As doenças do outono não devem ser minimizadas. As oscilações de temperatura marcam este período do ano, com manhãs quentes, noites frias e tempo mais seco. Por isso, é necessário saber como se prevenir das doenças do outono.
Médica clínica e nutróloga do Vera Cruz Hospital, Gisele Figueiredo Ramos, explica que a estação é a temporada das doenças respiratórias, que atingem as vias aéreas e outras estruturas do pulmão. “É comum atendermos casos de gripe, pneumonia, sinusite, rinite e bronquite”, cita.
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Ela esclarece que a procura por lugares fechados, com relativa aglomeração, predispõe à disseminação de vírus e bactérias, o que favorece o registro das chamadas doenças do outono. “Devemos evitar essas situações, propícias ao contágio, que pode acontecer por meio de gotículas dispersas no ar ou pelo contato com superfícies contaminadas”, orienta.
A estação com umidade do ar reduzida traz algumas preocupações para a saúde, conforme lembra a alergista e imunologista Cristine Rosário, do Hospital Otorrinos Curitiba. “É nessa estação que os casos de rinite alérgica, rinossinusite viral e bacteriana, asma e pneumonia têm aumento significativo. Temos que lembrar também que ainda estamos numa pandemia, então a prevenção e a vacinação em dia são fundamentais”, acrescentou.
Para o pneumologista Ronaldo Macedo, também do Vera Cruz Hospital, o tempo seco pode colaborar para o quadro inflamatório das vias aéreas. “O aumento da poluição faz com que as partículas se depositem nas vias aéreas, o que causa inflamações e facilita a entrada de vírus e bactérias. A situação também pode ser um gatilho em casos de asma mal tratados”, detalha.
Entre as doenças do outono estão a gripe e o resfriado, ambas causadas por vírus. “A gripe é ocasionada pelo vírus Influenza e pode ser prevenida pela vacina. Entre os sintomas estão febre alta, dor de garganta, tosse seca e dor de cabeça e muscular, com duração de três a cinco dias após o término da febre. Já no resfriado, os sinais de coriza, tosse, congestão nasal e dor de garganta são mais leves e duram menos tempo”, afirma.
A sinusite (inflamação das mucosas dos seios da face) é outra enfermidade da época. No geral, ocorre após gripes, resfriados ou processos alérgicos. Classificada como aguda e crônica, é muito comum em adultos e acomete mais as mulheres. “Os sintomas são dor de cabeça na região dos seios da face associada a obstrução nasal, tosse e febre. Caso não seja realizado o tratamento adequado, a sinusite pode se tornar crônica”, conta Gisele.
Nesta época, também deve-se tomar cuidado com as faringites, que podem ter origem viral ou bacteriana. São caracterizadas por dor intensa na garganta, que pode estar associada à dificuldade em ingerir líquidos e alimentos, febre, dor de cabeça e muscular. Atenção também para a pneumonia. A infecção no pulmão pode ser causada por bactérias, vírus, fungos e reações alérgicas, e causa febre, tosse com secreção amarelada ou esverdeada, dor torácica ao respirar, mal-estar e fraqueza.
A rinite e bronquite também são patologias provocadas por reações alérgicas que tendem a piorar nos dias mais frios, como no outono. Na rinite, os sintomas mais comuns são coriza, espirros e coceira no nariz, olhos e garganta. Já na asma brônquica, ocorre uma inflamação nos brônquios, dificultando a passagem do ar para os pulmões, resultando em chiado no peito, tosse e falta de ar.
E, mesmo com a forcinha da estação como gatilho para o desenvolvimento das patologias, é possível tomar alguns cuidados para evitá-las. “Lave as roupas de cama e banho com frequência, higienize sempre as mãos, evite contato das mãos com olhos e nariz, utilize lenços descartáveis para limpar o nariz. Mantenha as vacinas e os exames em dia. Adicione a prática do exercício físico à sua rotina, além de uma alimentação saudável e balanceada, priorizando alimentos ricos em vitamina C, tais como limão, laranja, brócolis e couve, bebendo, pelo menos, dois litros de água por dia”, conclui Gisele.
Os cuidados com as crianças também devem ser redobrados para evitar as doenças do outono. “Mesmo com todos os cuidados com a pandemia (distanciamento, higienização das mãos e uso de máscara), as crianças voltaram à escolinha e estão sempre em contato com outras crianças, fazendo com que a transmissão de vírus acabe sendo maior. Por isso é importante, seja na escola ou em casa, reforçar o hábito de higienizar as mãos várias vezes ao dia e manter os ambientes arejados. Outra dica é agasalhar bem a criançada e manter a mucosa nasal sempre hidratada, com o uso de soro fisiológico”, orienta Cristine Rosário.
Vacinação em dia
A época também alerta a importância da vacinação. No calendário anual, diversas vacinas garantem uma maior imunidade para essas doenças do outono e também para as conhecidas como doenças do inverno.
A vacina da gripe, prevista para chegar ao Brasil no começo de abril, é de extrema importância para aumentar a imunidade do organismo. “Nas clínicas de vacinação, a vacina da gripe é composta por quatro tipos de cepas do vírus influenza, sendo duas do tipo A (H1N1 e H3N2) e duas do tipo B, dependendo do vírus circulante no ano anterior”, afirma a enfermeira especialista em vacinação da Clínica Vacinne, Renata Quadros.
Além da vacina da gripe, a vacina meningocócica C e pneumocócica conjugada 10-valente, oferecidas pelo SUS, e a meningocócica B, ACWY e as pneumocócicas conjugadas 13-valente e 23-valente, da rede particular, garantem um corpo mais forte e preparado para a estação.
Renata lembra que as doenças respiratórias apresentam sintomas como febre, cansaço, dor de garganta, falta de ar, entre outros, comuns também na Covid-19. Para quem recebeu a vacina da Covid-19, a indicação do Ministério da Saúde é deixar um intervalo de pelo menos 14 dias para qualquer outra nova imunização. “A vacinação é uma arma poderosa para combater doenças e fortalecer o organismo. Isso ficou evidente ainda mais na pandemia. Verifique quais imunizações estão em atraso e realize as vacinas previstas no Calendário Nacional de Vacinação, garantindo assim um organismo mais forte, independente da estação do ano”, finaliza.
* Com informações das assessorias de imprensa
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