Na primeira reportagem desta série, você conferiu as primeiras informações para sanar as dúvidas sobre coronavírus e Covid-19 relacionadas a compras, ambiente de trabalho e higiene e limpeza em geral.
Esta matéria preparada pela equipe do Saúde Debate abrange dados importantes sobre higiene pessoal, animais de estimação e máscaras. Confira:
É possível pegar coronavírus do meu animal de estimação?
Esta se tornou uma das principais dúvidas sobre coronavírus e Covid-19. Não há estudos comprovando a transmissão dos animais para os humanos. Existiram sim casos de animais de pacientes com Covid-19 infectados com o coronavírus. Há essa possibilidade de alguns animais serem infectados pelo contato próximo com humanos infectados, mas ainda são necessárias mais evidências para entender se os animais podem espalhar o vírus. Atualmente, com as evidências científicas estabelecidas, o principal fator de transmissão continua sendo entre os humanos.
Também é cedo, segundo a OPAS, dizer se os gatos podem ser um hospedeiro intermediário na transmissão do coronavírus. O Conselho Federal de Medicina Veterinária lançou um documento informando que, até o momento, não existem evidências de transmissão do vírus de gatos domésticos para o humanos, somente o inverso. Mais detalhes podem ser obtidos aqui.
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) recomenda a lavagem das mãos após tocar nos animais e a praticar a boa higiene dos animais de estimação, além de levá-los ao veterinário regularmente.
Se eu preciso dividir o banheiro com alguém: posso pegar coronavírus das fezes de alguém com Covid-19?
Investigações iniciais sugiram que o vírus podem estar presente nas fezes em alguns casos, mas até o momento não há relatos de transmissão fecal-oral do coronavírus ou mesmo evidências da sobrevivência do vírus em água ou esgoto, segundo a OPAS. A SBI informa que o risco de transmissão por essa via parece ser baixo e reforça, mais uma vez, a necessidade de lavagem das mãos regularmente, depois de usar o banheiro e antes de comer.
É necessário retirar toda a barba para evitar o coronavírus?
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), não. A entidade salienta que retirar a barba facilita a limpeza e a higiene da região, mas não é preciso raspá-la para evitar a transmissão do coronavírus. No entanto, nesse momento, é importante redobrar a limpeza e higiene da pele e do pelo com água e sabão.
Devo andar com o cabelo preso ou até mesmo cortá-lo?
Também não, de acordo com a SBD. Essa é uma orientação válida para os profissionais de saúde, que geralmente colocam a mão no cabelo e, depois, na máscara. Mas, para a população em geral, a medida não possui eficácia. De qualquer forma, é importante manter os fios limpos, redobrando os cuidados.
Manter as unhas curtas previne a contaminação?
A Sociedade Brasileira de Dermatologia divulga que, pelo menos nesse momento, cortar as unhas vai facilitar a limpeza, principalmente na parte onde é difícil realizar uma higiene correta. Unhas muito longas, tanto naturais quanto artificiais, comprometem a limpeza total das mãos, que sempre estão em contato com superfícies.
Somente o álcool em gel é eficaz na higiene das mãos?
Grande parte dos especialistas defende que a lavagem das mãos com água e sabão ou sabonete líquido é mais do que suficiente. A operação deve durar de 40 a 60 segundos para ter eficácia. Para complementar a limpeza ou quando se está fora de casa, por exemplo, o álcool em gel pode ser utilizado para a higienização das mãos. Deve ser utilizado o álcool em gel 70% medicinal ou para o uso específico para a higienização das mãos. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) enfatiza que não deve ser usado o álcool de limpeza doméstica nas mãos, e muito menos receitas caseiras, que não funcionam.
A entidade ainda alerta que o álcool em gel 70%, apesar de ser um aliado na prevenção, pode causar ressecamento da pele se usado em excesso. Por isso, deve ser utilizado apenas se não for possível lavar as mãos com água e sabão. Depois do álcool em gel é possível passar um hidratante, caso a pele esteja ressecada.
E o celular? Preciso limpá-lo para evitar uma possível transmissão?
Sim. Para fazer a limpeza, desligue o celular e tire-o da tomada. Para higienizar a tela, panos macios umedecidos com álcool isopropílico com concentração de 70% (não confundir com álcool em gel 70%), sempre com movimentos suaves. Evite umidade nas aberturas do aparelho, incluindo a porta de carregamento, a entrada do fone de ouvido, microfones e alto falantes. Não se esqueça de limpar a capinha.
Há risco de transmissão pelo ar-condicionado?
Até o momento, não existem evidências de que equipamentos de ar-condicionado ofereçam riscos de transmissão do coronavírus. De qualquer forma, a Sociedade Brasileira de Infectologia recomenda a higienização frequente dos aparelhos.
A máscara de pano funciona como proteção?
O Ministério da Saúde e outros órgãos de saúde passaram a recomendar o uso de máscaras de tecido para a proteção da população em geral. No Paraná, a máscara se tornou obrigatória em espaços públicos e coletivos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a máscara de pano atua como uma barreira mecânica na prevenção da contaminação pelo novo coronavírus. A máscara de tecido pode diminuir a disseminação do vírus por pessoas assintomáticas ou pré-sintomáticas que podem estar transmitindo o vírus sem saberem, porém não protege o indivíduo que a está utilizando, já que não possui capacidade de filtragem. O uso da máscara de tecido deve ser individual. As máscaras não podem ser compartilhadas.
Os pacientes com sintomas respiratórios, como tosse, espirros e dificuldade de respirar, devem usar a máscara cirúrgica, assim como os profissionais de saúde e aqueles que prestarem assistência ao paciente suspeito ou confirmado de Covid-19.
A SBI destaca que, mesmo com a máscara, a população deve manter outras medidas de prevenção já recomendadas, como distanciamento social; evitar tocar os olhos, nariz e boca; e higienizar as mãos com água e sabonete ou sabão ou álcool a 70%.
Então pessoas com máscaras podem contrair o coronavírus?
Podem. A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) faz esse alerta. Máscaras devem ser usadas, mas não podem ser esquecidas as outras medidas de prevenção, já citadas. As máscaras cirúrgicas devem ser descartadas a cada quatro horas, quando usadas em ambientes externos. Dentro de casa, o uso da mesma máscara pode se manter até que ela fique úmida ou suja.
Sobre as máscaras de tecido, elas devem ser trocadas a cada duas horas. Conforme as orientações do Ministério da Saúde, se precisar trocá-la enquanto estiver na rua, deposite a máscara suja em uma sacola plástica e feche-a. Chegando em casa, retire os sapatos, lave bem as mãos e depois retire a máscara. Remova-a pelo elástico ou parte traseira. Não pode tocar na parte da frente, pois pode estar contaminada.
Para higienizar as máscaras, coloque-as em um recipiente com água potável e água sanitária por 30 minutos. A proporção de diluição a ser utilizada é de 1 parte de água sanitária para 50 partes de água (por exemplo: 10 ml de água sanitária para 500 ml de água potável). Depois, lave a máscara com água e sabão, enxaguando em água corrente. Deixe secar bem. Em seguida, passe ferro quente e guarde as máscaras em uma sacola plástica ou em um saco plástico limpo para a próxima utilização.
* A série de perguntas e respostas sobre dúvidas sobre coronavírus e Covid-19 foi elaborada com base nas informações da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Conselho Federal de Medicina Veterinária e Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT)
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