Doenças cardiovasculares: estilo de vida é capaz de mudar as estatísticas

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(Foto: rawpixel/Freepik)

Diz uma frase que somos aquilo que comemos. Mas a questão vai além. Somos também o que fazemos e o estilo de vida que levamos é o que dita a qualidade da nossa saúde, de modo geral e daquele que é, literalmente, nosso amigo do peito: o coração, músculo mais importante do corpo e que, a cada batida, fornece alimento e oxigênio às células.

“A maioria das doenças cardiovasculares pode ser prevenida com ações como evitar o fumo e o álcool, manter uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas, medidas simples, que todas as pessoas sabem, mas que boa parte não adota como hábito”, fala o cardiologista Fernando Nobre.

De acordo com a última edição da pesquisa feita pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, divulgada no ano passado e referente a 2021, 57,2% da população está acima do peso e 22,4% são obesos. O cenário traz extrema preocupação pois, das seis doenças que mais levam a óbito no Brasil, duas envolvem o sistema cardiovascular e têm o excesso de peso como fator significativo para a incidência: o infarto do miocárdio e a hipertensão.

De acordo com o Cardiômetro – indicador do número de mortes por doenças cardiovasculares no País, criado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, até 13 de junho, o Brasil registrou 180.952 mortes nesse perfil.

“A principal causa do infarto é a aterosclerose, doença em que placas de gordura se acumulam no interior das artérias coronárias, chegando a obstrui-las. Na maior parte dos casos, ocorre quando há o rompimento de uma dessas placas, levando à formação do coágulo e interrupção do fluxo sanguíneo”, explica o cardiologista. “A hipertensão é um potencial fator de risco para o infarto e, embora possa ser herdada, há vários fatores que influenciam o seu aparecimento, como os hábitos de vida”, completa.

A pesquisa Vigitel fez um panorama do estilo de vida da população brasileira e, de acordo com o levantamento, 48,2% não pratica atividade física suficiente. Na contramão, 66% passam três ou mais horas do tempo livre navegando no celular, tablet, computador ou assistindo TV, hábitos absolutamente sedentários.

No que diz respeito à alimentação, somente 34,2% consomem frutas e hortaliças em cinco ou mais dias da semana e 14% consomem refrigerante nesse período. Já o tabagismo é prevalente em 9,1% da população a partir de 18 anos e o tabagismo passivo (o não-fumante que convive com fumantes) em 6,9%.

À época da pesquisa, 18,3% dos entrevistados com idade a partir de 18 anos, declararam que nos últimos 30 dias consumiram quatro ou mais doses (mulheres) ou cinco ou mais doses (homens) de bebida alcoólica. “Ainda mais grave, 10% dos homens e 2% das mulheres confessaram ter dirigido veículos após terem ingerido algum tipo de bebida alcoólica”, pontua o médico.

O especialista lembra que se faz cada vez mais necessário um trabalho intenso de prevenção junto à população. “É preciso intensificar programas de combate ao fumo e ao consumo de álcool, que estimulem a alimentação saudável e a prática de atividade física, e facilitar o acesso a essas questões”, pontua. “Além de ser feito um trabalho contínuo junto aos pacientes, sobretudo na Atenção Primária, que é a porta de entrada do sistema de saúde e onde as ações voltadas à prevenção podem refletir significativamente na diminuição das mais variadas doenças”, conclui.

*Informações Assessoria de Imprensa