As mortes por Covid-19 fizeram com que o luto no ambiente de trabalho também se tornasse um assunto em evidência. Além das perdas de familiares, a partida de colegas e amigos afetaram diretamente o colaborador e mexeram com a rotina de trabalho. O estado emocional de quem está em luto afeta todas as áreas da vida, inclusive no trabalho.
A psicóloga Monique Luz, que atua na plataforma Zenklub e é formada pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e pós-graduada tanto em Psicologia Analítica quanto em Hospitalar, explica que o luto é um processo natural, mas vivenciado de forma individual. Por isso, cada um lida com isto de maneira particular, aliado ao contexto.
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O luto no ambiente de trabalho não pode ser menosprezado, seja quando o colaborador passa por isso em uma situação particular de sua vida, sem relação ao ambiente corporativo, seja quando envolve uma pessoa da equipe.
Segundo a especialista, deve-se falar sobre o assunto com o funcionário, respeitando sempre a permissão da pessoa enlutada. “O acolhimento é fundamental, escutar, tentar entender o que a pessoa está passando, não desviar de uma conversa. O gestor, nesse momento, precisa ter a sensibilidade de perceber a situação, e atuar como um porta-voz da equipe, promovendo reuniões, ainda que remotas, para falar sobre o tema de uma maneira aberta. Precisa entender também que o luto de um colaborador afeta toda a equipe e pode haver uma mudança de desempenho, mas que é um período específico”, explica.
Para lidar com o luto no ambiente de trabalho, a empresa deve observar e considerar o oferecimento de um acompanhamento psicológico. Dependendo do tamanho da empresa, a promoção de palestras, grupos de apoio e ações podem fazer diferença. São iniciativas que, inclusive, podem ser estendidas para a família.
Outras medidas são a antecipação das férias e diminuição das atividades. “Tudo isso faz com que a pessoa que está passando pelo luto entenda que existem aliados ali, que é um espaço seguro”, comenta Monique. “É importante também que tais ações passem a fazer parte da cultura da empresa e possam ser postas em prática sempre que for necessário”, salienta.
A psicóloga também comenta sobre os gestores e líderes que estão em luto. É preciso olhar também para essa pessoa que está em um cargo de gestão e que também precisa ser cuidada. “O chefe é uma figura essencial e um modelo para os demais funcionários, então a sua saúde mental impacta diretamente a produtividade”, afirma Monique.
Se o próprio chefe perdeu alguém próximo e está de luto, a questão também não pode ser ignorada. “Assim como os demais colaboradores, o gestor também é uma pessoa que precisa vivenciar seu processo de luto e, para que isso aconteça, é necessário um diálogo aberto com a sua equipe e o RH da empresa, demonstrando sua própria vulnerabilidade nesse momento”, diz Monique. A partir daí, segundo ela, cabe à empresa reorganizar o fluxo de trabalho para que exista uma reorganização do setor nas questões práticas, seja delegando as tarefas, e, se necessário, adiantando dias de férias.
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