Paraná ainda pode ter semana mais crítica da epidemia, mesmo com medidas mais restritivas

O Paraná vem apresentando uma escalada nas confirmações de Covid-19 no último mês e ainda pode ter a semana mais crítica da epidemia, mesmo com as medidas mais restritivas anunciadas pelo governo estadual nesta segunda-feira (30 de junho), o que inclui o fechamento das atividades consideradas não essenciais pelos próximos 14 dias. Conforme projeções do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), o estado deve chegar a 30 mil casos até o dia 5 de julho. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), eram 22.623 confirmações de Covid-19 e 636 mortos pela doença no último dia do mês de junho.

O professor da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), José Rocha Faria Neto, também está acompanhando os números e a evolução da doença no estado. Para a semana entre os dias 24 e 30 de junho, ele havia projetado que o Paraná passaria pela semana mais crítica da epidemia até então. “De 17 a 23 de junho, o aumento no número de admissões nas UTIs na região leste do estado havia crescido 15%. Na semana de 24 a 30, cresceu exatamente o mesmo índice. O cenário continua sendo difícil, com um aumento no número de casos e aumento nas admissões em UTI”, explica. Faria Neto afirma que, na evolução verificada nos últimos dias, a região leste do Paraná (onde estão situadas Curitiba e Região Metropolitana) apresenta o pior cenário do estado neste momento. 

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De acordo com o professor, as medidas mais restritivas anunciadas pelo governo do Paraná para sete regiões do estado, na tentativa de frear o avanço do coronavírus, devem surtir efeito em uma semana, pelo menos. “Por isso, pode ser que nessa próxima semana os números ainda piorem nas regiões mais críticas, em especial na capital. As medidas (do governo do estado) foram muito bem feitas e poderiam até mesmo ter sido implementadas na semana anterior”, avalia Faria Neto, indicando como razão para a possibilidade a taxa de ocupação dos leitos destinados para o tratamento de Covid-19, que chegou a 76% no dia 30 de junho. “É um número bastante crítico. Os números podem piorar nos próximos dias porque vamos ver resultado do decreto estadual daqui a uma semana. O curso da epidemia é um grande transatlântico: não tem como fazer curva rápida, não tem como mudar o rumo de um dia para outro. Podemos ainda enfrentar dias difíceis”, comenta. 

No dia 30 dia de junho, a Sesa registrou o recorde de confirmações de Covid-19 em um único dia: foram 1.536 novos casos no Paraná. Faria Neto ressalta que os números vêm crescendo devido ao maior contágio, e não apenas por uma maior identificação de casos em função da ampliação na testagem. “Essa evolução não é apenas porque estão sendo feitos mais testes. Há um maior número de internamentos e de admissões em UTIs, ou seja, de casos graves. E não de identificação somente de casos assintomáticos. A testagem deve continuar sendo feita, mas não é apenas por isso que os números no Paraná cresceram significativamente”, esclarece. 

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p class=”ql-align-center”>Gráfico do boletim da Covid-19 da Secretaria de Estado da Saúde divulgado no dia 30 de junho

Durante o anúncio das medidas mais restritivas em parte do estado, o secretário de Saúde, Beto Preto, divulgou as projeções do Ipardes para os casos de Covid-19 até 5 de julho. O professor da Escola de Medicina da PUCPR compartilha as mesmas estimativas, lembrando que o Paraná ainda pode ter a semana mais crítica da epidemia. “A população deve agora colaborar. Não existe outra solução a não ser o distanciamento para diminuir a taxa de contágio”, opina.

Ele enfatiza que isso é necessário, mesmo com o governo estadual e as prefeituras abrindo mais leitos para o tratamento da Covid-19. “O número de leitos tem aumentado, o governo vem conseguindo disponibilizá-los. Mas a questão não é apenas leito. Existe toda uma estrutura por trás, como material e profissionais”, salienta.

Segundo Faria Neto, o Paraná ainda possui o melhor cenário do país, levando em consideração o número de casos de Covid-19 a cada 100 mil habitantes. Mesmo assim, o professor lembra que os paranaenses terão que se acostumar com a adoção frequente de medidas “flutuantes” em relação à epidemia, como o “abre e fecha” de serviços e estabelecimentos, na tentativa de frear a disseminação do novo coronavírus. 

Clique aqui para conferir o decreto 4942, do governo do Paraná, que estabeleceu medidas mais restritivas em algumas regiões do estado a partir de 1º de julho, com vigência de 14 dias.

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