Como acabar com a falta de sono na pandemia?

A falta de sono na pandemia se tornou uma das principais reclamações de grande parte das pessoas nos últimos meses. As mudanças na rotina e as preocupações afetaram diretamente o sono, desencadeando uma série de consequências. Saber como lidar com isso pode trazer uma melhor qualidade de vida. 

A médica Lívia Salomé, especialista em Medicina do Estilo de Vida pela Universidade de Harvard, explica que aumentou o número de pacientes que reclamam de insônia, além das dificuldades para começar a dormir ou manter várias horas de sono. Entre os motivos para isso estão a falta de disciplina com os horários, sedentarismo e a ansiedade.

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“O sono possui alguns reguladores que são afetados quando mudamos nossa rotina. Um deles é o ciclo da luz e da escuridão e o cansaço: quando chega à noite, o corpo sente necessidade de descansar. Se acordamos muito tarde, perdemos o sol da manhã e isso influencia na qualidade do sono”, afirma Lívia, revelando que os pacientes também passaram a relatar mais pesadelos.

De acordo com ela, de modo geral, as pessoas estão ansiosas, com pensamentos negativos e mais irritadas. Também estão mais sobrecarregadas, com mais tarefas em andamento, juntando o home office e os afazeres domésticos. Todo esse contexto potencializa o estresse e, consequentemente, a falta de sono na pandemia. 

“O isolamento como um todo gera uma desorganização dos hábitos diários. Costumes negativos como deixar de lado os exercícios físicos, descuidar dos horários para alimentação e até ficar de pijama o dia inteiro, dificultam o momento de descanso à noite”, explica Lívia.

A médica lembra que o sono é importantíssimo para a saúde física e mental. Nesse período, o corpo exerce funções restauradoras, incluindo o fortalecimento do sistema imunológico. Além disso, é durante o sono que nosso cérebro absorve o que foi aprendido ao longo do dia, consolidando a chamada memória de longa duração. 

De acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS), são necessárias entre sete e oito horas diárias de sono para que um adulto produza em quantidade suficiente a melatonina, hormônio que nos ajuda a dormir e que precisa do escuro. Por isso, ter uma boa qualidade do sono faz parte de uma rotina de cuidados com a saúde. 

A médica psiquiatra Yara Azevedo Prandi, credenciada do Grupo Omint, afirma que, a longo prazo, a insônia pode ocasionar diversos problemas, tais como: fadiga, irritabilidade, desvio de atenção e concentração, sonolência excessiva diurna e uma propensão maior a erros e distração, que pioram o desempenho de qualquer tarefa.

“Uma pessoa que não dorme regularmente as horas recomendadas debilita o sistema imunológico, elevando os riscos para sua saúde. Ter boas noites de sono pode melhorar a capacidade de aprender, estimular a memória, o foco e a atenção. Por isso, o sono reparador é necessário para que todos os circuitos emocionais do cérebro sejam calibrados. Todas essas funções são alteradas se a pessoa acaba não dormindo direito”, alerta.

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Combatendo a falta de sono na pandemia

Uma das orientações de especialistas é aplicar a chamada higiene do sono, uma rotina de hábitos diários que impactam a qualidade de vida e do sono. O primeiro passo é estabelecer uma rotina, valorizando a adoção de hábitos saudáveis. Segundo a médica Yara Azevedo Prandi, uma das primeiras medidas é organizar horário fixo para dormir todos os dias.

Também é necessário manter o quarto como um local tranquilo e confortável. Se possível não trabalhar, comer ou estudar nesse ambiente. No momento de dormir, o quarto deve ser um lugar escuro e silencioso. Não é nada recomendado se expor ao computador, celular ou à televisão, que não ajudam no relaxamento do cérebro.

Outra dica importante é tomar um banho quente 20 minutos antes de dormir para relaxar a musculatura do corpo. Também é recomendado evitar refeições pesadas ou bebidas estimulantes antes de dormir. 

A médica Lívia Salomé complementa as recomendações, salientando a importância da atividade física para acabar com a falta de sono na pandemia, e também em outros momentos da vida. Ela também orienta evitar pensamentos negativos, evitar sofrer por antecipação e agradecer pelas coisas boas, o que ajuda o corpo a relaxar. Outra medida eficaz é a meditação. “Comece meditando dez minutos por dia com exercícios de respiração, o que ajudará muito na ansiedade e qualidade de sono. Se você tem dificuldades ou nunca meditou, há uma série de meditações guiadas na internet e até aplicativos gratuitos”, aconselha. 

* Com informações de assessorias de imprensa

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