Dormir mal é risco para doenças cardíacas

Aumento da pressão arterial, envelhecimento dos vasos e risco para a ocorrência de arritmias, infarto e derrame podem ser consequências

Dormir mal pode representar uma série de prejuízos para a saúde, aumentando o risco para doenças cardíacas. No Dia Mundial do Sono, lembrado em 18 de março, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Associação Brasileira do Sono (ABS) alertam para a estreita relação entre uma rotina de sono de qualidade e a incidência de doenças cardiovasculares.

A presença de distúrbios de sono é frequentemente observada na população mundial. Dormir mal não é exclusivo de determinada população. No Brasil, a qualidade de sono ruim é uma realidade para muitos. Dados extraídos recentemente de base populacional mostram que cerca de dois terços dos brasileiros apresentam uma qualidade do sono prejudicada.

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Em um estudo recente, foi identificada uma maior prevalência de má qualidade do sono entre a população mais jovem, o que não era notado em estudos anteriores. Além disso, a pandemia e situações como a guerra podem prejudicar ainda mais o sono. É o que explica Luciano Drager, professor associado do Departamento de Clínica Médica da FMUSP, especialista da SBC, presidente da Associação Brasileira do Sono (Biênio 2022-2023) e um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo.

Múltiplos fatores contribuem para este cenário, incluindo os maus hábitos de sono, o excesso de exposição à luz e interação com a Internet, além de problemas pessoais, familiares e financeiros. De acordo com especialistas, a qualidade do sono pode ser comprometida por uma série de distúrbios. A privação dele, insônia e distúrbios respiratórios, como a chamada apneia do sono, são alguns deles.

As consequências vão além do desconforto de não ter um sono restaurador e estão relacionados a problemas cardiovasculares. Evidências científicas apontam que estes distúrbios podem induzir arritmias, contribuir para aumentar a pressão arterial, envelhecimento dos vasos e o risco para a ocorrência do infarto e do derrame.  Além disso, os problemas com o sono podem contribuir para o surgimento do diabetes, de alterações no colesterol e promover comprometimento na memória e no humor.

“Dormir mal acaba ocasionando múltiplas consequências, principalmente a longo prazo”, enfatiza Drager.

Entre os motivos pelos quais isto pode ocorrer estão o aumento da produção de hormônios de alerta e estresse, como a adrenalina e cortisol, e a alteração dos hormônios que controlam a fome e saciedade, contribuindo para o ganho de peso e alterações no açúcar. Outro agravante é o comprometimento dos vasos sanguíneos.

Em relação ao que pode ser considerado hoje “saudável” do ponto de vista de sono não só olhando para o coração, mas de uma maneira geral,  não existe uma regra geral e sim de indivíduo para indivíduo.

É preciso entender as necessidades pessoais com relação à quantidade de horas diárias de repouso para de fato sentir-se descansado. Adotar uma rotina de regularidade, estabelecendo horários para dormir sempre no mesmo horário, além de outras medidas, como a prática regular de atividade física, evitar o uso exagerado de substâncias estimulantes a exemplo da cafeína, refeições mais leves antes de dormir, também fazem parte das recomendações. Estar atento à incidência de roncos, por exemplo,  que podem indicar a da apneia do sono, e reduzir a exposição ao excesso de luz, incluindo a proveniente das telas dos celulares, em especial pelo uso de internet e interações com as redes sociais, são também pontos de atenção.

“Temos que fazer o máximo possível para respeitar o número de horas do sono a manter esta regularidade. E, os pacientes que vivenciam uma qualidade de sono ruim podem começar a apresentar batedeiras no coração e aumentos da pressão arterial. Esses sinais vitais também precisam ser acompanhados. Valorizar estes quadros e procurar ajuda médica podem ser um ótimo início para a tentativa de recuperar este sono de má qualidade, finaliza Drager.

* Com informações da assessoria de imprensa

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