A campanha do Janeiro Branco foi criada com o intuito de disseminar a importância sobre a saúde mental e trazer conhecimento sobre o assunto. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que a “saúde é um completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de doença ou enfermidade”. Diante disso, a campanha tem a seriedade de lembrar as pessoas sobre a urgência em cuidar da saúde mental e não apenas da saúde física, passando a ver o ser humano de forma holística e não desintegrada.
A psicóloga clínica Renata Gonçalves, do Serviço de Psicologia do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP), explica que geralmente, ao finalizar o ano, a população tende a ficar mais nostálgica e reflexiva acerca do ano que teve, bem como passa a realizar planejamentos para os próximos 365 dias. Desse modo, realizar uma campanha desse porte vem justamente com a intenção de que a saúde mental passe também a estar na lista de prioridades da população.
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No entanto, muitas pessoas ainda não falam sobre o assunto. Para Renata, “infelizmente, a saúde mental ainda é vista como tabu e isto está relacionado diretamente com a nossa história. Antigamente, pessoas adoecidas psiquicamente eram excluídas da sociedade e consideradas ‘loucas’ ou como alguém que tinha sido enfeitiçado ou demonizado. Isso fez com que se desenvolvesse diversos preconceitos em relação à saúde mental”.
Mesmo com o passar dos anos e dos inúmeros estudos científicos e profissionais à frente desse tema, a sociedade ainda carrega consigo uma ideia errônea em relação ao adoecimento psíquico, passando a olhá-lo como algo vergonhoso e que deve ser escondido. “Situação que dificulta o tratamento e colabora para o agravamento da saúde mental deste indivíduo e da sociedade como um todo”, cita Renata. Exatamente por isso, campanhas como Janeiro Branco são extremamente importantes para auxiliar a desmistificar essa temática.
Em tempos de pandemia é necessário cuidar ainda mais da saúde mental
A pandemia demonstrou não só a importância de se intensificar o cuidado da saúde mental como provou que ela faz absolutamente toda a diferença para manejar situações de adversidades. “Fica evidente que precisamos ter maior conhecimento acerca de nós mesmos, de nossas limitações, sombras e até mesmo de nossas qualidades para lidar com situações inesperadas. Não devemos deixar para cuidar da saúde mental apenas quando chegamos em uma situação limite, mas reconhecê-la como importante e incorporar a prática do cuidado da mente durante a nossa vida. Desse modo, percebemos que cuidar da saúde mental não é só importante, como imprescindível”, expõe.
Como ajudar uma pessoa que sofre com a saúde mental?
O primeiro passo para auxiliar alguém que esteja sofrendo é estar isento de julgamentos, colocando-se à disposição das necessidades desse indivíduo. “É importante que pessoas que estejam em sofrimento emocional tenham uma rede de apoio que as acolha, incentive e respeite, entendendo que saúde mental é assunto sério e não deve ser menosprezado. Incentivá-lo a buscar auxílio psicológico e psiquiátrico se necessário é um grande diferencial, bem como a prática de atividades físicas e de uma boa alimentação”, finaliza Renata.
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