Fatores hormonais e o risco de doenças cardiovasculares nas mulheres

Menopausa, menarca, gestação e outras condições femininas podem ser um fator protetivo ou de risco para as cardiopatias

risco de doenças cardiovasculares nas mulheres
O risco de doenças cardiovasculares nas mulheres deve ser motivo de atenção (Foto: Peoplecreations / Freepik)

Em todo o mundo, incluindo o Brasil, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte, tanto em mulheres quanto em homens. Entre elas, segundo informações da Sociedade Brasileira de Cardiologia, essas doenças já representam 30% do total de mortalidade, principalmente acima dos 40 anos. Por isso, é necessário prestar atenção no risco de de doenças cardiovasculares nas mulheres.

A cardiologista Bruna Loise Mayer, do Hospital São Vicente Curitiba, explica que enquanto as mulheres estão em idade fértil, o estrogênio, principal hormônio sexual feminino, tem um efeito protetor no coração. Mas, com a queda dele após a menopausa, o risco de doenças cardiovasculares nas mulheres acaba se tornando maior do que nos homens.

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“Isso ocorre porque a queda desse hormônio provoca uma distribuição diferente no metabolismo dos lipídios, dos açúcares, das gorduras, que acabam se depositando em lugares diferentes do organismo. Nessa fase, as mulheres ficam com uma resistência maior à insulina, tem maior rigidez arterial, o que eleva o risco de hipertensão, diabetes, colesterol e outras doenças que são os fatores de riscos clássicos para as doenças cardiovasculares”, explica.

Contudo, outras características femininas individuais também podem influenciar na saúde do coração. O cardiologista clínico do Hospital São Vicente Curitiba, Leandro Vasconcelos, relata que mulheres com a menarca antes dos dez anos ou após os dezessete anos, que tiveram pré-eclâmpsia ou diabetes gestacional têm maior risco de desenvolver uma doença cardiovascular na vida adulta. “Mas, a amamentação parece ter um efeito protetor”, complementa.

Além disso, sobre o risco de doenças cardiovasculares nas mulheres, muitas mulheres ainda não sabem que esse risco é alto ao associar o uso da pílula anticoncepcional ao tabagismo. “Nós vemos uma incidência muito grande de eventos cardiovasculares, como trombose, AVC ou até embolias pulmonares em mulheres jovens por causa dessa combinação” alerta.

Algumas doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide, mais comuns entre a população feminina, também são fatores de risco. “Essas doenças são inflamatórias e favorecem a aterosclerose, principal causa de deposição de gordura nas artérias”, aponta Vasconcelos.

Sintomas de infarto

As mulheres ainda podem ter sintomas diferentes em um infarto. Enquanto nos homens têm uma dor mais típica no peito, que corre para o lado esquerdo, nas mulheres nem sempre isso acontece. “Muitas vezes, elas têm uma dor na barriga, mais falta de ar, náusea e muitas ignoram os sintomas achando que é algo gástrico. Isso provoca uma demora no diagnóstico, o que dificulta as possibilidades de tratamento”, aponta Vasconcelos.

Prevenir é fundamental

Com ou sem proteção de fatores hormonais, a prevenção do risco de doenças cardiovasculares nas mulheres ainda é a melhor maneira de evitar cardiopatias. “Na maioria das vezes, a evolução para uma doença cardiovascular mais grave acontece quando temos uma combinação de fatores de risco”, observa  Bruna Loise Mayer.

Por isso, a cardiologista ressalta a importância da prática de exercícios físicos, alimentação mais equilibrada e saudável, manter o peso adequado e evitar o tabagismo. “Grande parte dos fatores de risco são evitáveis, nós podemos modificar nosso estilo de vida, sempre sem esquecer de ter um acompanhamento cardiológico regular”, salienta.

* Com informações da assessoria de imprensa

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