Cuidados com o álcool durante o Carnaval

Neste período, há aumento da ingestão de bebidas alcoólicas, o que pode gerar uma série de graves consequências

cuidados com álcool no carnaval
Os cuidados com álcool no Carnaval evitam acidentes de trânsito e casos de violência, o que impacta o sistema de saúde (Foto: Wirestoke / Freepik)

A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas-SP (Emdec) registrou, em 2020, 61 mortes na malha urbana da cidade, sendo que 35 testaram positivo no teste de alcoolemia. Em 48,5% notou-se dosagem alcoólica proibitiva. O cenário ganha destaque com a chegada do feriado de Carnaval, conhecido nacionalmente pelos excessos. Por isso, é necessário alertar a população sobre os cuidados com o álcool durante o Carnaval e os dos riscos da soma drogas e direção.

Como parte deste alerta, a Emdec e o Hospital Vera Cruz realizam nesta quinta-feira (24) uma ação de conscientização, com entrega de material educativo em Campinas sobre os cuidados com o álcool durante o Carnaval.

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A dependência química (drogas lícitas ou ilícitas) ou “transtorno por uso de substância” é caracterizada, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma doença. No organismo, os efeitos do álcool podem deixar graves sequelas ou lesões irreversíveis.

Segundo Gisele Figueiredo Ramos, médica clínica e nutróloga do Vera Cruz Hospital, o consumo contínuo da bebida pode acarretar em inúmeros problemas de saúde. “O vício em álcool atinge principalmente o fígado e as áreas cerebrais responsáveis pelo controle da motricidade, afeta a memória e as capacidades de raciocínio e concentração”, destaca.

O consumo de drogas lícitas e ilícitas também pode causar diversos efeitos colaterais no organismo em curto ou longo prazo. “Pode haver mudanças no apetite e no sono, alterações na frequência cardíaca e na pressão arterial, e o desenvolvimento de doenças mentais”, explica a especialista.

Segundo o Centro Nacional sobre Dependência e Abuso de Substância, da Universidade de Columbia, 40% a 50% dos fatores que levam ao transtorno por uso de substâncias psicoativas são genéticos. De acordo com o médico psiquiatra Petrus Raulino, também do Vera Cruz Hospital, além dos fatores genéticos, há também sociais, ambientais, biológicos, histórico de vida com dificuldades e situações traumáticas na infância, características de personalidade, como impulsividade, ou mesmo problemas psiquiátricos de base. “São motivos que, somados, podem colaborar para o desenvolvimento da compulsão por substâncias. Nossa missão é cuidar das pessoas, porque a dependência ou abuso de substâncias provoca consequências negativas, não somente de cunho social, mas também na saúde física e psíquica”, detalha.

Segundo o especialista, pesquisas internacionais apontam que, cerca de 90% das pessoas com transtorno por uso de substâncias químicas tiveram o primeiro consumo na infância ou adolescência. Por outro lado, entre todos os indivíduos que fazem uso de substâncias antes dos 18 anos, 25% evoluem para a dependência ou abuso. Antes dos 21 anos, essa conta é de um a cada 25 indivíduos. “Quanto mais jovem, maior o perigo. Crianças e adolescentes são de extremo risco. Para os adolescentes, medidas educativas com espaço para diálogos sem julgamento podem ajudar na prevenção”, pontua o psiquiatra.

Para tratar a doença, Raulino ressalta a importância de se levar em conta as características e o momento vivido pelo indivíduo. “O acompanhamento deve ser feito por uma equipe assistencial multiprofissional, com psiquiatra e psicólogo geralmente em consultórios e, durante a intoxicação ou em crises de abstinência, por meio de atendimento médico de urgência e emergência, além de eventual encaminhamento para internação psiquiátrica em serviço especializado em casos extremos. Grupos de apoio e terapia familiar são de extrema importância na reabilitação”, assinala.

Álcool x trânsito

É importante ressaltar os cuidados com o álcool durante o Carnaval porque, neste período, o aumento na ingestão de bebidas alcóolicas tem impacto em vários setores, como em casos de violência e no trânsito.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, em todo o mundo, três milhões de mortes anuais são resultados do uso nocivo do álcool, que representam 5,3% de todos os óbitos. Muitos, oriundos de uma combinação desastrosa: drogas e direção. Segundo dados do governo estadual de São Paulo, entre janeiro de 2019 e julho de 2021 aconteceram 12.470 acidentes de trânsito com suspeitas de embriaguez ao volante, com 892 mortes.

Os acidentes de trânsito também podem acarretar em traumatismo craniano, fratura exposta, hemorragia interna, fratura na bacia e fratura na coluna vertebral (que pode levar à paraplegia ou à tetraplegia).

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) diz que dirigir sob a influência de álcool ou recusar-se a soprar o bafômetro são consideradas infrações gravíssimas, de acordo com os artigos 165 e 165-A. A multa para tais situações é de R$ 2.934,70. No caso de reincidência no período de 12 meses, a pena dobra (R$ 5.869,40) e a CNH é cassada.

* Com informações da assessoria de imprensa

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