Setembro Amarelo: as consequências do estresse no trabalho

Falar de Setembro Amarelo, a campanha para a prevenção de suicídio e promoção da saúde mental, também significa falar sobre as consequências do estresse no trabalho. Dependendo da gravidade, a situação também pode levar a suicídios. E não podemos esquecer que a pandemia mudou as formas de se relacionar no trabalho e também de exercer as atividades, sem falar de parte da população que perdeu renda ou mesmo o emprego. Expressões como “Síndrome de Burnout”, infelizmente, se tornaram comuns e mostram quão graves podem ser as consequências do estresse no trabalho.

De acordo com Claudio Cohen, psiquiatra credenciado do grupo de saúde Omint, professor Associado da Faculdade de Medicina da USP e coautor dos livros “Bioética” e “Bioética direito e Medicina”, a ligação entre suicídio e ambiente corporativo é complexa. Entre 2003 e 2010, nos Estados Unidos, de acordo com o American Journal of Preventive Medicine, um total de 1.719 pessoas tiraram a própria vida no trabalho. Fatores como lesões por esforço repetitivo (LER), dores crônicas, depressão, assédio, Síndrome de Burnout e até medo do desemprego podem levar o indivíduo a um ato extremo, se não diagnosticadas e tratadas adequadamente.

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“Depressão é tratável e o suicídio pode ser prevenido. Devemos alertar as empresas sobre a importância do atendimento primário aos funcionários e, também, sobre a importância da promoção de um ambiente de trabalho saudável, seja ele presencial ou remoto. É urgente a criação de programas privados e políticas públicas robustas que fortaleçam a pauta”, afirma.

Como lidar com as consequências do estresse no trabalho?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o contato inicial com o suicida ocorre em clínicas, em casa ou no ambiente de trabalho. Ainda segundo o órgão, os sinais que merecem atenção são comportamentos que denotam sofrimento emocional intenso, como quadros de depressão; comportamentos afastados e instáveis; mudanças drásticas de humor sem motivos aparentes; desesperança; avisos verbais que impliquem uma busca inconsciente de ajuda; entre outros.

Como prevenção, o primeiro passo é achar um lugar adequado onde uma conversa tranquila possa ser mantida com privacidade razoável e tempo necessário. “Conseguir estabelecer o primeiro contato e ouvir é, por si só, o maior passo para reduzir o nível de desespero suicida. O objetivo é preencher uma lacuna criada pela desconfiança, desespero e dar à pessoa a esperança de que as coisas podem mudar para melhor. Além disso e se possível, encaminhar a pessoa para um profissional de saúde mental ou a um médico para o atendimento primário, dentro ou fora da empresa, é fundamental”, explica Cohen.

O bem-estar emocional, além do físico e social, deve estar na pauta das empresas, ainda mais com as demandas geradas pela pandemia. A própria Omint, por exemplo, desenvolveu e aplica desde 2015 o Programa de Saúde Emocional nas empresas clientes, apoiando os RHs a propagarem a prevenção da saúde mental aos seus colaboradores, por meio do processo de fortalecimento da saúde emocional e que busque a conscientização dos fatores e níveis de estresse na vida dos participantes e, principalmente, como combatê-los. São identificados casos que necessitam de acompanhamento específico, além da busca desmistificar a saúde mental para as pessoas nos ambientes de trabalho, mostrando o quanto ela gera um impacto direto na produtividade e bem-estar de todos.

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