemia, que todas as pessoas estejam com mais preocupações. Notícias mais pesadas, como as mortes e a intensificação dos quadros na sua região, por exemplo, desencadeiam o medo e isso, segundo Sehnem, “é um mecanismo de defesa natural e inteligente do nosso sistema: ficar mais atento, ansioso ou preocupado. A partir do momento em que estou com medo, me protejo e me cuido mais. Porém, esse medo não pode paralisar. Existe um limite do que é saudável e o que não é. E precisamos perceber quando ultrapassamos o nosso limite”.
Por exemplo, uma pessoa que teve a Covid-19, pode ficar com medo de voltar a sair de casa. “Precisa avaliar se os medos são incompatíveis com a sua realidade. Ficar em estado de alerta é muito cansativo e, no caso dessa nova doença, por exemplo, são muitos dias de isolamento passando assim”, lembra Jenima. A principal dica dos especialistas é, por mais difícil que seja, manter a flexibilidade frente às restrições e seguir enfrentando. “Nem tudo precisa ser medicado. Se for o receio de sair de casa, por exemplo, siga as medidas preventivas com rigor e vá se expondo gradualmente. Isso pode te ajudar a lidar melhor com os receios”, afirma o psiquiatra.
Tomar atitudes e aceitar sua impotência
“O bem-estar emocional, assim como tudo na vida, vem de ter atitude para mudar comportamentos e hábitos que nos ajudem a ter uma rotina mais saudável. Tudo demanda que primeiro a gente olhe e compreenda, e depois aja. Então, manter uma rotina, por exemplo, ajuda a organizar o sono, a alimentação, a qualidade de vida. Adotar pequenas atitudes que funcionam para você pode fazer uma grande diferença na saúde mental”, recomenda Jenima.
Ela ensinou um passo a passo de como organizar a mente e a sensação de falta de controle:
– Identifique quais as preocupações que povoam a sua mente ao longo do dia;
– Selecione quais dessas preocupações você não pode ter respostas, ou estão fora do seu alcance de resolução;
– Perceba ainda quais delas você pode resolver naquele dia, ou logo;
– Vale até listar no papel para ver o que está ao seu alcance e o que só vai gerar ansiedade e não está no seu controle;
– Evite ficar o dia todo com o pensamento povoado, se ocupando e desgastando com diversas preocupações, pois isso causa um nível de ansiedade muito alto.
“Não vire um acumulador de pensamentos, chega em um ponto que não se sabe mais o que é problema e o que é fantasia, nem tudo merece esse espaço. A falta de controle sempre existiu, não foi a pandemia que trouxe ela para nossa vida. É importante planejar e cuidar das coisas, planilhar, mas é importante também entender que os planos não saem como idealizamos. A vida como ela é, a vida que nós temos, é diferente daquela que fantasiamos. É incontável o número de pessoas que venho trabalhando exatamente isso, o conforto de saber da sua impotência. Nem sempre temos as respostas, ou podemos salvar o outro de uma situação que ele mesmo se colocou, por exemplo”, instrui a psicóloga.
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Por essência, o ser humano é insatisfeito
Gustavo Sehnem alertou que a ansiedade e a sensação de vazio podem fazer com que as pessoas busquem preencher de alguma forma uma insatisfação e, com isso, o consumo compulsivo de alimentos ou o abuso do álcool, a médio e longo prazo, podem resultar em depressão. Os especialistas reforçaram na live que a palavra-chave é equilíbrio e não deixar de lado a organização, ou reorganização, sempre que possível, e incansavelmente, de sentimentos, de pensamentos e de ações.
“A conquista do bem-estar é um trabalho diário. Não existe esperar que o outro te dê algo, o bem-estar é responsabilidade própria. As pausas são muito importantes, assim como o movimento, mas nelas a gente consegue reorganizar. Se não desacelerar pegamos qualquer caminho, e não é qualquer um que serve. É um exercício complexo, mas necessário”, finaliza a psicóloga.
Muitos outros aspectos foram abordados durante o Diálogo Saudável, como o uso das telas e quando saber desconectar, a volta às aulas e o receio da falta de segurança, a dificuldade dos adolescentes em lidar com o isolamento social, e outras dicas para o dia a dia. Confira:
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