Ressignificação da profissão farmacêutica: 4 dicas para se destacar na área

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(Foto: bearfotos/Freepik)

A função do farmacêutico experimentou alterações profundas ao longo do tempo. Anteriormente visto como uma figura central na comunidade e um símbolo de cuidado e assistência, o advento da industrialização farmacêutica e as mudanças nas regulamentações comerciais distanciaram esse profissional das práticas clínicas tradicionais. Contudo, recentemente, impulsionado pelo surgimento de novas regulamentações, avanços tecnológicos e eventos como a pandemia de Covid-19, o farmacêutico está redescobrindo seu papel vital como um influente agente de saúde. 

Afinal, hoje, as farmácias já não são mais do que simples pontos de venda de medicamentos; seguem caminhos para se tornarem verdadeiros hubs de saúde, oferecendo uma gama cada vez mais ampla de soluções para a saúde e o bem-estar, como exames rápidos, vacinas e procedimentos clínicos. Para se ter ideia do potencial em cena, as farmácias brasileiras se consagram os estabelecimentos com maior capilaridade de saúde do país. Há cerca de 90 mil unidades amplamente distribuídas em todo o território – dados de mercado estimam que 99% dos municípios têm ao menos uma ou mais farmácias. Na verdade, o total de estabelecimentos atualmente corresponde ao dobro de unidades básicas de saúde (UBS) existentes no Brasil, que somam aproximadamente 45 mil pontos de assistência do SUS, maior sistema de saúde pública do mundo. 

Em outras palavras, o cenário presente e futuro de toda a cadeia está trazendo à tona a ressignificação e valorização tanto do farmacêutico quanto das farmácias. Portanto, mais do que nunca, ao ingressar ou progredir na área, é crucial desenvolver habilidades que vão além da expertise técnica. 

Comunicação adequada  

A comunicação é uma das aptidões essenciais, tanto na interação com outros profissionais de saúde, quanto no diálogo direto com os usuários. O farmacêutico precisa, sobretudo, ser um elo entre o conhecimento técnico e a compreensão do paciente, cultivando a empatia e facilitando o entendimento das prescrições e orientações. Sendo assim, ela deve ser clara e objetiva para evitar desencontros de informações ou mensagens incompletas. Ainda para tudo isso acontecer de forma exemplar, o profissional deve ter uma retaguarda de conhecimento arrojada, demonstrando domínio na área e, consequentemente, construindo confiança. 

Habilidades clínicas e de gestão  

Costumamos dizer que dentro das farmácias há dois perfis de farmacêuticos: o clínico e o gestor.  As competências clínicas são desenvolvidas através da experiência cotidiana e enriquecidas por meio de especializações, ampliando as oportunidades de atuação. Em contrapartida, no segmento de gestão, a ênfase recai sobre liderança e eficiência na administração, abrangendo também a gestão eficaz do tempo. Portanto, é crucial aprender a discernir e priorizar as tarefas verdadeiramente importantes, abordando-as de forma estratégica. Seja qual for a identificação do profissional, é importante sempre se aperfeiçoar em meio à atuação escolhida. 

Aprendizado contínuo: tecnologias em ascensão 

No universo dinâmico da saúde, não tem como um farmacêutico se manter relevante se não continuar estudando e atento às tendências da área. Com a constante evolução tecnológica, no sentido amplo da palavra, que perpassa as áreas de genética, desenvolvimento de novos medicamentos, entre outras vertentes, isso tem se acentuado ainda mais. Por isso, é preciso estar sempre em busca de novos cursos, reciclando os conhecimentos para não se tornar um profissional obsoleto. Trata-se ainda de um grande desafio a todos os talentos do setor: manter-se atualizado frente a um mar de informações, mitos e até mesmo fake news. Ainda vale lembrar que por trás da capacitação está o seu posicionamento dentro do cenário da farmácia como um profissional de referência. 

Ética profissional: LGPD e compliance 

Em um setor tão sensível como o farmacêutico, manter a integridade em todas as interações, respeitando a confidencialidade dos pacientes e seguindo os mais altos padrões éticos, é também essencial. Isso construirá uma reputação sólida e confiável ao longo da carreira. Além disso, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e os princípios de compliance são aspectos críticos a serem considerados, a fim de garantir que o profissional atue em conformidade com as normativas, promovendo a segurança de todas as informações em mãos. 

Ao considerar esses principais pontos-chaves, os atuais e futuros farmacêuticos certamente podem garantir a diferenciação profissional necessária diante dos novos tempos. É ainda assim que a farmácia se torna não apenas ponto de venda de medicamentos, mas também unidade de apoio vital para toda a comunidade, com o potencial de se consolidar a principal porta de entrada à atenção primária do Brasil. 

*Cassyano Correr é farmacêutico, doutor em Medicina Interna e fundador da Clinicarx – Plataforma de Serviços de Saúde para Farmácias e Consultórios

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