Você sabia que nem todo exame por análises clínicas exige jejum?

    Muita gente não sabe disso, mas nem todo exame de análises clínicas exigem o jejum. Mesmo quando o médico solicitante explica na consulta, ainda assim muitas pessoas preferem ir aos laboratórios, “só por garantia”, sem comer. “Percebemos que esse é um conceito difícil de desconstruir, é como se fosse um condicionamento. É crucial ouvir as orientações médicas com atenção e confiar nelas”, comenta o diretor médico da Unimed Laboratório, Mauro Scharf. Parece só um detalhe, mas saber se seus exames necessitam ou não de jejum possibilita organizar a rotina e eliminar jejuns desnecessários. “Principalmente nesse momento de pandemia, essa informação permite às pessoas manter a periodicidade de seus exames e o cuidado consigo mesmo fazendo exames em horários de menor movimento, com menor exposição”, afirma.

    Outro ponto importante, destaca Scharf, é que no caso da necessidade do jejum, nem sempre ele precisa ser longo, de 12 horas. “Há sim aquelas coletas que precisam ser feitas com esse tempo todo de jejum, mas a maioria dos exames de sangue atualmente pode ser feito com 3 horas sem ingerir alimentos. Isso também interfere no planejamento do tempo com horários mais flexíveis”, indica. Ou seja, torna possível para realizar procedimentos em horários alternativos como a hora do almoço ou o fim da tarde, por exemplo, aproveitando todo o horário de funcionamento dos laboratórios, ou até mesmo a coleta domiciliar.

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    Exemplos

    O médico reumatologista Maxwell Cassio De Albuquerque Pessoa, do Centro de Infusão da Megaunidade Unimed Laboratório, conta que “muitos exames que solicito para avaliação de controle de tratamento e diagnóstico não exigem jejum. Por exemplo, hemograma, função hepática (TGO, TGP) e renal (ureia e creatina), e ainda exames que medem as provas inflamatórias como VHS (velocidade de hemossedimentação) e PCR (proteína C reativa)”. Outros exames que costumam fazer parte das suas indicações e que também não exigem jejum, segundo ele, são para quando há suspeita de algumas doenças reumáticas autoimunes como Fator reumatoide, Fator Antinuclear, além de dosagem de autoanticorpos.

    Já o diretor da Unimed Laboratório, que é médico endocrinologista, exemplifica que em sua especialidade, por exemplo, “muitas pessoas apresentam doenças tireoidianas ou alguma disfunção da glândula tireoide (responsável por liberar hormônios através da corrente sanguínea para todas as células e cada órgão do corpo). Quando há uma doença tireoidiana, por excesso ou falta da produção desses hormônios, é comum termos que realizar exames para acompanhamento dos quadros. Por exemplo, o TSH (hormônio estimulador da tireoide) e o T4 livre (hormônio tiroxina sérica), não exigem jejum. As pacientes podem ir durante a tarde fazer a coleta sem eventual prejuízo nos resultados”.

    Quando o jejum é necessário?

    Ambos os médicos ressaltam que sempre orientam individualmente quando os exames necessitam de jejum, especialmente com relação ao tempo necessário sem a ingestão de alimentos para realização dos mesmos. Isso deve ser o habitual para godas as especialidades, pois os exames são ferramentas para o diagnóstico e cada caso é um caso.

    O reumatologista esclarece que “geralmente, a orientação do jejum é para exames como glicemia, que recomendo 8 horas de jejum, e para dosagem de colesterol e triglicerídeos que solicito 10 horas de jejum. A importância desse cuidado é necessária para diagnóstico de algumas doenças, especialmente metabólicas, cujos resultados são influenciados por alterações hormonais e metabólicas relacionadas aos estados de jejum e pós alimentares. Aqueles exames que não exigem o jejum é porque não sofrem essas influências”.

    Por fim, Pessoa ressalta ainda que não seguir a recomendação afeta o diagnóstico porque pode acarretar em alterações nos resultados, dificultando a vistoria clínica de algumas doenças. Inclusive, ele orienta que o paciente avise seu médico na hora da interpretação dos resultados, caso não tenha sido feito o jejum.

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