No dia 1º de maio comemora-se o Dia do Trabalho em diversos países e, mais uma vez, em um período pandêmico. Neste cenário, a relação de colaboradores e empresas vive constantes mudanças com o trabalho em home office, protocolos nas atividades presenciais, reuniões virtuais, o medo do contágio, longas jornadas, entre outros. Em meio ao “novo normal” do mundo corporativo, a saúde mental dos colaboradores vem sendo pauta.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) alerta que os desafios do trabalho remoto, o alto índice de desemprego e as incertezas sobre o futuro vem impactando a saúde mental dos trabalhadores.
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Em pesquisa da Associação Brasileira de psiquiatria, os médicos associados indicaram um aumento de até 25% nos atendimentos psiquiátricos e 82,9% do agravamento dos sintomas de seus pacientes após o início da pandemia. Em outro estudo, a ABP mostra que pacientes que sofreram impactos pela quantidade de videoconferências em sua rotina. *O levantamento junto aos psiquiatras associados da ABP, que atendem no SUS, no sistema privado e suplementar, aponta que 56,1% dos psiquiatras associados entrevistados constataram um aumento nas queixas dos pacientes sobre o excesso de videoconferências, 63,3% dos entrevistados perceberam um aumento de prescrição de remédios controlados e 70,1% aumentaram as prescrições de psicoterapia para seus pacientes. A pesquisa teve início em 14 de agosto e os dados apresentados são até o dia 21 de novembro do ano passado.
O papel das empresas é muito importante neste contexto. É essencial que empregadores invistam em iniciativas em prol da saúde mental de seus colaboradores e em combater o preconceito com funcionários que apresentam quadro psiquiátrico. Em meio as evidências do impacto da pandemia na saúde mental de trabalhadores, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, reforça a importância da busca por atendimento profissional para casos de doenças mentais associadas ao trabalho.
Para que exista um transtorno psiquiátrico é preciso uma característica genética, uma predisposição que denominamos genótipo, e algum fator externo que venha a atuar como gatilho, que chamamos de fenótipo. Quando as relações de trabalho não estão estáveis, elas podem impactar negativamente caso a pessoa entenda como fator estressor. Este, por sua vez, pode desencadear uma doença. É importante ressaltar que o trabalho é sinônimo de cidadania e em boas condições valoriza e dignifica o ser humano.
De uma forma geral, tanto o ambiente corporativo quanto a sociedade ainda não estão preparados para acolher pessoas com doenças mentais. O estigma é muito grande e o ambiente corporativo replica a visão da sociedade. É primordial a busca por atendimento médico psiquiátrico em casos de doenças e, assim caminhar para a qualidade de vida e bem estar– recomenda o presidente da Associação.
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