Além da ressaca: o perigo do álcool nas festas de fim de ano durante pandemia

Existe uma expectativa pelas festas de fim de ano, mesmo em meio à pandemia. E, quando se fala em festa, ela pode estar associada ao consumo de bebidas alcoólicas. No entanto, o que pode parecer uma forma de comemorar ou extravasar gera diferentes riscos. Por isso, é preciso ficar atento ao perigo do álcool nas festas de fim de ano durante pandemia.

As pessoas que bebem mais têm mais processos inflamatórios e tendem a ter menos imunidade, essencial para se proteger do Coronavírus e do agravamento da infecção”, conta Alessandra Diehl, psiquiatra e vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos Sobre o Álcool e Outras Drogas (ABEAD).

Ela ressalta ainda que, sob o efeito do álcool, as pessoas têm reflexos diminuídos e tendem a ter menos atenção às medidas de distanciamento e higiene que servem para prevenir a transmissão e o contágio pelo coronavírus. “Sem falar no compartilhamento de copos, que é altamente contagioso”, argumenta Alessandra.

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Mais do que nunca, o conselho da especialista é de que, neste fim de ano, a bebida esteja presente apenas momento de celebração, na hora do um brinde. “Passamos por um ano difícil e temos que agradecer que estamos vivos, com saúde. Precisamos tomar cuidado nesse que é o momento mais delicado da pandemia, com vistas ao Natal de 2021. Para comemorar no próximo ano, precisamos nos preservar agora, com festas íntimas, que não extrapolem a nossa bolha familiar. Essa é a recomendação da ciência, das autoridades médicas e das prefeituras e devemos segui-la”, destaca Alessandra.

Mesmo em pequenas celebrações, em casa, as pessoas devem tomar cuidado com o uso do álcool e não esquecer de beber bastante água para evitar os efeitos da desidratação provocado pelas bebidas. “A intoxicação pelo álcool e a desidratação causam aquele desconforto que muitos conhecem: dor de cabeça, náusea, diarreia, dores musculares, tontura, confusão mental e a enorme sede que sentimos no dia seguinte. Outra dica é não beber de estômago vazio, fator que potencializa os efeitos da substância por aumentar a absorção do álcool no estômago”, aconselha a especialista.

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O perigo do álcool nas festas de fim de ano durante pandemia (Foto: Pexels)

Álcool e pandemia

O consumo de álcool está indo bem além da ressaca em tempos de Covid-19 e está se tornando nocivo à saúde no mundo todo. Depressor do sistema nervoso central, a substância induz a sensação de relaxamento, euforia, diminui a coordenação motora e a tomada de decisões acaba sendo dificultada. Por isso, está longe de ser a tábua da salvação para atenuar os efeitos colaterais do Coronavírus em nossas emoções. “Usar o álcool como forma de enfrentar problemas associados ao período pandêmico, como angústia e ansiedade, não é aconselhável. Há risco de que as pessoas sigam bebendo num padrão alto, o que pode evoluir para uma dependência”, alerta Alessandra.

Estudos revelam o aumento do consumo de bebidas alcoólicas durante a pandemia do coronavírus em diversos países, incluindo o Brasil. Um estudo realizado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em 33 países e dois territórios, entre maio e junho, apontou que 42% dos entrevistados brasileiros relataram alto consumo de álcool. “Eles começaram a beber na quarentena, nas lives, e a tendência é seguirem nesse padrão pós-pandemia. As pessoas estão começando a beber mais cedo durante o dia, e seguem bebendo por mais tempo”, afirma a vice-presidente da ABEAD.

Na opinião de Alessandra Diehl não existe como estabelecer uma quantidade de bebida que seja segura, pois nenhum consumo de álcool está totalmente isento de riscos. “A bebida pode provocar alterações no sistema cerebral e estimular acidentes e violência, por exemplo. Além disso, o hábito pode ser prejudicial quando uma pessoa começa a colocar a bebida em detrimento de outros afazeres da vida dela, o que prevalece o surgimento de danos, sejam físicos ou mentais. Ela pode não beber todos os dias, mas beber durante todo o final de semana, ficar ausente no cuidado dos filhos, se atrasar para o trabalho na segunda-feira, por exemplo”, finaliza Alessandra Diehl.

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