Apesar da alta prevalência, o câncer no aparelho digestivo nem sempre é conhecido da população

O Dia Mundial do Câncer é lembrado nesta terça-feira, 4 de fevereiro, como uma data para aumentar a conscientização e a educação sobre a doença.  Apesar da alta prevalência no Brasil, os tumores do aparelho digestivo nem sempre são conhecidos pela população em geral: são os casos do câncer colorretal, câncer de esôfago e câncer de estômago.

Saiba mais sobre eles:

Câncer colorretal

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de cólon e reto é o terceiro mais frequente em homens e o segundo entre as mulheres brasileiras, excetuando o câncer de pele não melanoma. No ano passado, foram 17.380 novos casos na população masculina e 18.980 na feminina. 

De acordo com o médico endoscopista Marcelo Averbach, da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), a alta incidência está relacionada à dieta e aos hábitos da população. “Praticar atividades físicas regularmente, não fumar, não abusar de bebidas alcoólicas e evitar alimentos defumados, enlatados, embutidos e com muito corante e conservante reduzem as chances de desenvolvimento do câncer”, explica. 

Outra importante forma de prevenção é a detecção de lesões pré-câncer, por meio do rastreamento em populações assintomáticas. “A detecção de pólipos permite o tratamento e a prevenção da formação de um tumor”, diz. O diagnóstico é feito por exame de colonoscopia. “Se o câncer já estiver instalado, o procedimento permite que essa detecção seja feita de forma precoce, com melhores resultados em termos de mortalidade”.

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Câncer de esôfago

Dados do INCA mostram que, em 2019, o câncer de esôfago registrou 8.240 novos casos em homens e 2.550 em mulheres. Segundo o médico endoscopista Fauze Maluf Filho, da SOBED, o carcinoma escamoso de esôfago é o tipo mais frequente desse câncer no País. “O abuso de álcool e cigarro são os principais fatores de risco para a doença”, afirma.

O especialista alerta que a descoberta do tumor em decorrência dos sintomas é, infelizmente, um diagnóstico tardio. O rastreamento e a vigilância da população em risco (fumantes e pessoas que abusam de bebidas alcoólicas) são a melhor forma de prevenir a doença. “A endoscopia é capaz de identificar uma lesão inicial precoce, que não provoca sintomas. Nesta fase, são possíveis tratamentos menos invasivos e com maiores chances de cura, que podem chegar a 80%, dependendo do caso”, explica.

Câncer de estômago

O câncer de estômago está entre os mais incidentes na população brasileira. Em 2019, o INCA estimou 13.540 novos casos entre homens e 7.750 em mulheres. Segundo a médica endoscopista Ana Zuccaro, da SOBED, o adenocarcinoma é o tipo de tumor mais frequente, representando 95% dos cânceres gástricos. 

Além dos vilões já conhecidos, como cigarro e bebida alcoólica, o aumento de gordura corporal e a nutrição inadequada podem potencializar as chances de desenvolvimento do câncer gástrico. “O consumo excessivo de sal nos alimentos, a obesidade, a nutrição inadequada e o Helicobacter pylori (bactéria que coloniza naturalmente a mucosa do estômago), além de fatores genéticos e idade, também são aspectos importantes”, diz a endoscopista. 

 

Ana explica que é fundamental que o diagnóstico seja realizado por um especialista em endoscopia digestiva, apto para realizar um exame cuidadoso e detalhado, procurando alterações mínimas e identificando lesões pré-malignas. “A Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva realiza um trabalho muito importante na formação de profissionais capacitados para detectar lesões na fase pré-maligna, para o seguimento e a detecção do câncer precocemente. Tais cuidados mudam radicalmente as chances de sobrevida do paciente”, conclui.  

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