Investir na própria saúde é o melhor negócio

investir na própria saúde
(Foto: Arquivo Pessoal)

Cansaço, trabalho, filhos, falta de tempo… São tantos motivos listados para deixar a saúde de lado. Também são várias as razões para a mudança: um real problema de saúde que promove um verdadeiro “choque”, dores que afetam a qualidade de vida, deixar de fazer atividades que tanto traziam prazer… Por que esperar o sofrimento? Investir na própria saúde é o melhor negócio.

Esta é uma das reflexões no Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril. Quando chegou a pandemia de Covid-19, em março de 2020, uma das primeiras reações foi parar tudo, incluindo as atividades físicas. Mais tempo em casa também significou, para parte da população, uma alimentação com menor qualidade em função de tantas atividades em um mesmo ambiente. 

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 Em contrapartida, investir na saúde também se mostrou uma alternativa em meio ao caos. Atividades físicas e uma alimentação mais regrada ajudaram a combater o sedentarismo e a afastar os fatores de risco associados à Covid-19, como a obesidade e a hipertensão. Sem mencionar os benefícios desse combo para a saúde mental. 

 “Saúde não deve e não pode ser terceirizada. É um compromisso consigo mesmo e com aqueles com quem nos relacionamos. Estar saudável é transmitir alegria e bem-estar no nosso meio de convívio. Mesmo que não seja pleno, qualquer desconforto persistente deve ser olhado como um risco a ser evitado e que as ações necessárias para evitá-lo não sejam proteladas”, diz o médico Marlus Volney de Morais, diretor da Unimed Paraná e um dos responsáveis pelo portal Saúde Debate.

 Investir na própria saúde: deixando o peso para trás

A pandemia foi um dos motivos para que a empreendedora Jeisi Nunes, de 32 anos, passasse a investir na própria saúde. Ela conta que após a gravidez do filho, hoje com três anos, parou totalmente com as atividades físicas. Ela engordou no pós-parto e isso desencadeou uma série de reações, desde a baixa autoestima até não conseguir brincar direito com o próprio filho.

“Estava em um momento em que não conseguia brincar com ele, extremamente estressada e ansiosa, em meio a todo caos que a pandemia trouxe. Já estava com um acompanhamento com uma nutricionista porque, no período do pós-parto, eu engordei muito e isso estava me fazendo mal”, relata. 

 A busca pela profissional também aconteceu depois de um “choque”. Após uma consulta com um médico endocrinologista, Jeisi ouviu que ou engordaria mais alguns quilos para fazer cirurgia bariátrica ou teria que mudar de vida, pois seus exames apresentavam muitas alterações. “Pensei: tenho um filho de dois anos e não quero me submeter a uma cirurgia tão invasiva. Também não posso me dar ao luxo da sorte de estar bem para quando ele tiver cinco, 10 anos. E ainda veio a pandemia: eu obesa, sendo esse um fator de risco para a Covid-19. Tudo isso mexeu muito comigo”, comenta. 

 O acompanhamento com a nutricionista começou em janeiro de 2020 e meses depois ela começou a participar de um grupo online liderado por um professor de Educação Física. O que era uma desconfiança no início, com questionamento sobre a eficiência do exercício em casa e com orientação a distância, rapidamente se tornou um hábito. Foram 20 minutos iniciais que se transformaram em uma rotina com o “funcional” e a corrida. Agora, Jeisi faz parte do grupo online e também de um grupo de corrida, composto por mulheres que enfrentam ou enfrentaram as mesmas dificuldades que Jeisi, entre outros integrantes.

 “Achava lindo correr, mas não queria a pressão do resultado. Entrei para esses dois grupos e foi uma mudança total na minha vida. De janeiro de 2020 até agora foram 22 quilos perdidos. Isso foi consequência de tudo o que veio de bom na minha vida: disposição, humor, saúde”, considera a empreendedora.

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Investir na própria saúde: o impacto no físico e no mental

A corrida já fazia parte do dia a dia da psicóloga Clarissa Ribeiro, de 38 anos. Depois da segunda gestação, ela parou com as atividades físicas. “Achei que estava pesando bastante, não só pelo excesso de peso em si, mas na dinâmica, na qualidade de vida, no sono… E prometi a mim mesma que em 2020 iria me cuidar. Comecei em um grupo de corrida em janeiro daquele ano. Iniciei esse resgate de me cuidar, de cuidar da alimentação, de fazer exercício, não só pelo emagrecimento, mas pela saúde”, conta. 

 No entanto, veio a pandemia. Junto a ela, a ansiedade, a necessidade de suspender as atividades profissionais e o isolamento. A busca pelo exercício também tinha o objetivo de ajudar a lidar com tudo isso, melhorando a saúde mental. 

 “Depois de dois meses parada, o professor do mesmo grupo de corrida fez a proposta de fazer o exercício online, dentro de casa mesmo. Consegui me organizar porque eram treinos rápidos. Às vezes, fazia com as crianças junto. Por ser algo dinâmico, ele orientava, motivava, e realmente incorporei na rotina”, afirma a psicóloga. 

 Clarissa e Jeisi fazem parte dos mesmos grupos: o online e o da corrida. As mulheres se apoiam, incentivam umas às outras, o que é essencial para a manutenção do “pique”. “Começou a melhorar muito a minha qualidade de vida e me ajudou a ter um tempo pra mim. Ter esse momento meu, para a minha saúde. Fico menos irritada, menos desgastada. O exercício me ajudou nesse controle e na dinâmica de movimentação, de sentar com as crianças para brincar, a lidar com a energia deles, que não acaba nunca”, explica Clarissa.

Para ela, investir na própria saúde é fundamental. E o investimento financeiro nisto, diante do benefício, é mínimo. “Às vezes dá preguiça, mas a médio prazo é possível sentir esses benefícios e isso motiva a continuar”, lembra. 

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Jeisi Nunes salienta que esse é um processo longo, que deve ser encarado como uma mudança de vida. “‘Arrastei’ outras pessoas comigo. Outras mães me perguntam como eu consigo e eu digo que eu também tenho filho. Levanto meia hora antes para me dedicar. Aquele é o meu momento. Elas viram que funcionava e passaram a acompanhar. Algumas até foram comigo no treino. Não é fácil, mas é preciso considerar como uma mudança de vida”.

Segundo Dr. Marlus, os dois exemplos citados mostram que, mesmo frente a toda restrição que possa existir, o prazer e os resultados que as ações em prol da saúde trazem são sempre muito motivadores e estimulantes na persistência em mantê-los.

“Sabe-se que o fator mais importante para a prevenção de graves danos à saúde está na mudança de comportamento pessoal e social. O tratamento da complicação advinda das doenças nem sempre é certeza de solução completa e por vezes exige sacrifício de órgãos ou reparos que geram desconfortos permanentes” ressalta o profissional.

“Uma aposentadoria saudável deve ser objetivo de todos. Para isso, não só a construção de uma previdência material deve ser feita. A construção de uma reserva de saúde para um envelhecimento saudável também se faz no dia a dia com dedicação de tempo, de recursos e de cuidados. Assim, embora o 7 de abril seja uma data no ano, os outros dias são todos dias de construção de condições de saúde para termos mais alegria e mais satisfação em continuar preservando nosso bem maior: a vida”. 

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