Diabéticos podem se vacinar contra Covid-19?

A vacinação contra Covid-19 está em andamento no país e os diabéticos estão contemplados no Plano Nacional de Imunização (PNI), que está servindo de base para os planos estaduais e municipais. Ainda não há previsão de quando os diabéticos podem ser vacinados contra Covid-19, mas isto deve acontecer quando houver uma maior distribuição de doses. (Clique aqui para saber mais sobre os grupos prioritários)

Mas os diabéticos podem se vacinar contra Covid-19? Existe algum risco para este público? A médica endocrinologista Lorena Lima Amato, Doutora pela Universidade de São Paulo (USP), garante que sim. “Não existe contraindicação. Os diabéticos e também os obesos devem se vacinar, quando surgir a oportunidade”, enfatiza.

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A vacinação para este público – diabéticos e obesos – é recomendada porque as duas doenças são fatores de risco para a evolução da forma grave da Covid-19. “As hipóteses ainda são várias. Mas, de fato, os diabéticos evoluem pior e a obesidade tem uma importância maior entre os jovens, cujo quadro pode evoluir de forma preocupante, no caso da Covid-19. Com certeza são fatores de risco”, sinaliza Lorena.

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) emitiram uma nota técnica sobre a vacinação contra Covid-19 nestes públicos, no mês de janeiro de 2021. Existe a recomendação de imunização para quem tem Diabetes Mellitus (DM). Clique aqui para conferir a nota na íntegra, ou no final deste texto. 

Diabéticos podem se vacinar contra Covid-19? Lorena Amato acredita que eles não apenas podem, mas como de fato deveriam ser prioridade na vacinação. No entanto, ainda não há previsão concreta de quando os diabéticos serão vacinados, em função da escassez de doses. Ela acredita que, apesar disto, o quadro geral deste público-alvo não é tão grave, na comparação com os obesos. “Isto porque sabemos que a incidência de diabetes aumenta com a idade e os idosos serão contemplados nos grupos prioritários. Já em relação à obesidade é mais problemático, até em função da sua prevalência. Somente a obesidade atinge 20% da população, sem considerar o sobrepeso. Será difícil cobrir toda esta população, até porque existem pessoas mais jovens neste público, e provavelmente não serão cobertos”, avalia.

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Para a endocrinologista, o momento não é apenas de esperar a vacina. Os cuidados na prevenção ao coronavírus devem ser reforçados, mesmo por aqueles que forem imunizados. Além disso, os diabéticos e obesos também devem retomar seus tratamentos junto aos seus médicos. “Muitos pacientes abandonaram os tratamentos no início da pandemia, se distanciaram do médico. Não dá para deixar sem o devido cuidado, sem as consultas, sem acompanhamento, com quase um ano de pandemia. Isso influencia tanto em uma pioria na evolução da Covid-19, caso a pessoa seja infectada pelo coronavírus, quanto pela própria doença. Esse cenário pode levar a desfechos desfavoráveis, até mesmo fatais”, alerta Lorena. 

A médica recomenda também a retomada dos check-ups mesmo por aqueles que não são diabéticos ou obesos. Este tipo de atitude pode ajudar no diagnóstico precoce destas e de outras doenças. 

Nota Técnica da Sociedade Brasileira de Diabetes e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia sobre Imunização para COVID-19 na pessoa com Diabetes Mellitus – 22 de janeiro de 2021

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) apoiam a vacinação da população brasileira no menor tempo possível, incluindo-se as pessoas com Diabetes Mellitus (DM) que pertençam aos grupos contemplados.

Vivemos atualmente em nosso país um momento histórico, com a aprovação pela Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) de duas vacinas para imunização contra a infecção pelo COVID-19. Ambas as vacinas foram autorizadas para uso emergencial no nosso país e devem ser utilizadas conforme orientação do Plano Nacional de Imunização (PNI).

No plano apresentado pelo Ministério da Saúde, a prioridade será dada para profissionais de saúde, pessoas com 75 anos ou mais, pessoas institucionalizadas com 60 anos ou mais e indígenas. Na sequência virão as pessoas com 60 a 74 anos. A presença de DM, na ausência dos critérios etários das duas primeiras fases está contemplada na fase 3, juntamente com pessas portadoras de comorbidades (hipertensão, doenças renais, respiratórias e cardiovasculares, obesidade grave etc). O DM não está considerado como grupo especial (gestantes, puérperas, lactantes, uso de anticoagulantes, portadores de doenças reumáticas imunomediadas e pacientes oncológicos, transplantados e imunossuprimidos).

Embora as pessoas com DM não façam parte dos grupos especiais, considerando que esta é uma condição que aumenta com a idade, a maioria das pessoas com DM será incluída nas fases iniciais através do critério de faixa etária.

A CORONAVAC é uma vacina inativada. A vacina OXFORD/FIOCRUZ utiliza um vetor viral não replicante, plataforma que já vem sendo utilizada no desenvolvimento de outras vacinas. 

As vacinas inativadas são menos imunogênicas do que as atenuadas e, em geral, são associadas a adjuvantes para potencializar a resposta imune; necessitam de maior número de doses, seguindo um esquema primário e reforços; podem ser utilizadas em qualquer intervalo de tempo, após a administração de qualquer imunoglobulina ou com outras vacinas inativadas ou atenuadas; podem ser utilizadas em gestantes, se indicadas, e em indivíduos imunodeprimidos.

A eficácia entre as vacinas disponibilizadas no momento não pode ser comparada, devido a diferentes critérios metodológicos, utilizados na fase III dos estudos realizados, e ainda pela diversidade da população estudada nas duas vacinas (CORONAVAC/BUTANTAN e OXFORD/FIOCRUZ).

No momento, a vacina está focada no controle de sintomas e redução de hospitalizações, e ambas as vacinas mostraram resultados semelhantes em relação à hospitalização e sintomas. A CORONAVAC, testada pelo INSTITUTO BUTANTAN, evidenciou redução em 50% de qualquer sintoma nos profissionais de saúde estudados e a vacina de OXFORD/FIOCRUZ, em 62% de toda população estudada (não apenas profissionais de saúde).

Contudo, não foram ainda apresentados dados de imunogenicidade ao longo do tempo e, portanto, não sabemos ainda ao certo o tempo que essas vacinas garantirão de imunidade à pessoa vacinada. Portanto, mesmo nos já imunizados, ainda se faz necessária a manutenção do uso de máscaras, higiene frequente das mãos, uso do álcool em gel e distanciamento social, até que tenhamos todas as respostas sobre a eficácia das vacinas e/ou tenhamos alcançado a imunidade em massa.

Os estudos com as vacinas foram limitados quanto à eficácia em crianças, adolescentes, gestantes e imunodeprimidos. Incertezas ainda existem, também, sobre a diferença da eficácia em quem já teve a infecção pelo COVID-19 e os que nunca a tiveram em relação àduração do tempo de proteção.

Portanto, não deverão ser contempladas, nesta fase inicial, crianças e adolescentes com DM tipo 1.

As reações adversas relatadas com maior frequência foram dor e desconforto no local da administração, não tendo sido observada nenhuma reação adversa grave nos estudos apresentados com estas vacinas disponibilizadas no momento para a população brasileira.

Diante destes fatos, pode ser recomendada aos indivíduos com DM a imunização para COVID-19, devendo ser consultado o Plano Estadual/Municipal de Imunização para identificação do enquadramento na fase vacinal do plano. Indivíduos pertencentes a esses grupos poderão ser pré-cadastrados no SIPNI. Aqueles que não tiverem sido pré-cadastrados poderão apresentar qualquer comprovante que demonstre pertencer a um destes grupos de risco (exames, receitas, relatório médico, prescrição médica e etc.) Adicionalmente, poderão ser utilizados os cadastros já existentes dentro das Unidades de Saúde” (Plano Nacional de Imunização, Ministério da Saúde, 2021).

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p class=”ql-align-center”>Esperamos, desta forma, orientar todos os indivíduos com DM, contribuindo para imunizar a maior quantidade destas pessoas de maior vulnerabilidade a formas graves da infecção e diminuir o risco de morbimortalidade que a epidemia do COVID-19 nos trouxe.

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