A chegada da vacina contra Covid-19 se tornou um alívio entre tantas notícias tristes nesta pandemia. Com o avançar da vacinação, surgem as comemorações de quem recebeu a dose ou viu um familiar ser imunizado. E também apareceram relatos de pessoas que, mesmo após a vacina, ficaram doentes. Afinal, quem toma a vacina ainda corre o risco de ter a Covid-19?
Segundo o médico infectologista Jaime Rocha, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e diretor de prevenção da Unimed Curitiba, existe essa possibilidade, mas ela é considerada uma exceção. E, para analisar o risco de uma pessoa vacinada ter a Covid-19, é necessário considerar uma série de fatores.
Em primeiro lugar, o especialista lembra que nenhuma vacina tem eficácia de 100%, incluindo todas as desenvolvidas contra a Covid-19 até o momento. De acordo com ele, todos os imunizantes disponíveis no país passaram por estudos e contam com aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, por isso, são confiáveis.
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Pelo fato de não possuir eficácia de 100%, quem toma a vacina ainda corre o risco de ter Covid-19, independentemente da quantidade de doses. “Há vários motivos pelos quais uma vacina pode vir a falhar. Mesmo a pessoa sendo saudável, e tenha tomado as duas doses, nos estudos nenhuma das vacinas teve eficácia de 100%. Então, podem ocorrer falhas e isso é uma exceção. Precisamos entender que esses casos saltam aos olhos, chamam atenção, mas são exceções. Isso não deve colocar, jamais, as vacinas em descrédito”, salienta.
Rocha ainda esclarece que, quando alguém fica doente após tomar a vacina, há uma tendência em achar que isso aconteceu logo depois da imunização ou até mesmo está associado a esse processo. No entanto, é preciso lembrar que o vírus tem um tempo de incubação. E isso pode ocorrer no período próximo de a pessoa receber a dose da vacina. No caso da Covid-19, o tempo de incubação – entre a infecção e a manifestação dos sintomas – geralmente é de cinco dias.
“Nesses casos, devemos entender exatamente o momento em que foi feita a vacina, período de incubação e o momento da doença. Ainda assim pode acontecer. Por isso, insistimos nas medidas de proteção, mesmo para quem se vacinou”, reforça o médico infectologista. Isso deve ser feito por meio do uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento social.
Jaime Rocha destaca que todos os casos de Covid-19 após qualquer dose da vacina estão sendo acompanhados de perto. “Quem tiver sintomas, deve ser isolado e testado, primeiro para confirmar. Os casos após o esquema completo vacinal são tratados de forma diferenciada para verificar se foi realmente Covid-19, se são variantes diferentes do vírus, se pode haver algum grau de resistência do vírus às vacinas…” ,exemplifica.
Acompanhe também mais sobre vacinação contra Covid-19 no quinto episódio do podcast Saúde Debate, com o médico infectologista Jaime Rocha. Clique aqui.
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