Vilão? Colesterol alto pode prejudicar a saúde

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) está realizando uma campanha nas redes sociais com o tema “Mitos e Verdades sobre o Colesterol”, que busca desmistificar as várias lendas sobre o colesterol e esclarecer dúvidas recorrentes sobre o assunto. Será que o colesterol é o vilão? Ele é necessário ao organismo, mas o colesterol alto pode prejudicar a saúde, de acordo com fontes médicas.

A ação de esclarecimento é enfatizada pelo Dia Nacional de Combate ao Colesterol, lembrado em 08 de agosto.

Em pequenas quantidades, o colesterol é um tipo de gordura saudável e necessária ao organismo. Entretanto, em níveis altos no sangue e sob determinadas condições (diabetes, hipertensão, obesidade e fumo), o excesso de colesterol pode ser perigoso e se depositar na parede das artérias, causando a aterosclerose (acúmulo de gorduras, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias). Esse processo pode começar desde a infância. Quando não controlado, pode levar a terríveis complicações como o infarto do miocárdio e o AVC.

“O colesterol é produzido pelo fígado e está em praticamente todas as células do organismo. Ele é utilizado para a produção de hormônios esteroides, vitamina D, bile e formação de membranas celulares. O problema está relacionado aos níveis elevados de colesterol no sangue, que são muito prejudiciais à saúde”, explicou a endocrinologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de endocrinologia e Metabologia – regional PR, Maria Augusta Karas Zella.

Colesterol alto pode prejudicar a saúde

A Organização Mundial da Saúde aponta as doenças cardiovasculares como a principal causa de morte no mundo. Neste ano, até o dia 5 de agostom foram mais de 240 mil mortes por doenças cardiovasculares no Brasil. No Paraná, em 2019, foram pouco mais de 22 mil óbitos pela doença (dados do Cardiômetro, indicador do número de mortes por doenças cardiovasculares no país, criado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia).

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Tipos de colesterol

Há vários tipos de colesterol, mas os mais conhecidos são o HDL (o colesterol ‘bom’) e o LDL (conhecido como o colesterol ‘ruim’). Segundo a médica endocrinologista, o fundamental é manter os níveis de colesterol sob controle, mas ela lembra que ter o LDL normal não é suficiente.

“O perfil lipídico (triglicerídeos, colesterol total e frações) deve ser avaliado como um todo. Um dos tipos mais agressivos de dislipidemia, encontrado com frequência em indivíduos com diabetes, é composto de níveis de triglicerídeos altos e o HDL-colesterol abaixo do recomendado”, lembra Maria Augusta.

O exame de perfil lipídico deve ser realizado na infância e na vida adulta, mesmo em pessoas sem sintomas. A frequência de realização e os níveis ideais variam para cada pessoa e deverão ser indicados pelo médico.

Existe sintoma para colesterol alto?

O paciente que tem colesterol alto não apresenta sintomas. No entanto, quando os níveis são bastante elevados, é possível observar alguns sinais clínicos como arco córneo (semelhante em seu aspecto ao arco senil, em volta da córnea), xantelasmas (depósitos amarelos de gordura ao redor dos olhos) e xantomas (lesões de gordura que podem surgir em qualquer parte do corpo, mais comuns em joelhos, pés, mãos, tendões). Quando a aterosclerose está avançada, o paciente pode ter dor no peito ou infarto.

Como controlar o colesterol alto?

A principal causa do colesterol alto é a alimentação rica em gorduras, o excesso de peso e o sedentarismo. No entanto, o excesso de colesterol também pode ocorrer por fatores genéticos.

“A dislipidemia (presença de níveis elevados de gordura no sangue) pode ter origem genética. É o que chamamos de hipercolesterolemia familiar (HF), e raramente pode ser tratada apenas com mudança no estilo devida, já que vários genes já foram associados à condição”, lembra a médica.

Em pessoas com poucos fatores de risco, o colesterol pode ser controlado com dieta, mas em indivíduos com maior risco cardiovascular, recomenda-se a associação de medicações. “Se houver um descontrole, um problema hereditário ou qualquer outra causa que aumente o colesterol ruim (LDL) e diminua o colesterol bom (HDL), isso pode ocasionar doenças cardiovasculares, resultando na obstrução das artérias do coração e de todo o organismo, a chamada aterosclerose”, lembra Maria Augusta.

No geral, o mais importante para a saúde do coração é evitar o consumo excessivo de gordura saturada (carne vermelha, frituras) e gordura trans (bolacha recheada, sorvetes), ter um estilo de vida saudável (fazer exercício físico, não fumar) e evitar o ganho de peso. Outra dica é apostar em alimentos ricos em ômega-3 (salmão, atum, anchovas, sardinha) para a boa saúde do coração.

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p class=”ql-align-center”>Atividade física influencia no colesterol (Foto: Pixabay)

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Tratamento para o colesterol alto

Em geral, o tratamento para pacientes com níveis elevados de colesterol se dá através de medicações (as estatinas são as mais usadas). O tratamento do colesterol deve ser preventivo e para a vida toda. O objetivo é reduzir o risco cardiovascular.

Outro ponto importante é lembrar que o estilo de vida é muito importante na redução do risco de infarto e AVC. Evitar o sedentarismo, o consumo de alimentos com gordura saturada e ficar longe do cigarro são medidas importantes a serem seguidas. Os alimentos que mais aumentam o colesterol são a gema dos ovos, o bacon, a pele da carne das aves, a manteiga, o creme de leite, a nata, as frituras, as salsichas, e embutidos e a carnes.

Colesterol alto é fator de risco para o coronavírus?

O colesterol desempenha um papel fundamental na doença cardiovascular. Quando o paciente está com os níveis alterados de colesterol ruim, há um aumento da aterosclerose, ou seja, esse entupimento das veias pode acarretar problemas cardíacos e problemas cerebrais. Logo, quanto maior for o nível de colesterol ruim, maiores são as chances de o paciente desenvolver um infarto ou AVC.

De acordo com Maria Augusta, em tempos de pandemia e da necessidade de isolamento social, é fundamental cuidarmos da saúde, tentando manter a prática de atividade física com os devidos cuidados e investir numa alimentação de qualidade.

“O nível elevado de gordura saturada no sangue pode levar a comorbidades, como a aterosclerose, que agravariam as condições de pacientes com Covid-19. Muitos ainda estão em casa, trabalhando no regime home-office, e com isso acabam se descuidando da alimentação e optando por refeições mais calóricas e gordurosas. Deixar o tratamento do colesterol de lado no momento de isolamento social tem aumentado o número de infarto e AVC, e parar a medicação do colesterol é um risco neste momento. Alguns trabalhos já sinalizam que as medicações do colesterol não pioram a resposta à infecção da Covid. Ao contrário, especula-se melhora do estado inflamatório. A melhora desse estado inflamatório é um dos efeitos vistos com essas medicações”, esclareceu a endócrino.

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