Como lidar com a intolerância à lactose?

Dor abdominal, sensação de “inchaço”, enjoo, azia… a lista de sintomas pode ser extensa. O vilão, nesse caso, é o leite – mais especificamente, a lactose, açúcar presente no alimento e seus derivados. Mas como lidar com a intolerância à lactose?

Em pacientes que apresentam a intolerância à lactose, há a incapacidade parcial ou total do organismo produzir a enzima chamada lactase, responsável por quebrar esse açúcar dos produtos lácteos. Assim, a lactose se acumula no intestino, sendo fermentado por bactérias e, consequentemente, gerando o mal-estar ao paciente.

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Em geral, os sintomas se manifestam entre 30 minutos a duas horas após a ingestão de leite ou derivados, dependendo do grau de intolerância do paciente. “Os sintomas mais comuns são a dor abdominal, diarreia, flatulência, gases, distensão abdominal, náuseas, azia e vômitos”, pontua a nutróloga Michelle Varaschim Garcia, cooperada da Unimed Cascavel. Em casos mais raros, pode ocorrer, ainda, a constipação e manifestações neurológicas como cefaleia, vertigem e letargia.

Lidar com a intolerância à lactose: níveis e tratamento

Não é incomum, ao longo da vida, o paciente perceber uma certa piora nos sintomas apresentados após consumir produtos lácteos. Às vezes, os sintomas surgem somente após a segunda ou terceira xícara de café com leite, ou em um dia em que o consumo de laticínios foge da rotina. “Cada paciente tolera uma quantia diferente de lactose sem apresentar sintomas clínicos. A diferença básica entre as orientações dietéticas é na quantidade de lactose que cada paciente irá tolerar”, detalha Michelle.

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De acordo com a profissional, a maioria dos pacientes com intolerância clínica à lactose é capaz de consumir 12g do açúcar, ou seja, 240ml de leite, sem piora dos sintomas. “A orientação alimentar também varia com decorrer do tempo do tratamento. Inicialmente pode ser necessário a retirada completa de leite animal e derivados. Gradativamente alguns alimentos são reintroduzidos”, diz.

Além disso, Michelle pontua que é frequente a necessidade de uso de probióticos no início do tratamento devido à disbiose intestinal, que pode se manifestar em consequência a intolerância à lactose. “O consumo de cálcio e vitamina D também deve ser avaliado e, se necessário, é indicado fazer a suplementação”.

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Intolerância pode ser desenvolvida

Outra situação que não é incomum é o surgimento dos sintomas depois de anos consumindo laticínios normalmente. Com o passar dos anos, de acordo com Michelle, a possibilidade de desenvolver a intolerância à lactose aumenta, uma vez que a capacidade de produzir a enzima lactase diminui gradativamente. “A atividade da enzima lactase em humanos é mais alta imediatamente antes do desmame, e sua expressão diminui para 5% a 10% dos níveis infantis na idade adulta. Portanto, conforme envelhecemos a manifestação clínica da intolerância à lactose pode surgir”, explica.

Além disso, a nutróloga pontua que algumas condições também facilitam o aparecimento da intolerância à lactose, como doença celíaca, doença de Crohn, infecções intestinais, enterite por radioterapia ou quimioterapia, entre outras.

Diagnóstico

Antes de partir para o exame que pode detectar a intolerância – e seu nível -, o médico responsável precisa descarar a possibilidade de outros problemas gastrointestinais. Diversas questões, como a síndrome do intestino irritável e a doença celíaca, como pontuada por Michelle, podem desencadear uma intolerância transitória, ou seja, não um problema clínico permanente.

Ao analisar o histórico do paciente, o profissional pode, inicialmente, retirar os laticínios durante um período e, após sua reinserção, checar se houve melhora ou piora nos sintomas. Também há a possibilidade de investigar a intolerância à lactose por meio de um exame de sangue, em que a primeira coleta é feita em jejum e as demais após a ingestão de uma dose concentrada de lactose. Nesse caso, se os níveis de açúcar no sangue não se alterarem, há um forte indício de intolerância.

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Intolerância à lactose tem cura?

Por fim, a nutróloga pontua que a melhora ou cura da intolerância clínica à lactose nos adultos não acontece com o passar do tempo, exceto se for transitória. “Se o paciente seguir uma orientação alimentar correta há a melhora dos sintomas, mas não da intolerância em si. Já a piora da intolerância, dos sintomas e sinais clínicos podem ocorrer no decorrer dos anos”.

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