Mulheres e mães sofrem mais problemas psicológicos na pandemia

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2022-03-29 | 17:34h
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Uma pesquisa realizada nos países mais ricos do mundo apontou uma influência direta da crise gerada pela pandemia da Covid-19 na saúde mental das mulheres. O levantamento “Women´s Forum”, feito pela Consultoria Ipsos, constatou que mulheres têm sido mais afetadas do que os homens por esgotamento, medo e sensações de desamparo na Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Itália e França.

O resultado da pesquisa não surpreende, segundo a professora Daniela Jungles, psicóloga e supervisora do Serviço-Escola de Psicologia do UniCuritiba, instituição de ensino superior de Curitiba (PR). “A pesquisa está correta e as mulheres sofrem muito mais de transtornos mentais. Isso já acontecia antes, mas a pandemia exacerbou esses comportamentos e transtornos que nós, mulheres, infelizmente já carregávamos antes dessa crise”, afirmou.

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Preocupações extras

De acordo com a psicóloga, várias situações comprovam que as mulheres – inclusive as mães – estão sofrendo mais. Ela cita a influência da dupla jornada, com o trabalho fora e em casa. Com a pandemia, essa situação se agravou. “Em relação à pandemia, o que sobrecarregou as mulheres? Além das demandas que já tinham, elas passaram a fazer o acompanhamento escolar dos filhos. Com tudo isso, a última coisa que uma mulher vai pensar neste momento é o cuidado com uma atividade física ou o lazer”, explicou.

A pesquisa realizada nos países mais ricos do mundo apontou que entre as mulheres, 59% disseram estar com ansiedade, depressão ou esgotamento. Já entre os homens, no mesmo levantamento para saber o estado emocional para enfrentar a pandemia, 46% confirmaram as mesmas sensações. As entrevistas revelaram também que 73% das ouvidas têm medo do futuro, contra 63% do sexo masculino.

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Sensação de desamparo

O estudo quis saber em quem a carga mental experienciada foi mais fortemente abalada. Entre as mulheres, 46% acreditam estar fazendo mais do que outros por pessoas fragilizadas ao redor. Nos homens, são 40%. A análise revelou que 46% das participantes sentem que ninguém as ajuda, enquanto 39% no grupo masculino têm a mesma percepção. Esse conjunto de fatores observado na pesquisa e no dia a dia – como a preocupação com familiares – afeta diretamente o lado emocional. “Preocupando-se muito mais com a família, a gente acaba prejudicando a nossa própria saúde mental”, alerta Daniela.

Para Daniela Jungles, pandemia exacerbou sofrimento das mulheres (Foto: Divulgação)

Mas existe maneira de reagir. A psicóloga orienta que, em primeiro lugar, “temos que ter consciência de que não vamos conseguir fazer tudo, não temos superpoderes”. Outra sugestão é procurar se cercar de pessoas que possam ajudar de alguma forma a aliviar a carga de trabalho. “Precisamos de uma rede de apoio. Mulheres que vivem numa grande cidade, sem familiares morando perto, precisam ter formas de buscar esse suporte, nem que seja usando a tecnologia para conversar com uma amiga para desabafar, contar que o dia foi difícil, esvaziar esse sentimento carregado de emoção negativa.”

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Criar rotinas de relaxamento

Na rotina de casa, a psicóloga aponta ser importante criar rotinas para ter atividades de autocuidado, com programas de lazer (“aquela série de tv favorita” que a gente estava pensando em assistir), atividades físicas e alimentação equilibrada.

Um costume novo pode evitar que o esgotamento evolua para uma doença que exija tratamento de profissional especializado, com apoio de medicação. “São atividades que podem evitar transtornos mentais. O estresse prolongado leva a transtornos de ansiedade, que evoluem para transtornos depressivos também”, explica Daniela.

Prejuízo para todos

O prejuízo é repassado à família; não fica só na mulher. “Uma mãe esgotada vai ser uma mãe irritada, menos disposta a ter uma atividade prazerosa com os filhos e conviver com o marido. Quando a mulher adoece, a família vai adoecer também”, afirma Daniela.

A ajuda de um profissional é indicada se os sintomas persistirem, tudo para evitar um mal ainda maior. “Sempre digo aos meus pacientes: por que sofrer tanto se existe tratamento? É muito importante passar por uma avaliação com profissionais da área da saúde mental.”

Atendimento

É possível contar com o apoio das clínicas-escola das universidades, por exemplo, além de serviços públicos. Há uma série de iniciativas gratuitas, como a do UniCuritiba, que dispõe da Clínica-Escola do curso de Psicologia. O centro de estudos pode ser uma alternativa nestes tempos de pandemia, com tantos efeitos psicológicos. O projeto de atendimento a pacientes é gratuito, online e pode ajudar as pessoas que sentem a necessidade de uma orientação mais especializada no campo emocional. A Clínica-Escola se destina ao desenvolvimento de atividades da prática profissional relacionadas ao curso de Psicologia, seja por meio dos estágios curriculares, projetos de extensão, ensino ou pesquisa.

Os atendimentos são realizados pelos estudantes dos últimos períodos do curso de Psicologia e supervisionados por professores capacitados em diferentes linhas de atuação. A consulta pode ser agendada pela internet, em https://forms.gle/FVDaDeSVPC1ssHiN8, ou pelo e-mail agendepsico@unicuritiba.com.br. No primeiro semestre de 2021, a idade mínima para atendimento é 18 anos. “Somos pessoas diferentes e não existe receita pronta. Nada melhor do que ir lá, consultar com o profissional certo e contar a sua história, dizer onde dói e como é difícil carregar esse fardo”, orienta Daniela.

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