Humanização nos hospitais durante a pandemia de Covid-19

Entre tantos efeitos da atual crise sanitária, em especial na área da Saúde, um está ligado diretamente à humanização nos hospitais durante a pandemia de Covid-19. Parte dos cuidados que já existiam precisou ser revistos, diante da necessidade de distanciamento social. Além disto, surgiram outras necessidades, como o longo período de internamento dos pacientes e o isolamento das pessoas infectadas pelo coronavírus, sem falar do próprio desgaste dos profissionais da saúde.

Uma das primeiras ações de humanização nos hospitais durante a pandemia de Covid-19 foi a realização das videochamadas. A tecnologia se tornou uma aliada para aproximar os pacientes com seus familiares e, assim, auxiliar o próprio tratamento.

Leia mais sobre aqui – Covid-19: videochamadas têm impacto positivo na recuperação de pacientes

Leia também – Pacientes da UTI de hospitais de Curitiba recebem vídeos de familiares durante restrição de visitas devido ao Covid-19

Outra iniciativa foi a do Hospital de Clínicas, vinculado à Universidade Federal do Paraná, que criou uma forma de inspirar os profissionais de saúde que estão na linha de frente daqueles que, neste momento, dependem de todo o cuidado que eles podem dar. Algumas informações da história de vida do paciente, obtidas por meio da abordagem às famílias, formam uma mini biografia, que está no local de internamento. Isso gera maior proximidade, vinculação e empatia da equipe.

Saiba mais sobre esse projeto aqui – Humanização: histórias de vida dos pacientes com Covid-19

No Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), os prontuários dos pacientes que estão na UTI estão sendo humanizados, a partir de informações sobre gosto musical, atividades de lazer, apelido e até mesmo fotos. A ideia é ir além do prontuário convencional, que foca em questões técnicas da saúde do paciente, como alergias e medicamentos, horários das refeições e troca dos lençóis.

O prontuário afetivo, como é chamado, já é usado em outras UTIs e enfermarias no Brasil e o objetivo é acolher os pacientes e familiares por meio de um atendimento mais humanizado. No Hospital Universitário Cajuru, que atende pacientes 100% pelo SUS em Curitiba (PR), o prontuário foi implementado tendo em vista esse momento de pandemia, em que as visitas de familiares são mais restritas. 

“Esse modelo é bem simples, mas tem um impacto muito grande para o paciente, principalmente àquele que está sedado ou saindo de uma sedação. Chamar o paciente pelo apelido ou colocar uma música que ele gosta, estimula áreas do cérebro e resgata memórias positivas, além de ser um acolhimento para os próprios familiares que ficam como acompanhantes quando possível”, conta o psicólogo e integrante da pastoral do Hospital Universitário Cajuru, Sidnei Evangelista. 

O paciente Felipe da Silva Maia, de 27 anos, sofreu um acidente de moto e ficou sedado por 10 dias. A mãe, Regina Isabel da Silva, conta que o prontuário afetivo e a equipe foram muito importantes nesse momento. “A gente preencheu o prontuário com as músicas que ele mais gostava. Sertanejo e eletrônica. E esse simples gesto me deixou muito mais segura, sabendo que o meu filho estaria em boas mãos. Como eu não podia estar com ele na UTI, a equipe fazia videochamada com um tablet para que eu pudesse ver como estava meu filho. Isso foi extremamente importante para mim e tenho certeza que para meu filho também. Hoje ele já está acordado e se recupera bem”, comenta. 

A psicóloga do hospital, Maria Eduarda Pianaro Chemin, conta que o prontuário beneficia tanto os pacientes quantos os familiares e profissionais da saúde. “O prontuário afetivo surge com esse objetivo de poder apresentar para a equipe quem é esse paciente que está aqui conosco e como é a vida dele fora do hospital. Essa é uma estratégia de humanização que no nosso hospital está em uma fase de projeto piloto, mas já temos conseguido resultados bem positivos. Para a equipe, que percebe a influência no tratamento do paciente, podendo conversar e abordar temas que ele gosta; para a família, que se sente mais confortável sabendo o atendimento humanizado que seu ente querido está recebendo; e também para o paciente, que se sente mais acolhido e apresenta uma melhor recuperação”, diz. 

A iniciativa do “O que importa para você?” busca incentivar o diálogo entre profissionais da saúde e pacientes (Foto: Divulgação)

O que importa para você?

Outra iniciativa que tem acolhido os pacientes no ambiente hospitalar é o dia do “O que importa para você?”, uma campanha mundial celebrada em junho que busca incentivar o diálogo entre profissionais da saúde e pacientes, criando mais empatia e aprimorando o cuidado centrado na pessoa.

O gaúcho Fábio José de Oliveira passou em torno de 50 dias internado no Hospital Marcelino Champagnat, também de Curitiba (PR), devido a complicações da Covid-19. Ficou 19 dias intubado e, embora tenha dado entrada lúcido, disse que demorou cinco dias para se situar a respeito da cidade em que estava. Com um filho de 5 anos, que é a sua paixão, ele conta que deixou de trabalhar no início da pandemia para cuidar do garoto e que o melhor momento da internação para ele foi quando liberaram a entrada do menino. “Foram apenas alguns minutinhos. Só que ver é diferente de abraçar e, quando eu receber alta médica, a primeira coisa que eu quero fazer é abraçar meu filho e minha esposa. A família é a coisa mais importante. Filho, esposa, mãe e pai são nosso alicerce, é o que dá esperança de sair o quanto antes”, conta.

Mas nem sempre visitas assim são possíveis, mesmo que o paciente não esteja no hospital internado pelo coronavírus. Por isso, algumas atitudes simples e diárias dão conforto a cada pessoa internada. A nutricionista do Grupo Marista, Patrícia Conter Lara Prehs, é responsável pelo setor de Nutrição e Dietética dos hospitais Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru. Ela conta que a equipe conversa sempre com os pacientes para conhecer seus gostos alimentares e fazer adaptações, respeitando a dieta alimentar de cada um. “Algumas coisas simples acabamos adequando no dia a dia, quando o paciente quer um arroz com ovo ou que viu um familiar comendo um pudim em uma chamada de vídeo e ficou com vontade. Mas também já chegamos a servir refrigerante para um paciente que havia ficado longo tempo intubado, após a evolução da dieta, assim como batata frita, pizza e hambúrguer. Claro, que com a liberação médica”, exemplifica.

* Com informações da assessoria de imprensa

Leia também – Sequelas da Covid-19: pacientes recebem tratamento especializado pelo SUS em hospital de Curitiba

<

p class=”ql-align-justify”>Leia também – Sequelas da Covid-19: a vida não voltou ao normal após a alta hospitalar