Um ano dos primeiros casos de Covid-19 no Paraná

Em uma quinta-feira, 12 de março de 2020, os primeiros seis casos de Covid-19 foram confirmados no Paraná. Cinco moradores de Curitiba e uma de Cianorte, no noroeste do estado, todos vindos de viagens internacionais, tiveram o diagnóstico positivo para o novo coronavírus. Desde o início daquele mês, a Secretaria de Estado da Saúde já monitorava casos suspeitos no Paraná.

Até aquele momento, havia 60 casos no Brasil, e o vírus identificado no final de 2019 na China já se espalhava por 116 países. Foi exatamente no dia anterior, 11 de março, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) mudou a classificação da doença e declarou a pandemia de Covid-19.

Antes mesmo das primeiras confirmações, em fevereiro, a Secretaria de Estado da Saúde publicou uma Nota Informativa com orientações e cuidados a serem tomados. Alguns deles prevalecem até hoje, como a higienização das mãos e a etiqueta respiratória de cobrir o rosto ao tossir ou espirrar.

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O Paraná fecharia março de 2020 com 251 casos confirmados e os primeiros três óbitos pela doença. Também encerraria aquele primeiro mês pandêmico com uma série de medidas já adotadas para evitar a disseminação do vírus e o colapso do sistema de saúde. Os primeiros anúncios, no dia 16 de março, incluíam a suspensão de eventos públicos, do funcionamento de espaços culturais e de aulas presenciais, instituía o regime de trabalho remoto na administração estadual, entre outras providências. Já no dia seguinte, os parques, museus, biblioteca e uma série de órgãos e serviços deixariam de receber o público.

Na sequência, o estado determinou quais atividades e serviços essenciais poderiam funcionar durante pandemia, entre outras medidas, inclusive na área econômica. Também naquele mês, iniciou a ampliação da estrutura hospitalar para atender pacientes com o novo coronavírus.

O número de pessoas internadas nos leitos exclusivos para a Covid-19 passou de 57 mil no período. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, atualmente, são 1.528 UTIs para os pacientes que evoluíram para os casos mais graves da doença, além das 1.088 voltadas para as outras enfermidades. O número de ativações de leitos foi o maior em 30 anos, segundo o governo estadual.

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Evolução da pandemia

O próprio comportamento da pandemia mudou ao longo de um ano, com picos e quedas. A primeira curva crescente durou de março até meados de agosto, quando os óbitos e contaminações começaram então a diminuir.

De acordo com o sistema Notifica Covid-19, abastecido pela Secretaria da Saúde com dados dos municípios, a semana epidemiológica 32 (2 a 8 de agosto) apresentou o pico de óbitos e diagnósticos naquele período, com 16.288 casos e 415 óbitos em sete dias, superando o ápice de 15.806 casos da semana 30 (19 a 25 de julho) e as 373 mortes da semana 31 (26 de julho a 1o de agosto), os maiores índices até então.

O Paraná experimentou um período de cerca de dois meses com redução semanal de casos e óbitos, que durou até outubro. A semana epidemiológica 42 foi a que apresentou as taxas mais baixas desde junho, com 6.321 diagnósticos entre 11 e 17 de outubro. O menor número de mortes semanais, considerando esse intervalo, ocorreu duas semanas depois, com 154 falecimentos entre 25 e 31 de outubro.

Mas os diagnósticos voltaram a subir e, em novembro, chegaram ao patamar registrado em agosto. Na semana epidemiológica 46, os casos já superavam os do primeiro pico, com 19.385 contaminações entre 8 a 14 de novembro. A taxa de óbitos, porém, permanecia mais baixa do que três meses antes e chegava a 184 mortes naquela semana.

Dezembro passou então a ser o período mais crítico do ano passado. O maior pico da doença até agora ocorreu na semana epidemiológica 50, com 36.474 diagnósticos confirmados entre 6 e 12 de dezembro. A semana com o maior número de mortos em 2020 foi a seguinte, com 501 falecimentos do dia 12 ao dia 19 de dezembro.

Mas são os números registrados nas últimas semanas os mais preocupantes até agora. A 9a semana epidemiológica de 2021, encerrada no dia 6 de março de 2021, foi a que mais pessoas morreram desde o início da pandemia, com 551 falecimentos. Ao que tudo indica, deverá ser superada pela atual.

Entre os motivos para isto, especialistas e autoridades apontam a circulação da pessoas, o não cumprimento de medidas básicas de prevenção por parte das pessoas (uso correto da máscara e aglomerações, entre outras) e o surgimento de variantes do coronavírus.

Em função deste cenário, que exerce uma forte pressão sobre o sistema de saúde, novas medidas restritivas foram colocadas pelo governo do Paraná, por um período de 12 dias, até 10 de março. O poder Executivo optou pela retomada de atividades consideradas não essenciais a partir desta data. Entidades relacionadas à saúde reivindicaram a prorrogação das medidas.

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