As mudanças geradas pela pandemia vieram para ficar?

Durante um ano e sete meses, a população mundial precisou conviver – e ainda precisa – com restrições, isolamento, distanciamento, medidas de prevenção devido à Covid-19. Tudo isso fez com que houvesse alterações profundas na rotina no trabalho, nos estudos, em casa. Sem falar dos riscos da saúde, das sequelas e das perdas. Agora que a situação está, de certa forma, mais controlada, com uma redução constante dos números de casos e mortes, já é possível fazer balanços. As mudanças geradas pela pandemia vieram para ficar?

Este tema foi discutido pelos participantes do “Webinar Qualidade de Vida e Pandemia: o impacto de ações e procedimentos de saúde adiados por conta da Covid-19”, promovido pelo Saúde Debate. A partir de tantas adaptações e de tantos sacrifícios, a população aprenderá lições e esta experiência deixará marcas?

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Ainda são mais perguntas do que respostas. Para o diretor de Gestão em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Vinícius Filipak, dizer se mudanças geradas pela pandemia vieram para ficar vai depender de uma série de questões, inclusive culturais. De acordo com ele, a sociedade vive, paralelamente à pandemia, riscos muito grandes, com a polarização de diferentes temas e a enxurrada de fake news. “É preciso um trabalho de base e isso não tem como simplesmente mandar fazer. Não adianta formular uma lei. As famílias precisam voltar seus olhos para os seus núcleos familiares”, destacou.

Filipak lembrou que a pandemia mostrou como é difícil trabalhar a aprendizagem com os adultos, pois parte da população ainda acredita que usar a máscara é uma “bobagem”. O especialista ressalta como o hábito social coletivo é primordial neste processo. “É preciso falar sobre isso. E, neste aspecto, a imprensa tem um papel fundamental. As pessoas tendem a falar mais sobre os defeitos do que as qualidades. Adora denegrir e ver o lado ruim de tudo e isso perpassa na comunicação”, avaliou.

O diretor de Saúde e Intercâmbio da Unimed Paraná, Faustino Garcia Alferez, também ficou em dúvida em dizer se, no Brasil, as mudanças geradas pela pandemia vieram para ficar. Ele lembra como esta crise será resolvida, mas com um custo gigantesco. Por isso, toda esta experiência deve ser aprofundada e incorporada na cultura. Caso isso não aconteça, corre o risco de não ser assimilada. 

“A educação se faz na família e a sociedade tem a responsabilidade de manter isto. É importante que todos nós, por exemplo, se tivermos um resfriado, tomemos os cuidados com o próximo. Não estender a mão depois de colocá-la no nariz, usar uma máscara… Outros países já têm esse hábito”, frisou.

O presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Paraná (Femipa), Flaviano Feu Ventorim, ressaltou que uma das lições deixadas pela pandemia é a adaptação. “Somos muito adaptáveis, apesar de tudo”, opinou. Para ele, mesmo que parte das pessoas não gostem, será necessário conviver com a máscara, o distanciamento e o álcool em gel por um bom tempo. “A doença não vai acabar agora. Ela vai se enfraquecer e ser incorporada. Até que isso aconteça, teremos que conviver com isso de uma forma apropriada”, considerou.

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