Dia 20 de outubro é o Dia Mundial de Combate à Osteoporose. Doença silenciosa e que raramente apresenta sintomas, a osteoporose se dá pela diminuição de massa óssea, com maior chance de fratura, muitas vezes resultando em dor e incapacidade prolongada.
Segundo dados da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO), estima-se que aproximadamente 10 milhões de pessoas tenham osteoporose no Brasil; 25% das mulheres na fase pós-menopausa têm osteoporose e um 1/6 dos homens com mais de 70 anos possuem a doença.
Um estudo de 2012 mostra que em Curitiba, aproximadamente 70% de mulheres na pós-menopausa tinham níveis de vitamina D não adequados; desses, 25% eram níveis compatíveis com deficiência. Não há dados, até o momento, sobre o número de homens com deficiência em vitamina D na capital paranaense.
A endocrinologista membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – regional Paraná (SBEM-PR) e vice-presidente da ABRASSO, Carolina Aguiar Moreira, lembrou que o baixo consumo de cálcio é uma preocupação constante dos especialistas quando o assunto é a osteoporose. “O cálcio é um importante mineral que deve estar sempre presente na alimentação. A maior fonte de cálcio entre os alimentos é o leite e seus derivados, favorecendo uma melhor saúde óssea”, explicou a especialista.
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Funções do cálcio
Uma das mais importantes funções do cálcio no organismo é compor a estrutura do esqueleto, que fica forte e resistente. Segundo a médica, a prevenção da osteoporose começa na infância. “A recomendação é que crianças e adolescentes tenham uma ingestão adequada de cálcio, em torno de 700 mg para a criança e 1300 mg para o adolescente, que é o período de formação do pico de massa óssea, ou seja, a maior quantidade de osso que nós adquirimos na vida. Então, é importante que a alimentação neste período seja rica em cálcio, pois o paciente estará formando um bom pico de massa óssea e contribuindo para a prevenção da osteoporose no futuro”, ressaltou a médica.
Mulheres são as mais afetadas
Segundo a especialista, o estrogênio é um hormônio que quase desaparece na pós-menopausa e por estar ligado à manutenção da massa óssea, as mulheres se fragilizam mais do que os homens quando o assunto é a osteoporose. Além disso, a geometria e volume ósseos são mais favoráveis aos homens que geralmente possuem ossos maiores e com a camada cortical mais espessa.
“A fase da pós-menopausa é um período crítico para que haja a perda da massa óssea, portanto a avaliação médica neste período pode detectar os indivíduos que já têm o problema ou estão numa faixa de maior risco. A fratura por baixo impacto faz o diagnóstico de maneira definitiva. Quando o paciente tem uma fratura, o risco de se ter uma segunda fratura aumenta, por isso temos que prevenir. Caso ela ocorra, já temos que tratá-la porque a chance de termos um novo episódio se não tratarmos é muito grande”, acrescenta a endócrino.
A osteoporose é uma doença sistêmica, que acomete o esqueleto inteiro. Os locais mais acometidos pelas fraturas osteoporóticas são punho, coluna vertebral e o fêmur.
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Importância da vitamina D
A vitamina D é fundamental para nossa saúde pois promove a absorção de cálcio, em especial para o fortalecimento ósseo. Mas como ela não está presente na maioria dos alimentos, a dica é obtê-la através da exposição ao sol ou, quando isso não for possível, através de suplementos vitamínicos. No entanto, a reposição de cálcio por meio das vitaminas deve ser feita apenas com indicação médica, e personalizada de acordo com a necessidade de cada paciente.
“Vale lembrar que as doses de vitamina D, quando suplementadas, devem ser seguras e com orientação médica, pois o excesso de vitamina D leva a um quadro de intoxicação, provocando a hipercalcemia (quando a quantidade de cálcio no sangue é maior do que o normal)”, explicou Carolina.
Sol: fonte de vitamina D
A exposição solar é a principal fonte de produção da vitamina, pois os raios ultravioletas do tipo B (UVB) são capazes de ativar a síntese desta substância. Por isso, é necessário se expor ao sol diariamente para a síntese adequada da vitamina D. “O ideal é se expor ao sol diariamente, em torno de 15min, para termos os benefícios da vitamina. Uma exposição média de 6% do corpo, que seria a perna, o antebraço, por exemplo, já é o suficiente para estimular a pele a sintetizar a vitamina D. Lembrando que existem barreiras que podem diminuir a síntese de vitamina D, como o filtro solar, roupas e outras barreiras físicas”, lembrou a especialista.
E se não posso tomar sol?
Caso o paciente não possa tomar sol, ou trabalhe em ambiente fechado, sem muito tempo para sair e se expor ao sol, o ideal é fazer a suplementação da vitamina D. “O ideal é dosar a vitamina D para saber qual o valor/dose que deve ser suplementado. Se não tiver a possibilidade de dosar, existe uma sugestão de dose de 1.000 a 2.000 unidades por dia de vitamina D, dose segura que está dentro da necessidade diária”, resumiu a endócrino.
Para quem mora em Curitiba, o problema pode ser ainda maior. Uma pesquisa feita pela Embratur, em 2013, mostrou que Curitiba tem menos dias de sol em comparação a outras capitais mundiais, como Berlim, Praga e Nova Iorque. Outro estudo realizado em seis capitais brasileiras demonstrou que Curitiba e Porto Alegre apresentaram maior prevalência de hipovitaminose D em relação às demais.
“Por isso, é importante manter os exames em dia e consultar sempre um endocrinologista, que poderá avaliar os níveis de vitamina D e, se necessário, indicar a suplementação. Assim, conseguimos evitar a osteoporose e oferecer ao paciente uma qualidade de vida melhor”, ressaltou Carolina.
Dicas para ter ossos saudáveis
A International Osteoporosis Foundation (IOF) também dá dicas importantes para se ter ossos saudáveis. Mesmo para aqueles pacientes que não tenham fator de risco é fundamental tomar medidas para melhorar sua saúde óssea, optando por hábitos de vida saudáveis no dia a dia.
– Praticar exercícios regulares de levantamento de peso e fortalecimento muscular;
– Ter uma alimentação saudável, rica em cálcio e proteína, além da ingestão correta de vitamina D e exposição solar segura para uma boa absorção. Caso tenha mais de 60 anos – e depois de uma avaliação médica, fazer a suplementação de vitamina D;
– Evitar fumar e consumir álcool em excesso.
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