Desde o início da pandemia de Covid-19, com um período de pouco conhecimento sobre esse vírus, a população se adaptou a um novo normal. Dentro desta realidade, existe uma outra questão: a importância do tempo para diversos tratamentos de saúde, incluindo o câncer.
Segundo especialistas, é justamente este tempo que se torna precioso para os pacientes oncológicos. É o tempo que pode impactar diretamente no resultado do tratamento. Afinal, encarar o câncer é, acima de tudo, viver um dia de cada vez. Médicos oncológicos têm salientado que, mesmo em meio a pandemia, a vida continua e os pacientes oncológicos não podem esperar.
“Nós, profissionais da área oncológica, temos como uma das grandes preocupações o adiamento dos exames diagnósticos e de controle por medo da Covid-19. O câncer é uma urgência e, por isso mesmo, não podemos perder tempo no tratamento. Desde o início da pandemia, houve uma brusca queda nos diagnósticos oncológicos no país, o que nos preocupa muito. Afinal, esses pacientes podem ter seus diagnósticos em situação mais agravada pela demora, o que pode alterar a eficácia do tratamento”, explica Bruno Roberto Braga Azevedo, atual pesidente da Regional Paraná da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).
De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), 625 mil novos casos de câncer devem ocorrer no Brasil ainda este ano; porém, as chances de cura, que nos últimos anos atingiram 60% e 70%, devem diminuir em função do novo comportamento diante da Covid-19, na avaliação de especialistas.
O adiamento no diagnóstico e busca de tratamento devido ao isolamento social e quarentena representa risco real de morte para milhares de pessoas, já que alguns tipos de câncer evoluem rapidamente. Em números, para chamar atenção, é possível dizer que de 30 a 90 dias, essa espera pode ser definitiva para a sobrevivência ou não de um paciente.
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O diagnóstico precoce continua sendo um dos pilares do sucesso do tratamento oncológico, já que a maior parte da mortalidade por câncer acontece porque a doença foi descoberta em estágio avançado, quando algumas etapas do tratamento são menos efetivas.⠀A grande preocupação dos profissionais da área e principalmente das Sociedades ligadas à oncologia é justamente alertar para esta queda nos tratamentos e cancelamentos de exames e cirurgias. “A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica regional Paraná, em concordância com os colegas, estima uma queda de pelo menos 60% no número de diagnósticos de novos casos de câncer nos últimos meses”, alerta Bruno Azevedo.
E não é um caso isolado no país, o agravante é ainda maior, quando é considerada a situação mundial. De acordo com um estudo da University College London, cerca de 18 mil pessoas podem morrer de câncer no próximo ano na Inglaterra. Ainda é possível analisar outras estimativas em publicações do Medscape e Nature, por exemplo, também com números alarmantes e isso devido ao impacto da Covid-19. “É muito importante pensar que nem sempre temos esse tempo para espaçar um tratamento oncológico e é justamente por isso que estamos nos unindo para chamar atenção para esse problema”, finaliza.
Importante ainda dizer que oncologistas têm feito todos os esforços para emprego dos melhores protocolos de tratamento mesmo na vigência desse momento de incertezas.
Mesmo em meio à pandemia, segundo os médicos oncológicos, é preciso ter a consciência e não adiar exames e tratamento por medo da contaminação do coronavírus. Todos os cuidados estão sendo feitos para diminuir o risco de contágio. Manter o contato com a equipe médica é outro fator muito importante em qualquer etapa do tratamento, e ainda manter-se em isolamento social com todas as medidas restritivas de circulação orientadas no atual cenário e por seu médico.
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