O avanço da vacinação e a queda no número de óbitos por Covid-19 no Brasil alimentam a esperança pela retomada de grandes eventos culturais. Enquanto autoridades públicas já citam a possível realização do Carnaval do ano que vem com atividades na rua e sem restrições para a circulação de pessoas, já há o questionamento se este é o momento certo para já liberar o Carnaval 2022. O médico sanitarista e professor de Saúde Pública e Epidemiologia do Centro Universitário São Camilo, Sérgio Zanetta, avalia que as falas atendem a um desejo coletivo legítimo, mas sem qualquer propósito técnico ou científico.
“Como o vírus se propaga a partir do contato entre as pessoas, pode ser um momento de intensa transmissão do vírus. Manter (o evento) significa manter a possibilidade de que novas variantes sejam desenvolvidas. Então, a possibilidade de liberação de atividades como o Carnaval não é mais que um desejo. Não há fundamento para a liberação dessas atividades”, afirma.
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Ainda sobre a liberar o Carnaval 2022, o especialista declara que ainda haverá transmissão do vírus no ano que vem. Embora as pessoas vacinadas se contaminem menos – a probabilidade de contrair o vírus após receber a vacina varia de 51 a 70% –, esse público ainda pode ser infectado e se tornar um transmissor. “A expectativa de que estaríamos em condições de circular sem máscara e sem distanciamento, e realizar aglomerações como as do Carnaval, mesmo com a previsão da vacina, é ignorar os seguintes fatos: a pandemia não terá desaparecido até lá. Ela provavelmente persistirá pelo próximo ano inteiro, talvez mais um ano. Depende de uma série de inovações e descobertas, mas também de transformações que podem ocorrer no curso da doença”, explica.
Enquanto isso, diferentes cidades flexibilizam ainda mais as medidas relacionadas à pandemia diante dos atuais números de casos confirmados e mortes relacionadas à Covid-19. É o caso de Curitiba, que nesta quarta-feira (6 de outubro) editou um decreto estendendo a bandeira amarela na cidade, com mais flexibilizações de atividades. As novas regras valem até 4 de novembro.
Podem voltar a funcionar as casas de shows e casas noturnas, mas com 70% de ocupação, cumprimento de protocolos e limitação máxima de mil pessoas. Também estão liberadas as saunas com 70% de ocupação. As regras de 70% de ocupação e limitação máxima de mil pessoas também passam a valer para casas de festas e de recepções, considerando a similaridade entre as atividades.
Pistas de danças poderão funcionar em área delimitada, com o uso de máscaras e sem consumo de bebidas e alimentos no espaço destinado para dançar. O consumo de bebidas e alimentos nos estabelecimentos segue restrito para clientes sentados. Continuam suspensos o consumo em tabacarias e de bebidas alcóolicas em vias públicas, com exceção em feiras livres e feiras de artesanato.
Atividades comerciais e serviços, que já podiam funcionar com 50% da capacidade, agora podem atender com até 70% da capacidade de ocupação. Igrejas e templos também.
Os eventos esportivos com público externo e as apresentações teatrais e musicais em espaços abertos, que também já estavam liberados, poderão acontecer agora com 50% da ocupação, com a testagem prévia do público pela metodologia RT-PCR ou antígeno e a proibição da comercialização e consumo de alimentos e bebidas alcóolicas.
Os estabelecimentos destinados à hospedagem, como pousadas, hotéis, resorts e hostels, podem atuar com a capacidade total de ocupação (antes era 70%). Eventos coorporativos de interesse profissional também poderão ser realizados, sem limitação máxima de público, desde que respeitada a regra de 70% de ocupação do espaço, não havendo mais a necessidade de realização de testagem prévia. A regra da testagem para esse tipo de evento mudou devido ao entendimento de que o público deve permanecer sentado, com uso de máscara facial e o distanciamento entre os participantes.
Curitiba ainda não se pronunciou sobre a possibilidade de liberar o Carnaval 2022 para atividades com mais concentração de pessoas.
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