Higienização das mãos salva vidas?

A higienização das mãos sempre foi uma temática importante a ser considerada pelas Instituições e profissionais da Saúde pelo evidente subsídio em colaborar com a prevenção e a não disseminação de microrganismos que ocasionam doenças entre aquelas pessoas que ocupam o ambiente.

Neste último ano a higienização ganhou destaque não só nos ambientes em que mais ocorrem esse cuidado como hospitais, unidades básicas de saúde, clínicas e unidades de pronto-atendimento, mas na sociedade de forma geral por meio das divulgações na imprensa e redes sociais como uma ferramenta importante para combater a COVID-19. 

Como forma de destacar essa temática, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu no seu calendário “Dia Mundial da Higienização das Mãos”, onde ocorrem no mundo ações com o objetivo de conscientizar toda a sociedade. 

De acordo com o documento “Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Higienização das Mãos” da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o ato de lavar as mãos com água e sabão “é reconhecido mundialmente como uma medida primária, mas muito importante, no controle de infecções relacionadas à assistência à saúde”.

Ao buscar os fatos históricos é possível constatar nomes de profissionais que já tinham realizado observações e correlações importantes. Uma destas pessoas foi o médico escocês James Young Simpson que constatou que a mortalidade decorrente de amputações no cenário domiciliar era aproximadamente 30% menor que no ambiente hospitalar, segundo dados expostos nos livros “As bases do hospital contemporâneo: a enfermagem, os caçadores de micróbios e o controle de infecção”, e “Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde”. 

Outro nome de destaque, segundo a mesma referência, foi o médico húngaro Ignaz Philip Semmelweis, que constatou que a febre que acometia as puérperas poderia ter ligação com a falta de lavagem das mãos dos estudantes e médicos que saiam da sala de autópsia e iam diretamente para a ala obstétrica. Assim instituiu-se a lavagem das mãos com solução clorada, diminuindo a taxa de mortalidade de 12,2% para 1,2%. 

E, por fim, Florence Nightingale (precurssora da Enfermagem Moderna) que  institucionalizou a Enfermagem como profissão, durante atuação no hospital de Scutari – na Guerra da Criméia – adotou inúmeras ações de cuidado com os doentes e o ambiente hospitalar. Por exemplo, a separação de áreas limpas e áreas sujas, a ventilação do ambiente, as lavagens de roupas, a criação de fluxo na assistência e também na adoção de higienização das mãos, e suas ações culminaram na redução da taxa de mortalidade de 33% para 2,7%, segundo o livro de 2005 “Nightingale in Scutari: her legacy reexamined”.

O que podemos constatar nestes apontamentos é que o conhecimento acerca da higienização das mãos não é algo novo, sempre esteve presente no desenvolvimento do cuidado a saúde dos indivíduos como uma preocupação “sine quo non”, a fim de evitar a morte decorrente de infecções. A data que neste ano teve como tema “Segundos que salvam vidas – higienize suas mãos” serve como parte integrante da rotina de vida das pessoas, previne diversas doenças infectocontagiosas, das quais pode-se citar Herpes, Rotavírus, Hepatite A, Infecções Bacterianas causadoras de Diarreia, Meningites, Cconjuntivites, Influenza (gripe) e a COVID-19. 

Ao higienizar suas mãos com água e sabão, ou com solução alcoólica 70%, as moléculas de sabão ou de álcool se ligam à membrana lipídica dos vírus e provocam sua desnaturação (perda de sua estrutura), fazendo os fragmentos virais serem levados pela água. Não há dúvidas de que é um ato simples, e de que sim, salva vidas! 

 

* Maria Caroline Waldrigues é enfermeira e mestre em Educação, e coordena o Curso de Tecnologia em Instrumentação Cirúrgica do Centro Universitário Internacional UNINTER 

 

<

p class=”ql-align-justify”>* Cristiano Caveião é doutor em Enfermagem e Coordenador da área da Ssaúde do Centro Universitário Internacional UNINTER 

Leia outros artigos publicados no Saúde Debate

Conheça também os colunistas do Saúde Debate