Os cuidados com os chás “emagrecedores”

Especialista ressalta que devem ser usados conforme recomendação

cuidados com os chás
(Foto: jannoon028 / Freepik)

O chá está presente na vida da maioria dos brasileiros, sendo consumido para proporcionar bem-estar e auxilio na cura de enfermidades. No Brasil, a miscigenação de povos e o consumo de produtos naturais, algo especialmente ensinado pelos indígenas, reforçam o hábito. Enfatiza-se, de forma constante, o uso destes produtos na eliminação de peso, meta muito desejada por homens e mulheres. Mas são necessários cuidados com os chás “emagrecedores”.

A toxicidade de algumas substâncias, garantem os médicos, pode levar à falência de órgãos e causar uma espécie de contaminação da corrente sanguínea. Assim, um produto natural pode fazer tão mal quanto um medicamento, pela inconsequência da dose. Repercutiu no país, por exemplo, a morte da enfermeira Edmara Silva de Abreu, de 42 anos. Ela tomou um chá supostamente emagrecedor e acabou tendo uma hepatite fulminante. Edmara chegou a fazer transplante de fígado, mas, ainda assim, não resistiu.

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“Emagrecer é um processo. É preciso alimentação saudável, exercícios com qualidade e o consumo de água. Os chás e infusões têm diversas funcionalidades e podem atuar como auxiliadores no processo do emagrecimento. Sozinhos, eles não fazem milagres”, comenta a Tea Blender da Gourmate, Carla Mikolaiewski. “Não é correto exagerar no consumo e apostar no excesso de chás. Na verdade, nada em excesso faz bem”, conta a especialista sobre os cuidados com os chás “emagrecedores”.

Carla sugere a inclusão dos chás em algumas porções; lembrando sobre a recomendação do consumo de dois litros ou mais de água (porém essa quantidade pode variar para mais ou menos conforme o organismo, segundo o Ministério da Saúde). O segredo, garante ela, é o equilíbrio. “Cada chá tem uma combinação e função. É importante saber respeitar as quantidades de consumo”, destaca a especialista, lembrando que os chás são aliados para uma alimentação natural, saudável e para trazer sabor à vida.

Alerta

Propagandas enganosas é o que não faltam no mercado e, diante de tanta exposição, é preciso ficar alerta. Shakes para a perda de peso ou “substâncias” e “fórmulas” naturais combinadas com ervas podem danificar o organismo. A morte da cantora Paulinha Abelha, 43 anos, segue em investigação, mas, até o que já apuraram os exames, o fígado da artista foi lesionado pelo consumo em grande quantidade de substâncias para emagrecimento. Algumas notícias colocam o chá como principal responsável por essa fatalidade.

“Mas nenhum chá é capaz desse efeito. O que ocorre é a má administração, associada a outros componentes e a um estilo sem muito controle em busca de um corpo perfeito”, comenta Carla. Especialistas avisam que quanto mais compostos fitoterápicos ou medicamentos são ingeridos juntos, maior a possibilidade de lesar o fígado e outros órgãos, como o rim. Vale lembrar que, desde 1997, o Conselho Federal de Medicina (CFM), na Resolução 1.477, veda a combinação em fórmulas de certas substâncias para a perda de peso.

Este pode ser um exemplo dos cuidados com os chás “emagrecedores”, mas também sobre a necessidade de um acompanhamento da ingestão de compostos fitoterápidos e medicamentos.

Exemplo chinês

O chá nasceu de uma casualidade há mais de dois mil anos. Foi quando o imperador Shen Nung descobriu a bebida quando fervia água à beira de uma árvore silvestre. O vento fez algumas folhas caírem na infusão e o imperador, sorvido pela iguaria, se encantou pelo que havia criado sem querer! Os chineses são exemplares no consumo de chá, mas, menos “abertos” à diversidade, ao contrário dos brasileiros, por exemplo. “Temos na China, Índia e no Japão uma planta parecida com a erva-mate, que é a camélia, que é a planta do chá. Mas, no Brasil, com toda a história do contexto indígena, chá é qualquer infusão, de qualquer planta e normalmente está ligado a alguma cura”, explica Carla.

Por lá, a bebida é consumida de manhã, por exemplo, e quando servida para visitas demonstra hospitalidade. O chá também é consumido em intervalos de trabalho, levado em garrafinhas térmicas. No Brasil, as cenas são parecidas, só que protagonizadas pelo cafezinho. “Ainda é difícil você encontrar chá no restaurante, na padaria, numa reunião de negócios. Nos mercados, a maioria das opções é engarrafada ou em saquinho e isso pode reduzir os benefícios e a qualidade do chá e das infusões”, afirma Carla.

* Com informações da assessoria de imprensa

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