O que é mito e verdade sobre o novo coronavírus?

O que é mito e verdade sobre novo coronavírus? Ele se tornou tema de muitas mensagens compartilhadas nas redes sociais desde o seu surgimento, na China. Muitas delas, inclusive, são fake news. Ou seja, são informações falsas. Mas, após a confirmação do primeiro caso no Brasil, houve mais uma onda de compartilhamento de informações sobre a doença. São mensagens que tratam sobre a resistência do vírus, a sua transmissão, tratamento e até conselhos para prevenção. 

No entanto, especialistas alertam que muitas destas mensagens também são fake news, que são repassadas e geram mais desinformação do que realmente ajudam. Afinal, o que é mito e verdade sobre o novo coronavírus? Confira abaixo o que dizem os órgãos e autoridades em saúde no Brasil neste momento.

Temperatura



Uma destas mensagens compartilhadas traz detalhes de um suposto artigo escrito por um médico pesquisador que se transferiu para Wuhan, na China, epicentro das transmissões do novo coronavírus, e que fez observações sobre o tema. Entre elas está a de que o vírus não resistem ao calor e que temperaturas de 26 e 27 graus já o matam. “Se isto fosse verdadeiro, o vírus não ficaria vivo no nosso corpo, que tem uma temperatura médica de 36 graus”, salienta o médico infectologista Jaime Rocha, vice-presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia.

Sintomas

A mensagem também traz informações sobre a evolução da doença, e que ela causa tosse seca, coriza e pneumonia. As autoridades de saúde estão informando que são considerados casos suspeitos do novo coronavírus todos aqueles que apresentarem febre e pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, dor na garganta, congestão nasal, cefaleia, mal-estar, dor no corpo) e que tenham viajado para os seguintes países nos últimos 14 dias antes do aparecimento dos sinais e sintomas: Alemanha, Austrália, Camboja, China, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, França, Irã, Itália, Japão, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietnã.

Chá cura o novo coronavírus?

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) alerta que, até o momento, não há medicamentos específicos nem vacina para prevenir contra este vírus. Algumas fake news ainda trazem que água quente ou chás podem matar o vírus, o que já foi desmentido pelo Ministério da Saúde por meio do projeto Saúde Sem Fake News. Mais informações sobre isto podem ser conferidas clicando aqui.

Leia ainda – Saúde Sem Fake News: não existe relação do novo coronavírus com o HIV

Outra citação feita na mensagem e em outras compartilhadas pelas redes sociais é o gargarejo com água quente. Não está comprovado que ele pode prevenir o novo coronavírus. “Fazer gargarejo com água quente não tem nenhum tipo de evidência científica”, diz o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alberto Chebabbo, em entrevista à Agência Brasil.

Outro exemplo de fake news relacionada ao novo coronavírus está sobre a ingestão de vitamina D como forma de prevenir a infecção. A própria SBI desmentiu a informação:

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Tratamento

Para o tratamento das infecções causadas pelo novo coronavírus, são indicados repouso, consumo de bastante água e medicamentos para aliviar os sintomas, como dor e febre. Dependendo da evolução da doença, outras medidas podem ser empregadas. As autoridades de saúde também estão orientando o isolamento do paciente, mas ele está acontecendo em domicílio, tanto nos casos suspeitos quanto no caso confirmado no Brasil.

A mensagem citada nesta matéria do Saúde Debate ainda traz é importante lavar as mãos frequentemente e que isto é muito eficaz, diante do tempo que o vírus permanece vivo em superfícies. Autoridades em saúde e diferentes órgãos estão reforçando a importância da higienização das mãos e dos cuidados no momento de espirrar e tossir, cobrindo a boca e o nariz com o braço ou o cotovelo flexionado, ou ainda utilizando um lenço descartável.

Transmissão

A transmissão acontece de pessoa para pessoa, pelo ar, por meio de tosse ou espirro, pelo toque ou aperto de mão ou pelo contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido então de contato com a boca, nariz ou olhos. Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia, ainda não está claro com que facilidade o novo coronavírus é transmitido de pessoa para pessoa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um indivíduo infectado pelo SARS-CoV-2 pode gerar entre 1,4 e 2,5 novos infectados.

As investigações sobre o vírus continuam. O Ministério da Saúde alerta que o período médio de incubação por coronavírus é de cinco dias, com intervalos que chegam a 12 dias, período em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção. Em média, a transmissibilidade dos infectados pelo novo coronavírus é, em média, sete dias após o início dos sintomas. Mas o ministério salienta que dados preliminares sugerem que a transmissão pode acontecer mesmo sem o aparecimento dos sinais da doença.

Clique aqui para saber o que a Sociedade Brasileira de Infectologia divulgou até o momento sobre o novo coronavírus.

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Desinformação

Especialista em fake news sobre saúde, o pesquisador Igor Sacramento, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz), avalia que as epidemias vieram acompanhadas de boatos e pânico em momentos da história muito anteriores à internet, como a epidemia de peste bubônica que matou milhões de pessoas no século 14.

Um exemplo mais recente é o do vírus Influenza, cuja pandemia foi objeto de boatos na internet há cerca de uma década. Apesar dessa recorrência, ele destaca que o momento atual é preocupante pelo descrédito que a ciência vem sofrendo em parte da sociedade. “As pessoas têm confiado cada vez mais em discursos e informações que não são baseadas em evidências nem na ciência, mas na experiência de pessoas que disseram que isso aconteceu”, alerta. “É muito preocupante quando as pessoas acreditam mais em um testemunho no YouTube do que em um especialista que pesquisou um assunto por anos”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.

Primeiro país a ter sido afetado pela doença, a China vem sendo alvo de parte dessas notícias falsas. Em algumas delas, produtos importados do país asiático são considerados possíveis transmissores do vírus, que, segundo um desses textos, poderia ser transportado pelo ar dentro do plástico-bolha.

Ao desmentir essa informação falsa, o Ministério da Saúde destaca que não há evidências de que isso possa ocorrer, “já que vírus geralmente não sobrevivem muito tempo fora do corpo de outros seres vivos, e o tempo de tráfego destes produtos costuma ser de muitos dias”.   

Igor Sacramento lamenta que, além de confundir a população sobre a prevenção, a desinformação sobre o coronavírus também tenha espalhado preconceitos contra chineses e seus descendentes, com fake news que atribuíram à doença uma falsa origem étnica. “O que a gente vê no processo de construção social de uma doença é o quanto ela revela traços de uma sociedade e de mudanças sociais profundas. No caso do coronavírus, revela o contexto que a gente vive de enorme desinformação”, diz o pesquisador.