O Brasil vive o pior momento da pandemia de Covid-19 e especialistas indicam que a falta de adesão às medidas de prevenção fez com que a variante identificada no Amazonas se disseminasse pelo país. A variante é apontada como a responsável pelo agravamento da crise. E esse descontrole da pandemia pode criar um “boom” de variantes do coronavírus.
A médica infectologista Marta Fragoso, do Hospital Vita, em Curitiba (PR), lembra que as mutações fazem parte da condição biológica do vírus, gerando variantes. Atualmente, são três que estão causando preocupação: a britânica, a sul-africana e a amazônica.
A junção da presença de variantes com potencial de maior transmissibilidade com a falta de adesão à prevenção que visa justamente diminuir a possibilidade de transmissão faz com que elas encontrem espaço para a disseminação.
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“A variante identificada no Amazonas está circulando livremente porque as pessoas estão se movimentando e não respeitam as regras de distanciamento social ou mesmo para reduzir a movimentação ou para o uso da máscara. Junta-se a isso uma vacinação muito lenta, além ainda da falta de certeza se as vacinas disponíveis são suficientemente protetoras”, explica.
E esse cenário não é preocupante apenas para a disseminação das atuais variantes. Ele pode fazer com que apareçam mais e mais variantes. Ou seja, que o vírus continue desenfreadamente com seu comportamento natural de mutação, tentando sobreviver cada vez mais. “Algumas pessoas vacinadas, a maioria suscetível e a variante circulando: todo esse conjunto de fatores induz à mutação genética. Realmente somos preocupação local e mundial dessa possibilidade (de surgir mais mutações)”, comenta Marta.
Novas variações podem representar mais riscos. As variantes já identificadas têm um potencial de maior transmissibilidade e com maior carga viral, gerando infecções que evoluem rapidamente para casos graves, conforme o que foi detectado até o momento.
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p class=”ql-align-center”>Marta Fragoso (Foto: Divulgação)
De acordo com a infectologista, somente regras rígidas para a prevenção da transmissão do vírus e a redução do deslocamento da população podem ajudar no controle da disseminação das atuais mutações e evitar que o descontrole da pandemia crie um “boom” de variantes do coronavírus.
“Com certeza, é necessário o rigor das regras de prevenção de transmissão do vírus, como o uso da máscara, de forma correta e eficiente, cobrindo o nariz, se adaptando perfeitamente na face, cobrindo nariz e boca; a máscara deve ser retirada apenas quando for estritamente necessário, como tomar água e comer. Outras medidas essenciais são a higienização de mãos e o distanciamento social, além da redução do deslocamento das pessoas sem necessidade. E, claro, aumentar a velocidade de vacinação. Isso pode auxiliar a conter a disseminação e o aparecimento de variantes com diferenciação genética”, enfatiza.
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A proximidade da Páscoa preocupa a médica infectologista. Isto porque as festas de fim de ano, as férias e o Carnaval são apontados como alguns dos motivos para a disseminação da variante brasileira. De acordo com ela, o feriado da Páscoa é mais familiar do que o Carnaval. Mas, para que haja menor impacto na pandemia, a população não deve viajar.
“O vírus quer sobreviver. Infelizmente, nos achamos superiores, mas há formas de vida, como os vírus, que são extremamente versáteis e têm capacidade de sobrevivência maior do que a nossa”, alerta Marta.
Segundo a infectologista, as medidas de prevenção e restrição serão as soluções nos próximos meses como forma de controle da pandemia, paralelo a uma maior cobertura vacinal. “Ainda não temos antivirais eficientes. Talvez até o final do ano saia algo eficiente como temos para a Influenza, suficientemente adequado, pelo menos para reduzir o tempo de infecção e a transmissibilidade”, destaca.
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