Clínica de Curitiba participa de estudo mundial sobre diagnóstico precoce em recaídas de câncer de próstata

O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens e entre toda a população, ficando atrás apenas do de pele não-melanoma. Em pacientes que fizeram tratamento para a doença, o risco de recaída pode ser de até 30% em pacientes tratados com remoção total da próstata e de até 60% em pacientes tratados com radioterapia externa.

Um estudo mundial inédito, promovido pela Agência Internacional de Energia Atômica, vinculada à ONU, procurou descobrir como o exame PET-CT com PSMA (radiofármaco com moléculas que identificam as alterações malignas, utilizado em exames para avaliação de câncer de próstata) pode ajudar a detectar essas recaídas mais precocemente, o que aumentaria as chances de sobrevida. No Brasil, a pesquisa teve a participação da Quanta Diagnóstico por Imagem, de Curitiba, com coordenação do médico nuclear Juliano J. Cerci, diretor do Serviço de PET-CT da clínica.

A síntese dos resultados da pesquisa foi apresentada no 34º Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear que ocorreu em setembro, por Mateos Bogoni, médico radiologista e especializando em medicina nuclear da clínica, e ganhou o Prêmio de Melhor Pôster. “No congresso de 2019 já havíamos ganhado o prêmio na categoria Melhor Trabalho Científico com a apresentação oral desse mesmo trabalho, porém em fase mais inicial da coleta e interpretação dos dados”, explica.

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Denominado “Performance diagnóstica e impacto clínico do PET/CT com antígeno de membrana específico prostático (PSMA) no câncer de próstata com recidiva precoce após terapia radical: estudo multicêntrico e prospectivo de fase 3 (Estudo de PSMA da Agência Internacional de Energia Atômica)”, o estudo realizado na Quanta demonstrou que o PET/CT PSMA na avaliação de pacientes com recidiva precoce de câncer de próstata após o tratamento inicial, consegue detectar até mesmo as lesões cancerígenas em estágio bem inicial, o que dificilmente se consegue com outros exames convencionais, como a cintilografia óssea e a tomografia computadorizada convencional.

Segundo os médicos, outro grande valor desse estudo é a confiança dos resultados, já que amplia esses resultados em um cenário global ao incluir pacientes de 15 países: Brasil, Azerbaijão, Colômbia, Índia, Israel, Itália, Jordânia, Líbano, Malásia, México, Paquistão, Polônia, África do Sul, Turquia e Uruguai, aumentando a confiança na reprodutibilidade dos resultados.

“A utilização do PET-CT com PSMA num cenário mundial (já que são muitos países envolvidos em diversos centros) corrobora achados de países de primeiro mundo da Europa, que muitas vezes demoram a chegar para os demais países. A excelente colaboração de diversos centros de diversos locais mostra que a união da comunidade científica é muito importante para trazer esse tipo de informação, que tem aplicabilidade para todo o mundo e não só uma ou outra região”, aponta Cerci.

 

Resultados do estudo

O estudo mostrou uma correlação progressiva dos níveis de PSA no sangue (PSA é a proteína produzida pelo tecido prostático e que, dependo do valor, pode indicar a presença de câncer), com a taxa de positividade do PET/CT PSMA, ou seja, quanto mais avançado o câncer de próstata, maior é a taxa de detecção nas imagens.

No entanto, uma das conclusões mais relevantes foi que mesmo para valores extremamente baixos de PSA sanguíneo (menor que 0,2 ng/dL), que sugerem menor carga tumoral, ainda assim o PET-CT PSMA tem boa capacidade na detecção das lesões cancerígenas: em 51,2% dos pacientes. “Esse é o grupo de pacientes onde o valor do exame é mais evidente, pois essas lesões dificilmente apareceriam em exames de imagem convencionais, ou seja, nesses casos o PET-CT PSMA permite uma segunda chance de tratamento com intenção curativa do câncer de próstata nestes pacientes com pouco volume de doença, podendo aumentar de forma importante a sobrevida”, afirma o médico radiologista.

O resultado final dos estudos feitos em todo o mundo será publicado na literatura médica internacional especializada em Oncologia em breve. “Esse estudo é inédito e foi um grande desafio, desenvolvido no período aproximado de três anos. A expectativa é de boa recepção, não apenas pelos resultados animadores relativos ao PET-CT PSMA, mas também pela grande amostra de pacientes, com mais de mil pacientes das mais diversas nacionalidades”, avalia Bogoni.

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