Infecção hospitalar atinge um a cada 10 pacientes, segundo OMS

    Atenção, cautela e adesão aos protocolos institucionais são fundamentais para evitar que uma internação ou algum procedimento hospitalar se torne um pesadelo, gerando assim agravos, como a infecção hospitalar. As infecções hospitalares, também conhecidas como infecções relacionadas à assistência em saúde (IRAS), são aquelas adquiridas após a admissão do paciente e que se manifestam durante a internação ou após a alta. Está relacionada aos cuidados e procedimentos aos quais o paciente foi submetido durante a internação.

    Por isso, é preciso enfatizar e fortalecer as práticas recomendadas para a prevenção e controle deste dano entre profissionais de saúde, autoridades sanitárias e diretores de instituições. A Organização Mundial de Saúde (OMS) refere que, a cada 10 pacientes, um contrairá IRAS ao receber cuidados em serviços de saúde. A OMS também estima que em 234 milhões de cirurgias feitas mundialmente, ocorram 1 milhão de mortes por infecções hospitalares e 7 milhões de complicações pós-operatórias. 

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    Ana Elisa Almeida, professora e responsável pelo conteúdo de infectologia da plataforma Jaleko, de educação na área da saúde, afirma que, muito além de lavar as mãos, ato de extrema importância, os estudantes devem estar atentos a inúmeras outras questões relacionadas. Abaixo, ela explica mais sobre os tipos de infecção hospitalar, formas de controle e tratamento.

    Quais são os tipos de infecção hospitalar?

    Temos as infecções endógenas que são causadas pela microbiota do paciente e exógenas que resultam da transmissão a partir de fontes externas ao paciente como mãos de profissionais, procedimentos, medicamentos ou alimentos contaminados. Nos manuais de critérios diagnósticos da Anvisa, o órgão categoriza as IRAS em infecção do sítio cirúrgico, infecção primária da corrente sanguínea, infecção do trato respiratório, infecção do trato urinário, infecção em ouvidos, nariz, garganta e boca, infecção no sistema cardiovascular, infecção de pele e tecidos moles, infecção do trato gastrointestinal e infecção do trato reprodutivo.

    Controle

    Desde 1998, a legislação brasileira obriga a manutenção pelos hospitais do país do Programa de Controle de Infecções Hospitalares. O órgão possui os seguintes objetivos principais:

    • vigilância epidemiológica das infecções relacionadas à assistência à saúde;
    • prevenção de surtos;
    • notificação de doenças compulsórias;
    • treinamento e reciclagem dos profissionais de saúde.

    Através dessas ações, o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) divulga as taxas de infecções que estariam relacionadas à assistência à saúde, gerando estratégias acertadas de prevenção e controle, seja reforçando a higiene das mãos, o uso racional dos antimicrobianos, gestão da dinâmica hospitalar e afins. Estabelece também metas para redução de infecções das principais topografias associadas a procedimentos invasivos. É um órgão imprescindível na instituição de normas para todos inseridos no contexto hospitalar aderirem, resultando em eficaz controle das IRAS.

    Mãos

    A higiene das mãos deve ser um procedimento constante, pois as mãos são um dos principais veículos de infecção. A lavagem e o uso de álcool a 70% devem ser frequentes, inclusive, atentando para os 5 momentos de higienização das mãos preconizados pela OMS: antes de contato com o paciente, antes da realização de procedimento, após risco de exposição a fluidos biológicos, após contato com o paciente e após contato com áreas próximas ao paciente, mesmo que não tenha tocado no doente. A desinfecção das mãos deve ser implementada entre os profissionais, pacientes e visitantes.

    Antibiótico

    Com o passar dos anos, o uso indiscriminado de antibióticos na Medicina levou à seleção e à disseminação de organismos resistentes que hoje configuram uma das maiores ameaças à saúde globalmente. Somado a isso, a prescrição desnecessária ou inadequada de antibióticos expõe os pacientes aos seus eventos adversos, que podem ser graves e debilitantes. Portanto, cada vez mais, se faz necessário o uso racional de antibióticos e a estruturação de programas de stewardship, que consistem em intervenções para melhorar e fazer vigilância do uso correto de antibióticos por meio da seleção dos melhores esquemas terapêuticos.

    Dessa forma, desde a faculdade, é importante que os estudantes tenham acesso a noções de farmacologia e criem um senso clínico-científico para prescrição correta e otimizada dos antimicrobianos. De acordo com a OMS, se não forem tomadas ações em relação à resistência antimicrobiana, estima-se que até 2050 ele causará, anualmente, a perda de 10 milhões de vidas em todo o mundo.

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