Apesar dos indicativos de queda no número de casos e mortes em algumas regiões do Brasil, os dados relacionados à pandemia de Covid-19 ainda estão altos. Parte da população se interessa pelos testes de Covid-19 para saber se tem ou se já teve a doença. Os testes são usados, principalmente, para a confirmação do diagnóstico em pessoas que apresentaram sintomas e que procuraram o serviço médico. Mas você sabe a diferença dos testes de Covid-19 disponíveis atualmente?
São diversos os exames que podem ser aplicados hoje na população, mas cada um deles funciona de forma única e deve ser aplicado em situações específicas. Por isto, é importante saber a diferença dos testes de Covid-19.
A testagem é recomendada por diversas autoridades de saúde, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS), como uma forma de controle de pandemia. No entanto, é necessário que a população tenha mais conhecimentos sobre os testes de Covid-19 e suas diferenças.
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Além disso, existe a possibilidade de fazê-los em diversos estabelecimentos, como laboratórios, farmácias e hospitais. Ou ainda pela modalidade drive-thru ou a domicílio. Nem sempre há necessidade de requisição médica para a realização do teste de Covid-19, dependendo do tipo.
“Muitos ainda não sabem quando procurar atendimento médico e nem qual exame deve ser feito. Infelizmente, as fakenews sobre o assunto acabam prejudicando muito esse processo de informação”, explica o médico infectologista responsável pela Unimed Laboratório, de Curitiba (PR), Jaime Rocha.
Cada teste de Covid-19 tem sua indicação. Por isso, é necessário verificar com um profissional de saúde o melhor para cada caso. Também é importante observar o tempo de realização do teste em cada situação, dependendo do tempo do surgimento dos sintomas e da exposição ao risco de contaminação pelo novo coronavírus.
Conforme a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), essas são as principais diferenças dos testes de Covid-19:
RT-PCR (também conhecido como o teste do cotonete) – Exame molecular de alta complexidade, o RT-PCR é o teste indicado para detecção da infecção pelo novo coronavírus na fase aguda da doença, ou seja, logo nos primeiros dias após o surgimento dos sintomas. Essa metodologia consiste na identificação do RNA do vírus na análise de amostras nasofaríngeas coletadas até o sétimo dia da infecção por meio de um cotonete estéril (swab).
Considerado o padrão ouro pela OMS devido à sua alta sensibilidade e especificidade, é o exame ideal para a contenção da transmissão do patógeno por permitir que os indivíduos infectados sejam identificados e possam permanecer em isolamento, além de garantir que as pessoas que estiveram em contato direto com esse paciente também sejam testadas e, caso apresentem resultados positivos, isoladas. Os resultados levam, em média, 48 horas para serem disponibilizados.
Sorológicos – Diferentemente do RT-PCR, que identifica o código genético do vírus, os testes sorológicos detectam anticorpos. Portanto, é preciso respeitar a janela imunológica (tempo que o organismo leva para produzir anticorpos detectáveis) realizando esses testes no mínimo oito dias após o surgimento dos sintomas (estudos publicados mostram que a sensibilidade desses exames aumenta após a terceira semana da infecção). Os testes sorológicos podem ser os chamados “testes rápidos” ou com amostra de sangue do paciente.
Teste rápido (Foto: Arquivo / Leopoldo Silva / Agência Senado)
- Testes rápidos: Existem diferentes metodologias de testes sorológicos. Os testes rápidos, que são realizados pela punção digital, ou seja, por um pequeno furo na ponta do dedo do paciente, são qualitativos e há grande variabilidade na sensibilidade desses kits. Os testes rápidos têm resultados entregues em poucos minutos. São as modalidades feitas, especialmente, nas farmácias.
- Teste de sangue: Já os testes sorológicos realizados em laboratório são feitos em amostras venosas coletadas em ambiente adequado e processadas em diversas metodologias como a ELISA e a quimioluminescência, entre outras. Esses exames, diferentemente dos testes rápidos, são quantitativos, ou seja, capazes de apontar a quantidade de cada anticorpo presente naquela amostra e realizados por profissionais capacitados, em ambientes laboratoriais com equipamentos que permitem escalabilidade e garantia da qualidade. Hoje, após acompanhar as particularidades da Covid-19, a maioria dos laboratórios está oferecendo exames sorológicos para detecção de anticorpos totais (IgG + IgM) por acreditarem que esses exames trazem mais assertividade do que os que detectam o IgG e o IgM isoladamente. Os testes sorológicos de laboratório costumam ter os resultados disponíveis em 24 horas.
“Vale lembrar que o médico solicita este tipo de exame para saber se o paciente já teve a doença. Porém, ainda não há evidência científica suficiente para garantir que as pessoas que já foram infectadas estejam imunes à Covid-19. Os exames são muito importantes, também, para o controle epidemiológico”, destaca o médico infectologista Jaime Rocha, do Laboratório Unimed.
Teste de Covid em Curitiba: Unimed Laboratório dobra capacidade de testagem do RT-PCR
Proteômica – Assim como o RT-PCR, o teste por proteômica é realizado em amostras nasofaríngeas que devem ser coletadas até o sétimo dia do início dos sintomas para detecção da Covid-19 na fase aguda. Porém, enquanto o RT-PCR detecta o RNA do vírus nessas amostras, o método proteômico por espectrometria de massas detecta a proteína do novo coronavírus. Por ser totalmente automatizado, é apontado como uma alternativa ao RT-PCR e observado como oportunidade para testagem em massa e para o controle da expansão dos casos.
Considerando que a proteína é mais estável do que o RNA do vírus, o método oferece melhor estabilidade permitindo que as amostras sejam transportadas em temperatura ambiente, característica excelente para um país continental como o Brasil, onde muitas vezes as amostras percorrem milhares de quilômetros entre a coleta e seu processamento. Os resultados ficam prontos em média em três dias úteis.
Sequenciamento genético de nova geração – O Brasil desenvolveu o primeiro teste genético do mundo para detecção em larga escala do novo coronavírus utilizando a técnica de Sequenciamento Genético de Nova Geração (Next Generation Sequencing – NGS). Com 100% de especificidade, o exame não apresenta casos de falsos positivos e oferece 90% de sensibilidade, o que também reduz drasticamente a chance de falsos negativos. O teste é processado por amostras coletadas com swabs em contato com a região nasal ou com a saliva dos pacientes nos primeiros dias dos sintomas.
O exame é apontado como alternativa viável para diagnóstico em massa por permitir um volume de processamento 16 vezes maior do que o RT-PCR e, assim, poder contribuir para a contenção da disseminação da infecção. Os testes têm resultados disponibilizados em média em três dias úteis.
RT-LAMP – Para detecção na fase aguda da doença, o exame molecular pela metodologia RT-LAMP (amplificação isotérmica mediada por alça com transcrição reversa), assim como o RT-PCR, permite a detecção do material genético do novo coronavírus, porém em amostras de saliva dos pacientes que devem ser coletadas nos primeiros dias dos sintomas. Com especificidade de 100%, ou seja, não gera resultados falsos positivos, o teste tem sensibilidade equiparada ao RT-PCR (baixa chance de falsos negativos) e surge como um reforço para que a sociedade brasileira possa aumentar sua capacidade de testagem principalmente por utilizar reagentes e equipamentos que não estão escassos e gerar resultados em até uma hora.
Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba (PR), realiza testes da Covid-19 pelo sistema drive-thru
Avaliação
Para Jaime Rocha, ainda que seja necessária uma testagem em massa, é preciso evitar solicitações de exames para pacientes assintomáticos devido ao risco de escassez dos insumos em função da grande demanda. Ele também faz um alerta: “É fundamental que a pessoa com suspeita da doença passe por avaliação médica, evitando, assim, realizar exames desnecessariamente ou de forma equivocada. Existem protocolos específicos para as testagens e eles precisam ser adotados e respeitados, ou seja, o médico é quem avalia e orienta o que deve ser feito, quando e como”.
Resposta do setor de diagnóstico
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p class=”ql-align-center”>Drive-thru foi uma das novidades durante a pandemia (Foto: AEN)
De acordo com a Abramed, no Brasil, assim que o primeiro caso de Covid-19 foi confirmado, os laboratórios privados iniciaram um trabalho imediato para desenvolver, artesanalmente, os testes moleculares recomendados pela OMS, necessários para confirmação do diagnóstico da doença. Desde então, foram inúmeras as ações para contribuir com a contenção da pandemia e garantir o acesso da população aos testes capazes de detectar a infecção.
“A resposta do setor privado de medicina diagnóstica no país foi extremamente rápida. Assim que houve a confirmação da chegada do novo coronavírus em nosso território, os laboratórios trabalharam para desenvolver os kits de diagnóstico in house. Nas primeiras semanas, processavam centenas de exames moleculares RT-PCR diariamente. Porém, em pouco tempo já tinham capacidade para processar milhares de exames a cada 24 horas”, comenta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).
Mesmo enfrentando dificuldades como, por exemplo, a falta de insumos – prioritariamente importados – em alguns momentos da pandemia e problemas logísticos ocasionados pela interrupção da malha aérea, esses laboratórios seguiram atuantes para ampliar a capacidade de testagem no país.
Em termos operacionais, além do desenvolvimento de kits e exames, os laboratórios desenvolveram novas formas de logística, como o sistema drive-thru para coleta de amostras visando evitar aglomeração nas unidades de atendimento.
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