As vacinas contra Covid-19 em desenvolvimento no mundo poderão conseguir controlar a doença. No entanto, nenhuma delas será capaz de acabar com a circulação do coronavírus no planeta. A declaração é do médico Ricardo Palacios, diretor de Pesquisa Clínica do Instituto Butantan, um dos centros de pesquisa do mundo que participa do desenvolvimento de vacinas contra o vírus.
“Nós queremos gerar uma expectativa correta para a população. Nós não vamos acabar com o coronavírus com uma vacina. Qualquer uma que seja a vacina. O coronavírus veio e veio para ficar. Ele vai nos acompanhar. Durante todo o tempo de nossas vidas, nós teremos coronavírus circulando”, disse, em um debate virtual promovido pela Agência Fapesp e o Canal Butantan.
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O Instituto Butantan, na capital paulista, é um dos centros do mundo que participa das pesquisas de construção de uma vacina contra o novo coronavírus. O instituto firmou uma parceria, no dia 10 de junho, com o laboratório chinês Sinovac Biotech, que possuiu uma vacina em fase avançada de desenvolvimento, a Coronavac – que utiliza o coronavírus inativado para estimular uma resposta imunológica do organismo. O Butantan divulgou que 12 centros em diferentes regiões do país vão auxiliar na fase de testes, incluindo o Hospital de Clínicas, da Universidade Federal do Paraná.
De acordo com o diretor, as vacinas contra a Covid-19 que estão em desenvolvimento pretendem controlar a doença causada pelo novo coronavírus. O pesquisador faz uma analogia entre a Covid-19, e a gripe, causada pelo vírus Influenza.
Pessoas vacinadas contra a Influenza podem chegar a desenvolver a gripe, mas, na maioria das vezes, a doença não se desenvolve de forma grave, que poderia levar à morte. Segundo ele, o mesmo deverá ocorrer com as vacinas contra o novo coronavírus. Elas serão pouco eficientes em impedir a infecção das pessoas com o novo coronavírus, mas deverão proteger as pessoas de desenvolver a Covid-19 em sua forma grave.
“O vírus Influenza não desapareceu e segue conosco. Seguirá, talvez, durante toda a nossa vida. Mas a gente tem uma doença [a gripe] controlável. A maior parte das pessoas vacinadas consegue controlar a doença. Se chegar a se infectar, não terá uma doença grave, não morrerá dessa doença”, explicou.
Segundo Palacios, o objetivo de todas as vacina é proteger contra a doença e não contra a infecção. “Proteger contra a infecção é uma coisa a mais que, eventualmente, pode acontecer e até pode acontecer por um tempo limitado”, disse.
Vacina de Oxford
Outra vacina contra Covid-19 que está sendo testada no Brasil é a chamada “vacina de Oxford”. A pesquisa desta vacina é conduzida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, em conjunto com a empresa AstraZeneca. No Brasil, os testes envolvem a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Fundação Lemann, entre outros parceiros. A expectativa é divulgar os resultados em setembro deste ano.
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