Vacina para adolescentes: nova etapa de estudos no Paraná

A cidade de Toledo, na região Oeste do Paraná, segue participando de uma pesquisa sobre a vacina para adolescentes no combate à Covid-19. Os adolescentes de 12 a 17 anos receberam a primeira vacina da Pfizer dentro de um estudo observacional liderado pela própria farmacêutica, com participação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), antes mesmo da ampliação da aplicação da vacina para adolescentes no restante do país. A pesquisa pretende analisar como o vírus Sars-CoV-2 se comporta em uma cidade de porte médio com toda a população imunizada.

As aplicações aconteceram entre o final de agosto e início de setembro deste ano. Até o dia 5 de outubro, 98,23% da população acima de 12 anos já havia tomado a primeira dose da vacina, representando 119.343 aplicações. Entre os adolescentes de 12 a 17 anos, a cobertura é de 91,71% com a primeira dose.

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Uma nova etapa deste estudo foi anunciada nesta quarta-feira (6 de outubro). A pesquisa é um estudo conjunto entre a UFPR, o Programa Nacional de Imunização (PNI), a indústria farmacêutica Pfizer, o Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, e a Secretaria de Saúde de Toledo. O objetivo do estudo é avaliar a efetividade da vacina da Pfizer em um cenário de vida real em que toda a população acima de 12 anos esteja imunizada.

Além do objetivo principal de avaliar a efetividade e segurança do imunizante, a pesquisa observacional também vai analisar se os resultados de estudos clínicos são reproduzidos em um contexto de vida real. Serão observados os impactos da vacina na prevenção de casos sintomáticos, reinfecção, internações, mortes, efeitos adversos e as sequelas em longo prazo atribuídas ao coronavírus, o long Covid.

Sob coordenação do Instituto de Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento, serão recrutados cerca de 4.500 voluntários, com idade acima de 12 anos, que tenham sintomas respiratórios relacionados à Covid-19.

Desses voluntários, as pessoas com resultado positivo para Covid-19 farão parte do “grupo casos” e serão monitoradas pelo período de um ano. A expectativa é que 1,5 mil voluntários recebam esse acompanhamento. “Informações quanto ao estado vacinal desses participantes permitirão a avaliação da efetividade e segurança da vacina em curto, médio e longo prazo. Esses resultados em mundo real serão úteis para embasar políticas públicas de saúde”, pontua Regis Goulart Rosa, pesquisador principal e médico intensivista do Hospital Moinhos de Vento. Os casos negativos para Covid-19 serão denominados “grupo controle”.

O recrutamento de voluntários deve começar entre duas e quatro semanas, após a finalização de arranjos estruturais. Segundo o pesquisador, após o recrutamento dos 4.500 voluntários, que pode levar de seis a nove meses, será possível ter os primeiros dados da pesquisa primária de efetividade da vacina. Os estudos com os resultados devem levar pelo menos dezoito meses para serem publicados, após o acompanhamento dos voluntários pelo período de um ano.

A UFPR vai participar ativamente da pesquisa fazendo a análise genômica das amostras positivas para Covid-19 a fim de identificar possíveis variantes de preocupação do vírus. A diretora do campus Toledo da UFPR, professora Cristina de Oliveira Rodrigues, ressalta que a pesquisa não vai interferir na conduta de vacinação do município e nem mudar protocolos do PNI ou condutas médicas aos pacientes. “É um estudo observacional que vai analisar o desfecho da vacinação e trará respostas muito importantes para compreender melhor essa pandemia, como funcionam as vacinas e como isso evolui na população”, diz Cristina. De acordo com ela, a vigilância genômica poderá dar respostas mais rápidas para a prefeitura de Toledo sobre as variantes que circulam na cidade.

Vacina para adolescentes é segura, diz pesquisador da PUCPR

(Foto: Divulgação)

Cardiologista, professor da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e pesquisador do Centro de Epidemiologia e Pesquisa Clínica (Epicenter) da Universidade, José Rocha Faria Neto chama atenção para a importância da vacina para adolescentes contra o novo coronavírus e reforça que a imunização é segura. De acordo com estudo publicado no New England Journal of Medicine, a eficácia da vacina da Pfizer – a única aprovada para esse público – em jovens é de 100%.  

Sobre os riscos de desenvolvimento de miocardite – inflamação no músculo do coração – pelos adolescentes vacinados, Faria Neto comenta que os casos registrados até então pela Organização Mundial da Saúde (OMS) foram, em sua maioria, extremamente leves, tratados com medicação e repouso. Ademais, a proporção de jovens que reportaram a inflamação após a vacinação é de quatro para cada 100 mil.  

Em contrapartida, calcula-se que a taxa de óbitos de pessoas entre 12 e 17 anos por Covid-19 em Curitiba (PR) seja de 38 para 100 mil. Significa que adolescentes não imunizados têm cerca de 10 vezes mais chances de morrer em decorrência do novo coronavírus do que os jovens vacinados têm de desenvolver quadros leves de miocardite. 

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