A maior transmissão do coronavírus no início de 2022 mostra o potencial de transmissão da variante Ômicron, que já é a predominante entre os casos positivos em vários estados brasileiros, conforme sequenciamento genético feito por diferentes institutos, como a Fiocruz. Diante disso, há necessidade de adaptação na prevenção, incluindo saber qual é a melhor máscara para se proteger contra a Ômicron – e efetivamente usá-la de maneira correta.
As máscaras se tornaram equipamentos fundamentais para a proteção da população perante à Covid-19. No início da pandemia, há quase dois anos, a escassez de produtos específicos fez com que houvesse a recomendação das máscaras de tecido, que atenderam às necessidades naquele momento, ainda mais por gerarem um acesso fácil e barato.
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No entanto, as máscaras de tecido não oferecem uma proteção tão elevada quanto outros tipos de máscaras. “Existem diferentes tipos de máscaras e cada uma traz benefícios. Algumas têm benefícios ainda superiores”, explica o médico infectologista Bernardo Montesanti Machado de Almeida, diretor médico do laboratório Hilab, de Curitiba (PR).
De acordo com ele, a máscara de tecido foi a mais disseminada no Brasil por ser de custo baixo e por que poderiam até mesmo ser feitas em casa. Entretanto, mesmo as confeccionando a partir das recomendações das autoridades de saúde, elas ainda não oferecem uma boa proteção contra o coronavírus, em especial agora perante a Ômicron, com maior potencial de transmissão.
“Usar a máscara de tecido é melhor do que não usar nada. Porém, a proteção da máscara de tecido é muito marginal. Há um benefício pequeno, especialmente agora com a Ômicron, com maior capacidade de transmissão. Faz com que esse benefício caia ainda mais”, esclarece.
Então, qual é a melhor máscara para se proteger contra a Ômicron? As máscaras cirúrgicas, que se difundiram ao longo da pandemia de Covid-19, também não são as mais apropriadas neste momento. Segundo Almeida, a máscara cirúrgica traz uma proteção moderada. “Este tipo de máscara não é reutilizável e devem ser usadas no máximo até quando ficarem úmidas, o que acontece pela própria respiração. Ela é mais cara (na comparação com a de pano, por exemplo), mas o mercado já se adaptou à demanda e os custos são mais acessíveis”, analisa o médico infectologista.
O entendimento cada vez maior sobre o papel das máscaras na prevenção faz com que haja uma preferência, neste momento da pandemia – com mais potencial de transmissão do vírus -, pelas máscaras PFF2 ou N95. Almeida conta que essas máscaras ficam mais bem vedadas ao rosto. Além disso, elas contam com material diferenciado, criando uma barreira maior contra o vírus.
“As máscaras PFF2 ou N95 são utilizadas em ambientes hospitalares ou de maior risco. Ou quando há geração de aerossóis pelo paciente (caso de espirros, tosse e até mesmo a fala de uma pessoa infectada). Deve ser especialmente utilizada sob o ponto de vista público para situação de maior risco, como ambientes fechados ou onde há mais pessoas. Essas máscaras devem sim ser usadas dentro de uma estratégia ampla de proteção”, esclarece.
Se a melhor máscara para se proteger contra a Ômicron é a desta categoria – PPF2 ou N95 -, como então utilizá-las corretamente no dia a dia? O médico infectologista Bernardo Montesanti Machado de Almeida explica que essas máscaras devem ser utilizadas, por exemplo, em ambientes de trabalho e escritórios, ou espaços em que não há boa ventilação e pé direito baixo, com mais pessoas no ambiente. “Nestes casos, elas cumprem, sim, o seus papéis e aumentam a proteção. É necessário usar em todo o período em que se estiver nestas condições”.
Agora, para trajetos ao ar livre, com ambiente aberto, pode ser utilizado outro tipo de máscara. Desde que a pessoa esteja sozinha ou na companhia de quem mora junto dela, por exemplo. Agora, se há o envolvimento de outras pessoas, mesmo na rua ou outros ambientes arejados, a máscara com maior proteção se faz necessária.
Almeida lembra que as máscaras PPF2 ou N95 podem ser mais caras do que as de tecido. Entretanto, já existem no mercado diferentes modelos e preços. Além disso, este tipo de máscara pode ser reutilizada várias vezes por uma mesma pessoa. E isso faz com que haja uma relação custo x benefício mais elevada. “Apesar de serem máscaras mais caras, podem ser reutilizadas. Deixá-las tomando banho de sol por algumas horas, após o uso, já é suficiente. Não tem um período máximo de utilização. Enquanto estiver viável, íntegra e vedando bem, pode ser reutilizada”, destaca.
E um alerta importante: todo tipo de máscara deve ser usada de forma correta, sempre cobrindo nariz e boca. É necessário também não ficar mexendo no equipamento de segurança o tempo todo. Bem encaixado, o dispositivo auxilia na proteção. Deve ser presa bem, sem deixar folgas no rosto.
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