Depois de dois anos de crise sanitária e diminuição de medidas restritivas e de prevenção, como a flexibilização do uso da máscaras, a próxima questão é: a Covid-19 pode se tornar uma endemia? No início do mês de março, o presidente Jair Bolsonaro revelou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, estuda alterar o status da Covid-19 no Brasil de pandemia para endemia.
Segundo o médico Alexandre Piva, professor do curso de Medicina da Universidade Cidade de S. Paulo – Unicid, o conceito de endemia é quando uma doença ocorre de forma recorrente dentro de um número esperado de casos, e em uma determinada região onde a população convive com ela.
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Um exemplo de doença endêmica é a gripe comum, vírus transmissível capaz de atingir a população rapidamente, sem causar grandes danos no infectado e que tem um aumento expressivo no número de casos a cada ano, mas que a população reage com mais resistência devido a vacinação anual para essa enfermidade que acontece constantemente.
O professor explica que a doença endêmica, não está relacionada a uma questão quantitativa, mas sim a uma incidência relativamente constante sem aumentos significativos de casos em épocas específicas do ano, diferente de uma epidemia, que ocorre elevado número de casos em diversas regiões, estados e cidades, ou a pandemia, que atinge diversos continentes.
O professor explica que a Covid-19 pode se tornar uma endemia. Mas, para isso, é necessário ter a maioria da população com concentração elevada de anticorpos neutralizantes, e para isso, a vacinação é a peça fundamental no momento atual. “O avanço da vacinação é importante para detectarmos possíveis transmissores através da testagem em massa, diante disso, o isolamento e medidas de proteção como higienização das mãos e uso de máscaras, são indispensáveis. Também é importante aguardar o tempo de proteção gerado tanto pelas vacinas, quanto pela própria doença, além do surgimento de vacinas que contemplam novas cepas”, explica.
Alexandre Piva ressalta que no momento, ao pensar sobre como a Covid-19 pode se tornar uma endemia, é impossível pensar na erradicação da pandemia. Segundo ele, é preciso uma vacina de altíssima eficácia para que não haja mais pessoas suscetíveis ao Covid-19. “Quanto mais rápido estivermos vacinados melhor, visto que de tempos em tempos, novas variantes podem surgir. A Ômicron, inclusive, já possui algumas sublinhagens, como a BA2”.
Apesar de prosseguir por um caminho diferente, o mais provável para o professor é que a Covid-19 tenha o mesmo destino do vírus HIV/Aids, que também causou pânico global nas décadas de 1980 e 1990, mas se tornou uma endemia graças a potentes antirretrovirais, profilaxias pré e pós-exposição, e também às campanhas de incentivo à testagem e uso de preservativos.
Por fim, o médico e professor salienta que assim como a Aids foi combatida com medidas preventivas, o mesmo precisa acontecer com o Sars-CoV 2. “E ainda assim é necessário manter a vacinação em dia com medidas de proteção contra o vírus, esses são os primeiros passos para o coronavírus se tornar endêmico”.
* Com informações da assessoria de imprensa
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