Relatos sobre queimaduras após o uso de álcool gel têm sido frequentes nesta pandemia de Covid-19, período no qual aumentou consideravelmente o uso do produto como forma de prevenção na transmissão do novo coronavírus. E como a concentração de 70% de álcool é a indicada para ter função anti séptica, cresce também seu teor inflamável.
Por isso, é necessária atenção para o uso correto do álcool em gel, com o objetivo de evitar queimaduras.
Dados da SBQ (Sociedade Brasileira de Queimaduras) mostram que, desde março, mais de 400 pessoas foram internadas com queimaduras relacionadas ao álcool 70% na sua forma gel ou líquida. Casos como esses eram inéditos até então.
O professor de Química do Colégio Marista Paranaense, José Rivellino Rocha, alerta que o álcool gel 70% é uma substância inflamável por conter etanol e é preciso ter cuidado ao utilizá-lo. “Quanto mais concentrada for a solução, mais inflamável o produto é. Em receitas que pedem bebidas alcóolicas para flambar por exemplo, vemos que com 30% de concentração alcóolica já é possível gerar chamas”, explica o professor Riva.
Ele esclarece que o risco existe enquanto o produto estiver úmido na pele. “Quando a pessoa passa o álcool gel nas mãos e o produto ainda não evaporou, a pele ainda está molhada, há risco. Se essa pessoa se aproximar de uma fonte de calor, como um isqueiro, fogão ou churrasqueira, vai pegar fogo”, revela. “O ideal é esperar o produto secar por completo, depois de alguns minutos, pois aí a probabilidade de pegar fogo é mínima”, conta professor Riva.
A atenção para o uso correto do álcool em gel também passa pela compra do produto correto. O professor alerta para versões caseiras e o uso do álcool vendido em postos de gasolina. “O etanol definitivamente não pode ser usado para limpeza das mãos, pois é altamente inflamável e nocivo à pele e à saúde. Mesmo receitas caseiras que indicam misturas e combinações não devem ser feitas com o combustível em nenhuma hipótese”. Em casa, ou quando houver acesso à água e sabão para higienizar as mãos é a melhor opção. O álcool gel pode ser usado para ocasiões em que se está fora de casa, por exemplo, conclui.
De olho na procedência
De acordo com o professor de Química do Colégio Marista Paranaense, Paulo Christoff, é importante sempre utilizar produtos de procedência confiável. “Produtos caseiros ou falsificados não são confiáveis, pois não podemos saber qual é a proporção de álcool contido ao certo, nem das outras substâncias que fazem parte do suposto álcool gel”, explica. “Apenas profissionais com formação técnica, como químicos ou farmacêuticos, por exemplo, podem ser os responsáveis técnicos pela produção de álcool gel realmente seguro e eficaz”, completa.
Leia também – Efeito da pandemia: cuidados com o excesso de reuniões online e videochamadas