Aproveitando o ensejo da campanha referente ao mês, Setembro Amarelo, é oportuno abordar o assunto relacionado à depressão e o impacto que a doença pode ter na vida de um indivíduo que a enfrenta, sua família e amigos, embora não somente nessa época do ano, como todos os outros meses também.
A depressão é um transtorno do humor, crônico e recorrente, que pode variar de níveis indo de um pólo mais leve até outro mais profundo, intenso e incapacitante.
Um indivíduo diagnosticado com depressão pode apresentar uma série de sintomas os quais quando bem observados poderão corroborar o diagnóstico desde que levados em conta a intensidade, associação dos sintomas e período de duração.
É uma doença que ainda sofre preconceito e muita incompreensão, o que acarreta ao individuo medo, vergonha, e muitas vezes sentimento de culpa, fazendo com a que a procura por ajuda seja procrastinada, não importando se precocemente ou mesmo depois da doença já instalada.
Alguns dos sintomas psíquicos são: tristeza profunda, angústia, desânimo, desesperança, medo, isolamento, baixa autoestima, perda de interesse por coisas que antes eram prazerosas, sentimento de culpa.
Os sintomas físicos incluem: alteração do sono (falta ou excesso), alteração do apetite, fadiga, sensação de falta de energia, alteração da libido, e em alguns casos dores pelo corpo.
Muitas vezes as pessoas demoram a perceber ou associar esses sintomas com quadros de depressão ou episódios depressivos, o que faz retardar ainda mais a busca por ajuda.
Ou ainda, acham que podem resolver ou dar conta sozinhas da situação. Escondem tais sintomas da família e dos amigos, e começam a apresentar prejuízos nas esferas sociais e profissionais.
Por isso, um olhar atento dos que estão de fora pode ser fundamental, embora muitos ainda sofram em silêncio não dando a menor pista do seu sofrimento. Razão pela qual muitas vezes a doença é incompreendida.
Muitos, por sofrerem no anonimato ou dando sinais sutis de suas dores e angustias, acabam cometendo o mais radical de todos os atos ou “formas de solução” do seu problema tirando a própria vida como forma de “alívio” do sofrimento.
Do outro lado estão aqueles que procuram ajuda, e o tratamento combinado tem muita eficácia. Dependendo do grau ou do estágio em que a doença se encontra é recomendado associar minimamente os dois tratamentos convencionais: medicação e psicoterapia. Embora tratamentos complementares também possam ser de grande valia, como propõe algumas práticas integrativas. Combinando também a prática de exercícios físicos e alimentação balanceada.
Muitas são as possibilidades para o surgimento da doença, desde aspectos internos e genéticos como as desordens neuroquímicas e do nosso funcionamento cerebral, como agentes externos podem também desencadear a doença, como: luto pela perda de um ente querido com dificuldade de superação, ocasionando então o luto complicado, perda do emprego, doença grave, separações.
Importante salientar ainda que não somente pessoas com quadros depressivos estão suscetíveis ao suicídio, mas também momentos de crises e atos impulsivos diante de situações onde a pessoa não consegue vislumbrar uma saída ou solução como, por exemplo, dificuldades financeiras, términos de relacionamento, estresses da vida, dor crônica, e outras.
Grupos de minoria e em situação de discriminação também são populações vulneráveis que podem apresentar comportamento suicida.
Segundo a OMS o suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos no mundo, o que torna esse problema uma questão de saúde pública, sendo a segunda principal causa de morte de jovens com idade entre 15 e 29 anos.
No entanto, este é um problema que pode ser evitado.
Políticas públicas voltadas à prevenção bem como o combate ao estigma que envolve esse tema são de fundamental importância.
É preciso falar abertamente sobre o assunto, encorajando pessoas que passam por sofrimento psíquico, seja de qual ordem for, procurem ajuda, falem de suas dores e angústias sem medo de críticas ou julgamentos.
A vida é o bem maior que todo indivíduo possui, é preciso protegê-la sempre.
Acolha, escute, doe-se por alguns momentos, demonstre interesse e preocupação. Esses pequenos gestos fazem toda diferença para quem precisa de ajuda e nem sempre consegue pedir.
Psic. Jociane Casellas
CRP: 08/8279