A cada etapa da vacinação da Covid-19, uma comemoração: ser imunizado se tornou motivo de festa para muitos brasileiros. No entanto, a vacina não pode ser encarada apenas como uma segurança individual contra o novo coronavírus. A imunização tem uma função de proteção coletiva, ou a chamada proteção de rebanho. Quanto mais pessoas se vacinarem, maior será a proteção de toda a população. Mas quanto falta para atingir a proteção de rebanho com a vacinação contra Covid-19?
O médico infectologista Jaime Rocha, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e diretor de prevenção da Unimed Curitiba, explica que é motivo sim de alegria ser vacinado contra Covid-19. No entanto, isso não significa uma permissão para baixar a guarda. “Claro que é uma segurança a mais, mas a pessoa não pode achar que está 100% protegida e que pode se expor. Não é momento ainda para isso”, afirma.
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O especialista acredita que comemoração mesmo deve ser feita quando um número maior de pessoas for vacinada contra Covid-19. “Às vezes, mais importante do que comemorar que ‘eu fui vacinado’, é comemorar que muitos foram vacinados. A proteção de rebanho, como chamamos, é mais importante do que a proteção individual. Ao termos um grande número de pessoas vacinadas, nossa proteção individual aumenta muito”, revela.
De acordo com ele, a proteção de rebanho é habitualmente atingida quando 60% a 70% da população está vacinada. A proteção de rebanho com a vacinação contra Covid-19 deve ser atingida pelo menos com o mesmo patamar. No final de abril, o país estava bem longe deste índice, com uma série de pausas na campanha de vacinação devido ao espaçamento da entrega de doses. “Não temos vacinas suficientes para aumentar essa velocidade de vacinação, o que seria ideal. Deveríamos ter mais pessoas vacinadas. E temos que agir de todas as formas possíveis para que número maior de vacinas fique disponível para aumentar essa cobertura”, opina.
Rocha lembra que a escolha de grupos prioritários, como acontece com a vacinação contra Covid-19, acontece apenas porque há escassez de vacina. Para ele, toda a população deveria ser vacinada, e o quanto antes. “Somente depois que tivermos um percentual bem grande da população vacinada e uma circulação realmente mínima do vírus que poderemos tentar retomar as atividades do cotidiano de forma habitual”, indica.
O médico infectologista reforça sobre a importância de a população olhar para a vacina como uma proteção coletiva. Mas comenta sobre os indícios de que a imunização já está ajudando a diminuir o número de casos e de mortes no público que tomou a dose até o momento. Ele explica que ainda estão sendo realizados estudos para que haja uma resposta científica para isso. No entanto, há impressão de uma redução de alguns índices nesses grupos.
“Ainda é acanhado e precoce dizer isso, mas é o que a gente aposta. Países que tiveram uma cobertura mais ampla, como Israel, demonstram isso de maneira mais clara. Então, não tem porque imaginar que aqui será diferente. Mas, insisto no poder de proteção coletiva. Mesmo esse idoso. ou profissional de saúde, estará mais protegido quando outras pessoas estiverem vacinadas também”, avalia.
Para ele, existem outros fatores que podem levar a uma confusão nessa percepção, pois idosos estão em isolamento social ou adotam medidas de distanciamento, e os profissionais de saúde utilizam os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), o que diminuem os riscos de uma infecção pelo coronavírus. “Isso pode nos confundir e fazer pensar que a doença está migrando mais para os jovens. Sobre os jovens, pode ser uma questão comportamental, de estarem se expondo mais. Não é só uma questão de não estar vacinado ou da variante circulando, mas de comportamento não devido nesse momento”, pondera.
Acompanhe também mais sobre vacinação contra Covid-19 no quinto episódio do podcast Saúde Debate, com o médico infectologista Jaime Rocha. Clique aqui.
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