Covid-19: pesquisadores defendem prioridade de vacinação para idosos com limitações e cuidadores

    Os pesquisadores do Comitê de Saúde da Pessoa Idosa da Fiocruz lançam nesta quinta-feira (4 de fevereiro) a nota técnica Acesso prioritário à vacinação contra a Covid-19 para as pessoas idosas com limitações funcionais e seus cuidadores(as). O objetivo é chamar atenção sobre os critérios de prioridade da vacinação contra a Covid-19. O grupo propõe que idosos com limitação da capacidade funcional sejam considerados prioridade independentemente de sua faixa etária; assim como a adoção de estratégias para vacinar idosos com dificuldade de sair de casa; e atenção à vacinação dos cuidadores de idosos que atuam nos domicílios, sejam estes um familiar ou uma pessoa contratada. 

    De acordo com a nota, “no Brasil existem 5, 2 milhões de idosos que necessitam de ajuda para as suas atividades da vida diária. Em pelo menos 80% dos casos, o cuidado é prestado por algum familiar e em 20% este é prestado por uma cuidadora remunerada. Estima-se, portanto, que cerca de 4,2 milhões de familiares cuidam de idosos e 1 milhão de cuidadores sejam contratados ou remunerados”.

    Leia também – Quando vou me vacinar contra Covid-19? Saiba mais sobre a vacinação

    Leia também – Covid-19: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia pede urgência na vacinação de idosos

    O comitê destaca que a Campanha Nacional de Vacinação contra a Covid-19 prevê o acesso prioritário à vacinação por pessoas idosas segmentadas por faixa etária e os trabalhadores de saúde, mas, no grupo dos trabalhadores de saúde foram incluídos os cuidadores de idosos remunerados, excluindo os familiares que são cuidadores de seus parentes idosos.

    O grupo alerta que se tenha como grupo prioritário no Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 os idosos com incapacidade funcional (provocados por uma doença, acidente, problema degenerativo ou outra situação) e que precisam de cuidados domiciliares. A nota destaca ainda que “a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013) identificou que 6,8% dos idosos possuía algum tipo de limitação para a realização das atividades básicas da vida diária e 17,3% para as atividades instrumentais da vida diária.

    Assim, os pesquisadores sugerem a incorporação do critério de capacidade funcional dos idosos, de forma complementar ao critério de idade, como indicador da situação da saúde; a adoção de estratégias para vacinar idosos com dificuldade de sair de casa; e que a prioridade da vacinação inclua efetivamente os cuidadores de idosos que atuam nos domicílios, sejam estes um familiar ou uma pessoa contratada.

    Leia também – Pessoas com doenças do coração devem se vacinar contra Covid-19?

    Leia também – Diabéticos podem se vacinar contra Covid-19?

    Cuidadores de pessoas idosas como prioridade na vacinação contra Covid-19

    No Brasil, a maior parte do trabalho de cuidados com os idosos é realizado, de forma não remunerada por algum familiar. Esse número vem aumentando, acompanhando o crescimento da demanda por cuidados associada ao envelhecimento da população. Segundo a nota técnica, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD) do IBGE apontaram que o número de familiares que se dedicavam aos cuidados de indivíduos de 60 anos ou mais saltou de 3,7 milhões em 2016 para 5,1 milhões em 2019.

    De agosto a novembro de 2020, a Fiocruz realizou a pesquisa CuidaCOVID, sobre as pessoas cuidadoras de idosos durante a pandemia. Resultados preliminares mostram que 91,4% dos familiares cuidadores de idosos são mulheres, quase 60% têm 50 anos ou mais e quase 40% sofrem de alguma doença crônica considerada de risco, se contagiada por Covid-19 (hipertensão, diabetes, asma/doença respiratória crônica/doença de pulmão, doença de coração ou câncer).

    “A pessoa idosa foi a que mais morreu durante a pandemia da Covid-19. Já somam 73% do total de mortes no Brasil. Dentro desse quadro, como vamos resgatar os mais vulneráveis? Qual a prioridade da vacinação? Há uma dificuldade também em se conhecer o cuidador de idoso que é um familiar, pois ele não é remunerado e, portanto, não tem um contrato, não há um cadastro. Cuidar de quem cuida é necessário para a sociedade”, afirma Dalia Romero, pesquisadora do Icict/Fiocruz e coordenadora do Grupo de Informação e Envelhecimento (GISE/LIS), uma das que assina a nota técnica.

    Além disso, os pesquisadores do comitê manifestaram a sua preocupação com a vacinação dos cuidadores domiciliares de idosos que atuam de forma remunerada, já que a maioria não possui carteira de trabalho assinada e pode ter dificuldades em comprovar a atuação na área. 

    * Com informações da Fiocruz

    Leia também – Doação de sangue deve ser feita antes da vacinação contra Covid-19