Uma doença silenciosa que pode se desenvolver durante meses ou até anos, sem apresentar nenhum sintoma. Esse é o Glaucoma, problema que acomete o nervo óptico e é geralmente provocado pela elevação da pressão intra-ocular. O Glaucoma não tem cura e pode até levar à cegueira, caso não seja devidamente diagnosticado e tratado de maneira adequada. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 80 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com a enfermidade, cerca de 1% a 2% da população mundial. No Brasil, estima-se que o Glaucoma atinja aproximadamente 1 milhão de pessoas. As projeções não são nada animadoras: a OMS estima que 115,5 milhões de pessoas podem sofrer com o problema em 2040.
De acordo com o oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná, Guilherme Guedes, os sintomas só aparecem na fase mais avançada da doença, quando por exemplo a pessoa começa a esbarrar nos objetos, pois está perdendo a visão periférica (vê bem o que está na sua frente, mas não enxerga o que está dos lados). “Por isso é vital o acompanhamento periódico com um especialista, fazer uma consulta anual pelo menos. Quanto mais precocemente o Glaucoma for detectado, maiores são as possibilidades de êxito no tratamento”, afirma o médico.
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A enfermidade é diagnosticada quando o paciente faz um exame oftalmológico de rotina, que inclui a medição da pressão intra-ocular e avaliação do nervo óptico. Às vezes, é necessária a realização de outros exames, como a estereofoto de papila, tomografia de coerência óptica (OCT) e campo visual.
Um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), em 2020, entrevistou 2.700 brasileiros em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Ceará e Pernambuco. Intitulada “Um olhar para o Glaucoma no Brasil”, o estudo mostrou que 10% dos entrevistados assumem que nunca foram a um oftalmologista e 25% afirmaram que frequentam um especialista raramente, apenas ao sentir qualquer tipo de incômodo nos olhos. Além disso, ainda mostra que metade dos entrevistados não sabe que o Glaucoma é a maior causa de cegueira irreversível no mundo e 41% sequer conhecem a doença. “Vivemos em um cenário em que as pessoas ainda não aderiram ao acompanhamento médico de rotina e só costumam procurar por ajuda quando apresentam sintomas, o que já é tarde. O resultado disso é o alto número de casos da doença em nossa sociedade”, afirma Alexandre Misawa, médico oftalmologista do Hospital HSANP, na Grande São Paulo.
Glaucoma: fatores de risco
O principal fator de risco é o aumento da pressão intraocular. “O glaucoma pode ser definido como o aumento da pressão intraocular, que não tem nenhuma relação com a pressão do corpo, pois não existe máxima nem mínima, ela varia em torno de 10 e 20 mmHg (milímetros de mercúrio)”, esclarece Misawa.
Além da pressão, pessoas que tenham histórico familiar da doença, indivíduos com mais de 40 anos, pessoas negras, pacientes com alto grau de miopia e diabéticos são considerados como grupo de risco da doença, devendo ter ainda mais atenção ao tratamento.
“Pessoas com essas características devem ter atenção redobrada com relação ao Glaucoma e consultar um oftalmologista regularmente. Sabemos que no cenário atual de pandemia, muitos pacientes com a doença deixaram de frequentar as consultas, por receio de contaminação de Covid 19, que merece cuidado. Isso pode acabar gerando um problema no futuro, já que o Glaucoma, se não tratado adequadamente, pode trazer danos irreversíveis à visão”, complementa Guilherme Guedes.
Glaucoma: tratamento
O tratamento é variado, vai desde a utilização de colírios, que ajudam a baixar a pressão intra-ocular, passando pelo uso de laser e até cirurgia em casos mais graves. O objetivo do tratamento é estabilizar a doença, porém, isso não fará com que o paciente recupere a visão perdida.
“O Glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo. Por isso, precisamos aumentar o nível de conscientização das pessoas com relação à doença. O número de pacientes hoje é bastante significativo e tende a aumentar ainda mais com o envelhecimento da população. Só o diagnóstico precoce e um tratamento eficaz podem frear este avanço”, comenta Guedes.
Segundo estudos científicos da área oftalmológica, das 80 milhões de pessoas afetadas pelo Glaucoma, 20 milhões estão cegas de um olho e 11 milhões perderam totalmente a visão.
* Com informações das assessorias de imprensa
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