O que já se sabe sobre a sublinhagem BA.2 da Ômicron

E por que devemos nos preocupar com isso…

sublinhagem BA.2 da Ômicron
A sublinhagem BA.2 da Ômicron vem sendo observada por pesquisadores (Foto: Freepik)

A Ômicron mudou o cenário da pandemia de Covid-19. Com maior transmissibilidade, essa variante do coronavírus causou um “boom” de casos entre o final de 2021 e início de 2022. Em fevereiro, já há sinais de desaceleração, apesar de patamares considerados ainda bastante altos no número de diagnósticos positivos. Entretanto, a sublinhagem BA.2 da Ômicron vem chamando atenção. Pesquisadores estão monitorando essa mutação da variante, que pode causar preocupação.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou a sublinhagem da Ômicron ainda em dezembro de 2021. Ela possui cerca de 40 mutações em relação à variante Ômicron BA.1, que se tornou a predominante pelo maior número de infecções em todo o mundo. No entanto, já existem países europeus registrando um maior aumento de casos relacionados à sublinhagem BA.2 da Ômicron

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A partir destas vivências e devido a essas alterações da variante, a BA.2 vem sendo chamada de “Ômicron furtiva”. Isso porque esta sublinhagem é identificada apenas por meio de sequenciamento genético. Isto é necessário para saber que aquele caso é relacionado à sublinhagem BA.2 da Ômicron. O impacto seria apenas no monitoramento da prevalência desta versão da variante. Para o diagnóstico, nada é alterado. Os testes detectam a sublinhagem normalmente. 

A médica infectologista Sandra Gomes de Barros, professora do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa, conta que ainda se sabe pouco da sublinhagem BA.2 da Ômicron. Pesquisadores estão estudando todas as possibilidades sobre esta nova versão da variante. “O que sabemos é que ela é sim transmissível, pois trata-se de uma linhagem da ômicron. Mas, em relação à gravidade, ainda temos muito a saber”, comenta. 

A professora salienta que a mutação é uma característica do vírus, que encontra “oportunidades” para se modificar para continuar sobrevivendo. “Entre as várias linhagens  há várias mutações. Essa é uma característica do vírus. Como é uma cepa nova, ainda precisamos conhecer e estudar, para saber o que esta sublinhagem pode fazer. Enquanto isso, todas as medidas e todos os cuidados devem ser mantidos”, afirma. 

Dentro deste contexto, a ampliação da vacinação contra Covid-19 se torna essencial, não apenas como uma forma de conter a sublinhagem BA.2 da Ômicron, mas o próprio ritmo de mutação do vírus. “Não é um momento de calmaria e longe de dizer que a situação está sob controle. É preciso avançar na vacinação porque esta é a única forma de conter as variantes. Todas as vezes em que há uma lacuna, o vírus muta”, salienta Sandra. 

Ela ainda enfatiza que a maior circulação de pessoas no final do ano, em função das festas e das férias, potencializou todo o cenário da Ômicron. Somado a isso estavam aqueles não vacinados ou que não completaram o esquema vacinal. Paralelamente, estes fatores criam um cenário potencial para a mutação do vírus. “A mutação é algo natural do vírus. Mas, cada cepa será diferente em transmissibilidade, virulência e imunogenicidade. Agora, vamos estudar como será o comportamento desta sublinhagem”, diz. 

A professora da Unisa lembra que aos poucos o conhecimento sobre a Ômicron foi se formando. Houve um “boom” de transmissão logo no início, mas sem tantos impactos no atendimento e internações. Mas, com o passar do tempo, foram registrados muitos casos graves. “O número de casos graves, proporcionalmente à transmissão, foi menor. Mas tivemos 60% das UTIs ocupadas, pneumonias extensas e casos de embolia pulmonar como complicação da doença. É uma situação preocupante ainda. Precisamos de parcimônia”, avalia. 

Enquanto isso, de acordo com Sandra, os cuidados precisam ser mantidos, inclusive por quem teve Covid-19 recentemente. Quem foi infectado pelo coronavírus nos últimos dois meses – ou seja, possivelmente pela Ômicron por ser a variante predominante no momento – corre o risco de ser infectado pela sublinhagem BA.2 da Ômicron. Ser uma “versão derivada” da atual cepa dominante não significa maior proteção. “A pessoa pode ser reinfectada com a mesma cepa ou com outras. Os cuidados precisam ser mantidos, incluindo a máscara. Ela deve ser usada especialmente em ambiente público, no qual há com outras pessoas. O uso de máscara de forma adequada é importantíssimo, além do distanciamento”, declara. 

No Brasil, já há casos confirmados da sublinhagem BA.2 da Ômicron. Ainda são poucos, mas foram detectados no Rio de Janeiro, Santa Catarina e em São Paulo.

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