Paraná registra o maior número de casos de Covid-19 em apenas um dia

O Paraná registra o maior número de casos confirmados de Covid-19 em um único dia desde o primeiro diagnóstico da doença no estado, em 11 de março. Isto aconteceu nesta sexta-feira (5 de junho), quando a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou mais 533 casos e 13 mortes por Covid-19. O boletim de 5 de junho mostra um total de 6.347 casos confirmados de Covid-19 no Paraná, com 227 mortes. Há registro da doença em 273 municípios paranaenses, sendo que em 81 aconteceu pelo menos uma morte pela infecção causada pelo novo coronavírus.

O ápice até o momento foi registrado nesta sexta-feira, mas a Sesa já vinha detectando um crescimento mais acelerado nos últimos dias. Foram 453 confirmações no dia 4 de junho e 12 mortes apenas no dia 3 de junho.

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O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, vem reforçando a necessidade de manter o distanciamento social como estratégia para conter os números. “Nossos números crescem rapidamente. E pelo que estudamos das projeções, tendo em vista o que já ocorreu em outros locais, vamos ter aumento de casos. Nos preocupa muito as pessoas nas ruas porque um organismo pode reagir bem à doença, mas outro não. E, se muitos precisarem de UTIs, sabemos que não haverá para todos”, afirmou.

Escalada até o Paraná registrar o maior número de casos confirmados de Covid-19 em um único dia

No dia 1º de junho, durante uma prestação de contas da Sesa na Assembleia Legislativa do Paraná, Beto Preto enfatizou que o salto na quantidade de casos estava relacionado com uma maior circulação das pessoas e a flexibilização de medidas adotadas inicialmente como controle da transmissão do novo coronavírus. “Esperávamos que o crescimento da curva fosse equilibrado, mas não foi. Ele foi influenciado pelo pagamento das aposentadorias nos primeiros dias do mês, as enormes filas para o saque do auxílio emergencial pago pelo governo federal e ao Dia das Mães, tudo isso fez com que aumentasse o fluxo de pessoas”, disse. “Também houve, de forma restrita, a liberação de cultos religiosos e a flexibilização da abertura do comércio. O distanciamento e o isolamento também caíram e o fluxo de pessoas cresceu, fazendo com que o vírus circulasse mais”, analisou.

Secretário de Estado da Saúde, Beto Preto (Foto: AEN)

Diante deste cenário, Beto Preto e a sua equipe podem tomar novas medidas de isolamento social, na tentativa de conter o crescimento de casos de Covid-19. “Nos últimos dias tivemos uma média de 40/50 casos/dias, agora estamos tendo em média 200 casos/dia. Daqui uns 14 ou 21 dias iremos analisar essa flexibilização e ver as medidas que iremos tomar: se continuamos testando e bloqueando apenas, ou se é o caso de aumentar as restrições da mobilidade das pessoas. Até agora mantemos as restrições da volta das aulas, mas vamos aguardar mais um pouco”, comentou. 

O Paraná chegou a divulgar, no mês de maio, que tinha a menor taxa de crescimento da transmissão do novo coronavírus no país. O mesmo aconteceu com Curitiba. Mas, após a maior circulação de pessoas, mesmo com a divulgação de medidas de prevenção, os dados mostram que a infecção pelo novo coronavírus aumentou, até esta sexta-feira, com o fato do Paraná registrar o maior número de casos confirmados de Covid-19 em um único dia. Nas últimas semanas, shopping centers, igrejas e outros espaços religiosos, além de academias e clubes, reabriram as portas. O comércio já havia retomado suas atividades. 

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A secretária municipal de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, após a reabertura dos shoppings e do crescimento dos casos na cidade, também afirmou que novas medidas de isolamento e de prevenção poderiam ser tomadas, dependendo da escalada das confirmações

Em território paranaense, o uso da máscara em espaços coletivos é obrigatório. O Senado aprovou, nesta semana, um projeto que também obriga o uso de máscaras no Brasil. Mas, como a matéria sofreu alterações, voltará para a Câmara para nova apreciação.

Resoluções da Sesa também orientam estabelecimentos comerciais e de outros segmentos com medidas de prevenção ao novo coronavírus e no atendimento ao cliente, como a oferta de álcool em gel para a limpeza das mãos e a permissão de um determinado número de clientes dentro da loja. 

Máscaras de tecido são recomendadas para a população em geral (veja mais no link abaixo) Foto: Pixabay

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Brasil

Os dados sobre a Covid-19 no Brasil, conforme o boletim do Ministério da Saúde divulgado no dia 4 de junho, mostram que uma pessoa morreu pela doença a cada minuto no país. Foram 1.473 mortes contabilizadas apenas neste dia, totalizando 34.021 até o momento. São 614.941 casos confirmados.

Uma reportagem do jornal O Globo, publicada nesta sexta-feira (5 de junho), traz uma projeção para os próximos dias feita pela equipe do portal Covid-19 Brasil, que reúne um grupo de universidades de São Paulo. 

Conforme essas estimativas, as cidades brasileiras que reduziram o distanciamento social nesta semana podem ter um aumento de 150% no número de infectados e mortos pelo coronavírus em 10 dias. As projeções, de acordo com o especialista em modelagem computacional Domingos Alves, do portal Covid-19 Brasil e que foi o entrevistado da reportagem, foram baseadas nos números oficiais e nas taxas de crescimento dos casos em cidades que afrouxaram o isolamento, como aconteceu em Blumenau (Santa Catarina) e Milão (Itália). Na cidade catarinense, após a reabertura dos shoppings e das lojas de rua, os casos confirmados de Covid-19 cresceram 160% cinco dias após esse movimento. 

O mesmo grupo do portal Covid-19 Brasil prevê que um menor distanciamento social no estado de São Paulo, atualmente na casa dos 50%, pode resultar em mais 11 mil casos novos de Covid-19 em dez dias. Isso se o isolamento social cair para 25%. São Paulo, que havia adotado medidas mais rígidas neste sentido, já está em processo de flexibilização.

De acordo com Alves, a consequência disto será uma maior ocupação de leitos nos hospitais e uma sobrecarga no sistema de saúde. Em estados com situação já crítica neste sentido, devem ser os mais atingidos em um primeiro momento. Mas, segundo o especialista, as demais regiões também devem sofrer com os reflexos.

Vacina

O Brasil vai fazer parte de testes de vacina contra Covid-19 que estão sendo realizados pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, em parceria com um laboratório daquele país. Dois mil voluntários vão receber a dose, até o fim do mês de junho.

Segundo informações divulgadas pela empresa que integra a pesquisa, os resultados devem ser divulgados em setembro. A reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) – instituição que fará parte da pesquisa no Brasil -, Soraya Smaili, informou nesta sexta-feira (5 de junho) que o Brasil deverá ter prioridade para as vacinas contra Covid-19, se elas forem consideradas eficazes.

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