O 13º Seminário Femipa – evento que discute a importância dos hospitais filantrópicos na saúde pública do Paraná e que foi realizado entre os dias 11 e 13 de março em Curitiba – contou com a participação do professor e médico Álvaro Réa-Neto, diretor do Centro de Estudos e Pesquisas em Terapia Intensiva (CEPETI). Ele comentou sobre a segurança do paciente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Com o objetivo de ajudar a comunidade da saúde a desenhar uma UTI mais segura, ele apontou que o sistema de saúde pode causar efeitos adversos no paciente. “A UTI é um lugar perigoso para se viver. É onde ocorre a maior parte dos eventos adversos”, diz.
De acordo com o médico, houve uma melhora grande na qualidade do atendimento dentro das UTIs pois houve melhora nos processos. “Alguns anos atrás não havia um comprometimento com a qualidade do desfecho do tratamento da UTI. Havia compromisso com a atividade-meio, não com os fins”, aponta, dizendo que é essencial que haja foco no paciente. Apesar das melhorias, ele também diz que existe espaço para avançar mais.
De acordo com o Critical Care Safety Study, realizado em 2005, 20% dos pacientes da Unidade de Tratamento Intensivo sofrem efeitos adversos, a maioria deles sérios, sendo 45% deles preveníveis. A maior parte das falhas surgiram a partir de erros de medicação, com 11% dos erros sendo potencialmente fatais.
Entre as principais causas disso estão a falta de profissionais especializados, alto nível de estresse, o fato de a UTI ser um subsistema do hospital que depende de todos os outros setores, a ausência de aferição do desempenho e processos não descritos ou mal treinados.
Réa-Neto aponta que para alcançar um resultado diferente é necessário mudar o sistema. Ele indicou o GUTIS, o Guia da UTI Segura, criado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira em 2010. Ele é facilmente acessível através do site cepeti.com.br, e é possível fazer o download clicando aqui.
O médico focou no primeiro passo indicado pelo guia. “Você precisa começar estabelecendo uma cultura de segurança”, indicou.
De acordo com ele, a cultura de segurança é um conjunto de crenças, valores, atitudes, normas e concepções compartilhadas por todos os profissionais da UTI. A segurança do paciente é o principal. “Os erros são muitas vezes consequência de uma sequência de eventos, não de um único caso, por isso um modelo punitivista não é indicado, mas sim uma mudança na maneira como a UTI é pensada. O foco deve ser criar uma cultura de segurança”, conclui.
Para criar essa cultura, é essencial que todos os envolvidos participem, sejam treinados de maneira adequada e tenham como foco o bem-estar do paciente. Sem esse primeiro passo, na opinião do especialista, não é possível mudar a maneira como o sistema funciona.
A cobertura completa sobre o 13º Seminário Femipa pode ser conferida no site da instituição.
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